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Ameaça de guerra dos EUA contra a Venezuela reaviva estratégia imperialista na América Latina

Agressão à Venezuela expõe risco de desestabilização regional, escreve editor internacional do Brasil 247.

Os Estados Unidos estão promovendo um agressivo cerco militar contra a Venezuela e intensificando as ameaças de intervenção. Navios de guerra foram deslocados para o Caribe sob a justificativa de “combate ao narcotráfico”, mas na prática configurando um bloqueio militar de intimidação. Durante essas operações, barcos pesqueiros venezuelanos chegaram a ser atacados e seus tripulantes assassinados, numa clara violação do direito internacional e da soberania do país.

Por José Reinaldo Carvalho

Washington não apenas reforçou sua frota de belonaves na região, como também o presidente Donald Trump autorizou operações de espionagem e ações da CIA em território venezuelano, incluindo planos de captura do presidente Nicolás Maduro. Planos macabros que podem incluir uma intentona de magnicídio. Elevou-se o risco de invasão militar e da realização de bombardeios, numa escalada agressiva que expõe a verdadeira natureza da política externa estadunidense.

A lógica da dominação imperialista

Esta ofensiva faz parte de uma longa tradição de intervenção dos Estados Unidos na América Latina, com o objetivo de controlar governos e subjugar povos a seus interesses econômicos e geopolíticos. O bloqueio a Cuba, as sucessivas ingerências em países da América Central e do Sul, bem como o apoio a golpes de Estado em diferentes períodos históricos são exemplos de uma estratégia contínua de dominação.

O caso da Venezuela, rica em petróleo e recursos naturais estratégicos, é emblemático. Ao tentar sufocar o país por meio de sanções econômicas, operações militares e ameaças de invasão, os EUA reafirmam seu projeto imperialista de manter a região sob dominação. Trata-se de um ataque não apenas à Venezuela, mas à autodeterminação de todos os povos latino-americanos.

A resistência venezuelana 

Diante desse cenário hostil, o governo de Nicolás Maduro adotou medidas políticas, diplomáticas e militares para enfrentar a ofensiva norte-americana. No plano internacional, buscou alianças estratégicas com países como Rússia, China e Irã, fortalecendo a cooperação multipolar e enfraquecendo a lógica unilateral de Washington. Em nível regional, manteve diálogo com nações vizinhas e reafirmou o compromisso com mecanismos como a Celac e a Alba, que defendem a integração e a soberania latino-americana.

A ofensiva estadunidense contra Caracas já levou a Venezuela a denunciar a ameaça no Conselho de Segurança da ONU. O embaixador venezuelano, Samuel Moncada, alertou que a Casa Branca estaria planejando uma ação militar “no curto prazo”. Em resposta, o governo Maduro anunciou a Operação Independência 200, mobilizando forças para garantir a soberania nacional frente a qualquer incursão externa.

No campo militar, a Venezuela reforçou sua defesa territorial e treinou sua população em milícias populares, demonstrando que está preparada para resistir a qualquer tentativa de agressão estrangeira. Essas medidas reforçam o comando do presidente Maduro, consolidam a soberania do país, e enviam uma mensagem clara de que o imperialismo enfrentará dificuldades para concretizar seus planos.

União dos povos latino-americanos

O cerco à Venezuela é um alerta para todos os países da região. Hoje, é Caracas o alvo principal, mas a história mostra que o imperialismo estadunidense não hesita em atacar qualquer nação que desafie seus interesses. Por isso, a resposta precisa ser coletiva. A união dos povos latino-americanos é a única forma de resistir às investidas de Washington e garantir um futuro de soberania, justiça social e dignidade.

A ofensiva contra a Venezuela é parte de um projeto maior de recolonização do continente. Frente a esse desafio, é fundamental fortalecer a integração regional, apoiar a resistência venezuelana e reafirmar a luta contra o imperialismo. Afinal, como ensina a própria história da América Latina, só a unidade pode vencer a opressão externa.

Brasil e Venezuela 

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou sua posição contrária a qualquer forma de agressão contra a Venezuela.

Celso Amorim, ex-chanceler e atual assessor especial da Presidência da Republica para Assuntos Internacionais, afirmou que o Brasil continuará fiel à tradição diplomática baseada no princípio da não intervenção. “O Brasil é contra o uso da força e operações secretas; seguimos fielmente a política de não intervenção. Este é um princípio básico do direito internacional”, declarou.

Amorim alertou ainda que seria “inconcebível” um ataque militar ou ações clandestinas contra Caracas, destacando que uma escalada desse tipo “desestabilizaria seriamente toda a América do Sul”. Para o Brasil, é importante a manutenção de canais diplomáticos e a valorização de fóruns regionais como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

“A história mostra que quando o império ultrapassa os limites da diplomacia, o povo paga o preço. O Brasil não será cúmplice de outra guerra no continente”, concluiu Amorim.

Em um cenário de crescente tensão, torna-se evidente a necessidade de uma posição firme do Brasil ao lado da Venezuela para evitar que a América do Sul volte a ser palco de conflitos armados alimentados por potências externas. A proximidade geográfica e a responsabilidade regional colocam o Brasil em um papel-chave: o de liderança na defesa da paz, do diálogo e da autodeterminação dos povos.

A solidariedade com a Venezuela é um dever político e moral do Brasil e corresponde à responsabilidade que o país tem para com a região. Somente com a integração regional, a coesão política e diplomática será possível impedir que a violência substitua a negociação e que a região seja alvo de uma guerra imperialista.

Foto: reprodução / GOP/Fotos Públicas

FONTE: https://www.brasil247.com/blog/ameaca-de-guerra-dos-eua-contra-a-venezuela-reaviva-estrategia-imperialista-na-america-latina