Associação Brasileira dos Jornalistas

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A estrutura de empregos do Brasil parou no tempo!

Na armadilha de renda média um país atinge o “ponto de Lewis” e esgota seu estoque ocioso de mão de obra antes de atingir um estágio de sofisticação produtiva minimamente decente. Vale dizer, ocupa seus trabalhadores em atividades de baixa produtividade (especialmente serviços não sofisticados) graças à baixa complexidade de seu sistema. Países mais ricos empregam maior quantidade de pessoas em ocupações de alta produtividade e intensidade tecnológica. Esses empregos estão em INDÚSTRIA e SERVIÇOS EMPRESARIAIS. É tautológico, mas as pessoas não enxergam isso no Brasil. Bob Rowthorn, dentre muitos outros economistas, analisou de maneira interessante o passo a passo do desenvolvimento dos países ou as fases do crescimento econômico que podemos ver claramente no gráfico acima. Num primeiro momento as economias pobres empregam a maioria de seus trabalhadores na agricultura. O progresso se dá num segundo momento pela industrialização, trabalhadores são transferidos dos setores agrícolas de subsistência para manufaturas com produtividade mais elevada (A. Lewis). Parte das pessoas que migram para as cidades não conseguem empregos na manufatura e vão para o setor de serviços não sofisticados (varejo, garçons, atendentes, etc). Se o processo de desenvolvimento avança, novos empregos são criados em manufaturas médium e high tech e serviços sofisticados (finanças, advocacia, marketing, TI, design). A disseminação de empregos em setores de manufatura high tech e serviços sofisticados, de alta produtividade, puxam para cima também os salários dos outros setores (além dos salários desses setores, Baumol, Balassa e Samuelson). Alguns países não conseguem chegar nesse estágio e ficam presos na armadilha de renda média, com indústrias low tech e serviços de baixa complexidade (Brasil). O gráfico abaixo mostra dados de % de empregos para 40 países no mundo em termos de participação de empregos com alta intensidade tecnológica e renda per capita para alguns anos. Os países ricos a direita se caracterizam por ter um grande setor de serviços sofisticados e manufaturas médium e high tech com alta intensidade tecnológica. Os pobres à esquerda (em termos de renda per capita) tem enorme contingente da população ainda empregada na agropecuária. O setor manufatureiro emprega muita gente nos pobres e ricos. A grande maioria dos empregos de qualquer economia está no setor de serviços não sofisticados.

FONTE: https://www.paulogala.com.br/a-estrutura-de-empregos-do-brasil-parou-no-tempo/