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A QUESTÃO DO MISSEL TAURUS ALEMÃO E O ALTO RISCO DE INICIO DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL

A recente decisão da Alemanha de liberar o uso ilimitado dos mísseis de longo alcance Taurus pela Ucrânia contra alvos no território russo representa uma mudança significativa na postura de Berlim e tem implicações geopolíticas e militares profundas, que aumentam o risco de escalada do conflito e até de um possível início de uma guerra em escala maior.

O que são os mísseis Taurus?

O Taurus KEPD 350 é um míssil de cruzeiro lançado do ar, desenvolvido em parceria entre Alemanha e Suécia, e utilizado pelas forças armadas alemãs, espanholas e sul-coreanas. Ele tem cerca de 5 metros de comprimento, pesa 1.360 kg, e sua ogiva é especialmente projetada para penetrar bunkers e estruturas fortificadas, graças a uma carga moldada que abre caminho para um penetrador metálico de 400 kg antes da explosão principal. O míssil voa a uma velocidade de até 1.170 km/h, a uma altitude muito baixa (cerca de 35 metros), o que dificulta sua detecção por radares inimigos. Seu alcance é de até 500 km, permitindo atingir alvos a grande distância sem que os aviões precisem entrar em espaço aéreo inimigo.

Implicações do alcance e alvos possíveis

Com um alcance de 500 km, o Taurus pode atingir alvos em Moscou, que fica a cerca de 480 km da fronteira ucraniana, o que representa uma escalada direta no conflito, pois permite ataques dentro do território russo. Até então, o uso de mísseis ocidentais de longo alcance pela Ucrânia estava restrito a alvos dentro do próprio território ucraniano, mas a mudança anunciada pelo chanceler alemão Friedrich Merz permite que Kiev atinja posições militares russas, ampliando o poder ofensivo ucraniano e alterando o equilíbrio estratégico.

Operação dos mísseis e envolvimento alemão

Um ponto crítico levantado por autoridades russas é que a operação dos mísseis Taurus não pode ser feita de forma totalmente autônoma pelos militares ucranianos. Embora os soldados ucranianos possam disparar os mísseis, a inserção dos dados de alvo e o controle dependem de suporte técnico e satélites ocidentais, o que implica a presença de especialistas militares alemães em solo ucraniano para operar e orientar o uso desses armamentos. Isso torna a Alemanha um participante direto no conflito e, consequentemente, um alvo legítimo para retaliações russas, segundo declarações do deputado russo Andrey Kartapolov, presidente do Comitê de Defesa da Duma Estatal.

Reação da Rússia e riscos de escalada

A Rússia já classificou a decisão alemã como “muito perigosa” e alertou que o fornecimento e uso dos mísseis Taurus podem comprometer as negociações por um cessar-fogo. O ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, acusou a Alemanha de um “envolvimento direto” no conflito, comparando a postura atual a erros do passado que levaram ao colapso da Alemanha em guerras anteriores. A ameaça russa inclui possíveis ataques ao território alemão, caso militares alemães estejam envolvidos na operação dos mísseis na Ucrânia.

Conclusão

A liberação do uso dos mísseis Taurus pela Alemanha para a Ucrânia, com alcance suficiente para atingir Moscou, marca uma escalada significativa no conflito Rússia-Ucrânia. A necessidade de apoio técnico alemão para operar esses mísseis torna a Alemanha um ator militar direto no conflito, aumentando o risco de retaliações russas contra o território alemão e, potencialmente, elevando o conflito a uma escala que pode desencadear uma crise internacional maior, com o risco de uma terceira guerra mundial. Essa decisão reflete uma mudança estratégica dos aliados ocidentais, mas traz consigo o perigo de uma escalada descontrolada no confronto.

FOTO: axesofevil2000

FONTE: Agência de Notícias ABJ – Associação Brasileira dos Jornalistas

( Reprodução autorizada mediante citação da fonte: Agência de Notícias ABJ – Associação Brasileira dos Jornalistas )