A Globo perde sua hegemonia, mas ainda continua moldando a política brasileira, agora com a estratégia da ‘terceira via’ e uma postura mais flexível.
O conglomerado Globo já não tem a mesma hegemonia sobre a opinião pública que tinha, muito por conta da explosão e diversidade dos streamings no formato de noticiários e opiniões políticas e culturais.
A Globo foi porta-voz da ditadura nos anos entre 1964 e 1985. Os editoriais do jornal O Globo eram quarteladas que traziam instruções diretas nas entrelinhas, ordens de comando, um verdadeiro glossário militar.
Desde a redemocratização, a Globo segue apoiando o sistema financeiro, o mercado e as elites. Nas eleições de 1989, montaram a farsa no debate do segundo turno, que favoreceu Collor contra Lula.
Com o desastre do governo do “caçador de marajás”, Itamar Franco, vice de Collor, assumiu a presidência em 1992, após o impeachment.
Itamar não era, digamos, o nome de interesse da ‘fidalguia brasileira’ para a reeleição. Porém, havia o monstro da hiperinflação, e seria necessário adotar uma nova moeda para combatê-la e, principalmente, alçar alguém como candidato para derrotar Lula.
Seria preciso alguém de origem nobre e intelectual, além de uma imagem de “dandy”, um homem de hábitos e gostos sofisticados e elegantes. Dessa busca, surge o “Príncipe” Fernando Henrique Cardoso, nomeado Ministro da Fazenda, sob os auspícios da Globo.
Em 1994, surge o Real, plano idealizado e desenvolvido por uma equipe de economistas renomados, como André Lara Resende, Edmar Bacha, Pedro Malan e Persio Arida, que elegeu FHC no primeiro turno.
Desde então, a Globo distorce fatos, apoia golpes, operações de caça às bruxas, propaga lawfare, cria ídolos, interfere, indiretamente, nas eleições. E, assim, chegamos ao caos em 2018, com a eleição de Bolsonaro.
Com a destruição social, política e econômica causada pelo governo de Jair Bolsonaro, a Globo, que, até então, era a ‘Globolixo’ da esquerda, passou a ser também da extrema-direita.
O pessoal da Globo e seus representados não querem Lula, muito menos Bolsonaro. A estratégia do grupo dos Marinhos é a propalada ‘terceira via’, que parece atender pelo nome de Tarcísio de Freitas, governador do Estado de São Paulo.
Aquela velha Globo, que a gente expulsava do sindicato dos bancários, aos gritos de “O povo não é bobo, abaixo a rede Globo”, já não reina absoluta, apesar de continuar poderosa.
Hoje, a política da empresa distribui melhor as opiniões, e as pautas são menos desequilibradas a favor do capital. Os tempos mudaram, a internet reduziu o impacto das vozes do Jornal Nacional e as linhas das colunas do jornal O Globo.
É comum ler, nas páginas de um jornal online de esquerda, comentários favoráveis sobre o governo Lula, partindo de um articulista da Globo. Impossível imaginar isso no passado.
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FONTE: https://www.brasil247.com/blog/a-globo-no-contexto-atual#google_vignette