O foco das operações de alto impacto permanece nas facções de tráfico, enquanto o crescimento territorial das milícias continua avançando no estado.
Uma nova e trágica marca foi cravada na história do Rio de Janeiro nesta terça-feira, 28 de outubro de 2025. Uma megaoperação policial contra o Comando Vermelho nos subúrbios do Norte do Rio resultou em pelo menos 64 mortes, tornando-se a operação mais letal da história do estado.
Quatro policiais estão entre os mortos durante a chamada Operação Contenção nos complexos do Alemão e da Penha. Cerca de 2.500 agentes de segurança participaram da ação, que gerou intensos confrontos, barricadas e até uso de drones, transformando a área em uma “zona de guerra”, segundo relatos de moradores.
O Escritório de Direitos Humanos da ONU manifestou-se pedindo investigações “rápidas e eficazes” sobre a operação que vitimou dezenas de pessoas, incluindo civis. A ação ocorre às vésperas da COP30, em Belém, no Norte do país.
A Conexão Alarmante: O Padrão de 2024 se Repete em 2025
A intensidade dessa operação levanta questões urgentes sobre a estratégia de segurança pública do governo Cláudio Castro, especialmente à luz de um estudo que já era amplamente divulgado no ano anterior.
O estudo “Grande Rio sob disputa” (2017-2023), do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF e do Instituto Fogo Cruzado, revelava em 2024 um padrão alarmante de prioridade policial:
A polícia do Grande Rio atua muito mais em áreas de tráfico (40,2% dos confrontos) do que em regiões dominadas por milícias (apenas 4,3% dos confrontos), entre 2017 e 2023.
O coordenador do estudo, Daniel Hirata, apontava que essa desproporção se devia à percepção equivocada da milícia como “mal menor” e à proximidade notória entre milicianos e forças policiais.
O Que a História Nos Mostra:
A tragédia no Alemão e na Penha, áreas históricas de atuação do tráfico, parece confirmar o padrão exposto pelo estudo de 2024: o foco das operações de alto impacto permanece nas facções de tráfico, enquanto o crescimento e a consolidação territorial das milícias (apontado como de menor prioridade nas ações) continuam avançando no estado.
É inaceitável que vidas sejam perdidas nessa escala sem que as políticas de segurança ataquem o problema de forma equilibrada e estratégica, confrontando todas as formas de crime organizado, sem distinção ou complacência.
O clamor por #ForaClaudioCastro e por uma segurança pública que garanta o direito à vida em todas as comunidades se intensifica com cada operação sangrenta que ignora os dados e os alertas da academia e da sociedade civil.
Quer acessar a pesquisa de 2024? https://geni.uff.br/wp-content/uploads/sites/357/2024/06/Relatorio_Mapa_dos_Confrontos_Geni_ALT3.pdf
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
FONTE: https://www.brasil247.com/blog/tragedia-no-rio-de-janeiro-e-o-padrao-ignorado-os-fatos-de-hoje-e-a-revelacao-de-ontem
 
															