País andino se torna a terceira nação sul-americana a utilizar o yuan chinês para liquidação comercial, a Argentina e o Brasil já haviam iniciado o uso do yuan em suas liquidações comerciais.
Em meio a uma acelerada onda de desdolarização em todo o mundo, a Bolívia se tornou a terceira nação sul-americana a utilizar o yuan chinês para liquidação comercial, e o governo boliviano está buscando a abertura de bancos chineses no país o mais breve possível, de acordo com relatos da mídia, segundo reportagem do Global Times.
O Ministro da Economia boliviano, Marcelo Montenegro, afirmou em coletiva de imprensa que o país já está utilizando o yuan e que “é uma realidade e um bom começo”, conforme relatou a revista Times na sexta-feira. “Exportadores de banana, zinco e produtos de madeira estão realizando transações em yuan, assim como importadores de veículos e bens de capital”, disse Montenegro.
A Bolívia realizou operações financeiras no valor de 278 milhões de yuan (38,7 milhões de dólares) de maio a julho, o que representa 10% do comércio exterior da Bolívia durante o período, de acordo com Montenegro.
Antes da Bolívia, a Argentina e o Brasil já haviam iniciado o uso do yuan em suas liquidações comerciais. Em abril, a Argentina anunciou planos para utilizar a moeda chinesa yuan para pagar por bens importados da China; enquanto o Brasil assinou um memorando de cooperação com a China em fevereiro para estabelecer acordos de compensação em yuan no Brasil.
“A habilitação de contas em yuan no sistema bancário argentino pelo banco central é um grande avanço na redução dos custos de câmbio, na promoção da eficiência financeira e na diversificação de moedas”, disse Sabino Vaca Narvaja, embaixador argentino na China, em uma entrevista exclusiva por escrito ao Global Times em junho.
“Cada vez mais países têm recorrido ao yuan chinês para a liquidação comercial, e esse fenômeno se tornará cada vez mais comum”, disse Xi Junyang, professor da Universidade de Finanças e Economia de Xangai, ao Global Times no sábado.
A China tem sido o maior país comercial do mundo, o que gera uma enorme demanda para a liquidação em yuan. A nação vem expandindo a abertura de suas atividades financeiras e as taxas de câmbio do yuan chinês têm sido relativamente estáveis em comparação com outras moedas principais, segundo Xi.
Ao mesmo tempo, um número crescente de países tem percebido a importância de buscar um sistema monetário internacional mais diversificado, à medida que os EUA continuam a usar sua moeda como arma, especialmente após a crise na Ucrânia, observou Xi.
Especialistas chineses afirmam que, sob o ciclo agressivo de aumento das taxas de juros do Federal Reserve dos EUA, muitos países em desenvolvimento têm enfrentado uma crescente pressão de saída de capital, desvalorização de moedas e aumento dos custos de serviço da dívida.
Desde fevereiro, a Bolívia enfrenta escassez de dólares, o que tem afetado gravemente a economia do país, de acordo com relatos da mídia.
Durante uma reunião com o embaixador chinês na Bolívia, Huang Yazhong, em 20 de julho, o Governador do Banco Central da Bolívia, Edwin Rojas Ulo, afirmou que o setor financeiro é uma parte integrante da colaboração China-Bolívia na promoção da Iniciativa Belt and Road, conforme uma declaração publicada pela Embaixada Chinesa na Bolívia.
O banco central da Bolívia continuará a manter uma forte cooperação com instituições financeiras chinesas para promover o desenvolvimento saudável do comércio e do investimento entre os dois países, disse o governador.
A China é o segundo maior parceiro comercial da Bolívia e sua principal fonte de importações. A cooperação bilateral entre a China e a Bolívia abrange diversos setores, incluindo infraestrutura, aeroespacial, tecnologia da informação, desenvolvimento de petróleo e gás, relatam as notícias.
No primeiro semestre do ano, o comércio bilateral entre a China e a Bolívia totalizou 8,42 bilhões de yuan, um aumento impressionante de 77,4% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Administração Geral das Alfândegas da China.
O yuan se tornou a quinta maior moeda de pagamento do mundo, a terceira maior moeda de financiamento comercial e a quinta maior moeda de reserva internacional.
FONTE
https://www.brasil247.com/economia/desdolarizacao-avanca-e-bolivia-passa-a-adotar-o-yuan-no-seu-comercio-exterior