Associação Brasileira dos Jornalistas

Seja um associado da ABJ. Há 12 anos lutando pelos jornalistas

A INFLUÊNCIA DECISIVA DOS EUA

Nas últimas semanas, os principais veículos de comunicação progressistas têm dado destaque crescente ao conflito russo-ucraniano, apresentando uma abordagem mais “simpática” e realista sobre a Rússia e suas ações na Ucrânia.

Desde a presidência de Donald Trump, que começou a ouvir o lado russo, as críticas ao governo do ditador Volodymyr Zelensky tornaram-se mais incisivas e mordazes. Com isso, o fluxo de informações aumentou, assim como as manchetes sensacionalistas.

Por Daniel Spirin Reynaldo

Recentemente, dois exemplos desse sensacionalismo chamaram a atenção. Um dos sites de esquerda anunciou “o maior bombardeio russo desde o início da guerra contra a Ucrânia”. Em outro, mais voltado para cliques do que para informações precisas, afirmaram que “a Ucrânia atacou o helicóptero de Putin”.

Embora ambas as notícias contenham elementos verdadeiros, a construção narrativa é enganosa. Para quem acompanha o conflito desde 2022, é evidente que cada bombardeio russo contra alvos estratégicos e militares em Kiev é mais intenso que o anterior. Isso se deve ao esgotamento das defesas aéreas ucranianas e à maior precisão dos ataques russos ao longo dos anos. Quanto ao “atentado” contra a aeronave de Putin, a situação é ainda mais curiosa. Embora tenha havido um grande número de drones direcionados a Kursk no dia em que Putin visitava a localidade, esses drones (46 ao todo) foram abatidos a quilômetros de distância do possível “alvo presidencial”. Além disso, diariamente, as Forças Armadas da Ucrânia lançam dezenas de drones que tentam cruzar a fronteira da Novorossiya. Assim, esses dois eventos são, na verdade, parte da rotina de guerra que se estende não apenas desde 2022, mas desde 2014, quando forças neonazistas assumiram o poder na Ucrânia.

Nos próximos dias, é provável que testemunhemos uma onda sem precedentes de manchetes sobre o conflito na Ucrânia, resultado da mudança na abordagem dos Estados Unidos em relação ao contexto russo.

Queiramos ou não, a influência estadunidense ainda molda o noticiário brasileiro, tanto à esquerda quanto à direita.

FOTO: Dietmar Rabich / Wikimedia Commons / “New York City (New York, USA), Wall Street — 2012 — 6614” / CC BY-SA 4.0

FONTE: https://www.facebook.com/daniel.omettalspirin