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Lula e Índia agora aceitam a expansão do Brics

Lula e Índia agora aceitam a expansão do Brics

A pressão da China continua para que o grupo dos emergentes anuncie decisão na cúpula na África do Sul.

A Índia, que era o maior opositor à expansão do Brics (Brasil, Russia, India, China e Africa do Sul), capitulou às pressões e agora indica em negociações no grupo que aceita a entrada de novos membros, conforme a coluna apurou.

A China já há um bom tempo insiste para o Brics ter mais membros. Pequim visivelmente vê a ampliação como uma coalizão de países em torno do polo chinês para contrapor-se à coesão do G7 (EUA, Alemanha, Japão, França, Reino Unido, Canadá, Itália e também a União Europeia) que tenta frear as ambições mundiais da China e diz alvejar regimes autoritários.

A Índia, e o Brasil de forma mais moderada, reagiam, achando que isso poderia diminuir seu espaço. Mas o discurso em Brasília e Nova Délhi está sendo ajustado, à medida em que as negociações prosseguem no grupo.

No caso da Índia, a capitulação do governo de Narendra Modi, pela expansão, ocorre até por outras considerações políticas, como a disputa de influência no Oriente Médio, na interpretação de conhecedores da situação indiana. A China se tornou mais relevante na região, com a retração americana e a mediação de Pequim pela aproximação entre o Irã e a Arábia Saudita. E a India não quer perder espaço na região.

Não é à toa que a mudança de posição do governo de Modi, agora mais favorável a novos sócios no Brics, ocorreu depois de telefonema do líder da Arabia Saudita, o príncipe Mohammed bin Salman, a Modi, recentemente.

De seu lado, como o Valor publicou, em conversa com jornalistas estrangeiros, na quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula defendeu que Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Argentina sejam integrados ao grupo.

“Possivelmente, nessa reunião (a cúpula do Brics), já podemos decidir consensualmente quais novos países podem se juntar ao Brics’, afirmou Lula. ‘Sou da opinião que quantos países quiserem entrar, se estiverem a cumprir as regras que estamos a estabelecer, aceitaremos a entrada dos países.”

O Brasil insistirá em definição de critérios e princípios para entrada no grupo, nas discussões que continuam ocorrendo.

Haverá muita pressão para que uma decisão final sobre ampliar o grupo ocorra no retiro dos presidentes. Retiro é onde Lula e os outros líderes terão o ‘constrangimento’ de estarem sós. Em meio a bajulação ou veladas ameaças ou ambos, pode ocorrer um movimento para a cúpula fechar um pacote.

Cerca de 20 países já pediram para entrar no Brics, incluindo a Argentina, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Indonésia, Irã e Venezuela.

FONTE:

https://valor.globo.com/opiniao/assis-moreira/coluna/lula-e-india-agora-aceitam-a-expansao-do-brics.ghtml