A crise financeira da estatal expõe riscos para a soberania nacional, para o modelo desenvolvimentista e para o futuro da matriz elétrica brasileira.
O pedido de socorro financeiro feito pelo Ministério de Minas e Energia para salvar a Eletronuclear da insolvência não é apenas um problema fiscal. É um alerta sobre como o Brasil vem lidando com seus projetos estratégicos e como a falta de política industrial e energética consistente abre espaço para a captura estrangeira de setores vitais. A crise de Angra 3 mostra que a disputa pela soberania energética do Brasil nunca esteve tão em jogo.
Introdução: o choque do presente
Hoje, 1º de outubro de 2025, o governo brasileiro admite publicamente que a Eletronuclear corre risco de insolvência já em novembro e pede aporte emergencial de capital para impedir um efeito dominó que atinge Angra 3, bancos públicos e privados e a própria arquitetura do setor elétrico. Documentos oficiais falam em uma necessidade imediata de bilhões em caixa, acompanhada de uma operação maior para estender a vida útil de Angra 1; sem isso, vencimentos de curto prazo e cláusulas de cross-default podem ser disparadas, comprometendo toda a cadeia de financiamento. Trata-se da materialização de um risco sistêmico — não apenas contábil, mas estratégico e político.
Ao mesmo tempo, o Conselho Nacional de Política Energética determinou a atualização dos estudos econômico-financeiros para tornar viável a conclusão de Angra 3. O recado é claro: paralisar não é solução. A usina precisa de uma decisão de Estado, fundamentada em números e em estratégia, não em impulsos fiscalistas de curto prazo.
Sob a luz do materialismo histórico-dialético, este não é “um problema técnico de uma estatal”. É um ponto de condensação de forças sociais em disputa: frações do capital financeiro expostas ao projeto; uma Eletrobras privatizada que se desobrigou de aportar recursos no nuclear, mas ainda carrega garantias bilionárias; e um Estado pressionado a escolher entre soberania energética ou submissão a importadores de combustíveis fósseis. A correlação de forças foi alterada ao deslocar os riscos para a União e para a Eletronuclear, decisão que ajuda a explicar a emergência atual.
A narrativa de “obra inviável” e “estatal quebrada” já está sendo preparada como arma política, pronta para justificar captura ou privatização de um setor estratégico por definição: a energia nuclear, que combina produção de base, defesa e tecnologia crítica. Quem controla a base energética controla não só o ritmo do desenvolvimento, mas também o grau de autonomia nacional.
O fato essencial que abre este artigo é direto e duro: ou o Brasil assume os custos de concluir Angra 3 e fortalecer a Eletronuclear como ativo de soberania, ou aceitará um rebaixamento estratégico — mais dependência de térmicas fósseis importadas, maior poder de barganha das tradings de energia e menos densidade tecnológica nacional. A crise de hoje precisa ser lida como um alerta, não para “salvar uma estatal”, mas para preservar uma capacidade de Estado sem a qual não existe política industrial consistente, não existe transição energética soberana e não existe, em essência, projeto de nação.
Angra 3 como espelho do Brasil
A história de Angra 3 é, na prática, a história recente do próprio Brasil. Cada fase da usina nuclear espelha a luta entre projeto nacional de desenvolvimento e submissão colonial ao capital externo. Desde o início, nos anos 1970, Angra 3 carregou consigo um dilema: ou o Brasil consolidaria uma matriz energética diversificada, com domínio da tecnologia nuclear, ou permaneceria preso à dependência de fontes fósseis e importadas.
Durante a ditadura, Angra 3 foi concebida em meio ao acordo nuclear Brasil-Alemanha. Já ali, a disputa era evidente: enquanto setores militares viam a energia nuclear como pilar de soberania e poder de dissuasão, elites econômicas associadas ao rentismo tratavam o projeto como inviável e oneroso. O ciclo de crises dos anos 80 e 90 — com hiperinflação, dívida externa e submissão às diretrizes do FMI — praticamente congelou a obra, reforçando a lógica de que projetos estratégicos eram “luxos” que o Brasil não podia bancar.
Nos anos 2000, com a virada desenvolvimentista, Angra 3 foi retomada como parte de um projeto de reconstrução do Estado como indutor do crescimento. A aposta era clara: expandir a matriz energética, investir em ciência e tecnologia, e demonstrar ao mundo que o Brasil poderia sustentar grandes empreendimentos. Angra 3 passou a simbolizar não apenas uma usina, mas um ato político de afirmação nacional.
A Lava Jato, contudo, atingiu em cheio esse processo. A criminalização generalizada das empreiteiras, o congelamento de contratos e a destruição de cadeias produtivas paralisaram Angra 3 por quase uma década. O golpe jurídico-parlamentar de 2016 e a privatização da Eletrobras, anos depois, completaram o ciclo: a usina ficou sem o apoio financeiro e institucional de que necessitava, e sua sobrevivência foi atirada nos ombros de uma Eletronuclear enfraquecida.
Hoje, a obra inconclusa é o retrato daquilo que o Brasil viveu nos últimos quarenta anos: ciclos de afirmação e destruição, avanços soberanos seguidos de golpes de desestabilização, retomadas interrompidas por campanhas de guerra cultural e operações híbridas. Angra 3 é espelho e metáfora: quando o Brasil ousa afirmar-se, seus projetos estratégicos sofrem ataques coordenados; quando cede, abre-se espaço para dependência e captura externa.
É por isso que a crise atual não pode ser lida como mero problema administrativo ou fiscal. Angra 3 é um campo de batalha simbólico e material da soberania nacional. O destino da usina é, em última instância, o destino da capacidade do Brasil de decidir se terá um projeto autônomo de desenvolvimento ou se será condenado a seguir a cartilha de potências estrangeiras e de seus aliados internos.
O roteiro da Lava Jato se repete
O que hoje se arma em torno de Angra 3 não é novidade. O Brasil já viveu esse filme uma década atrás, quando o pré-sal foi transformado em campo de batalha simbólico e material. A estratégia foi a mesma: construir uma narrativa de corrupção, ineficiência e inviabilidade para deslegitimar um projeto que representava soberania nacional.
Naquele momento, a Lava Jato não foi apenas uma operação judicial; foi uma operação psicológica de guerra híbrida contra o Estado brasileiro. A Petrobras, símbolo da capacidade tecnológica e produtiva do país, foi vilipendiada diante do mundo. Suas parcerias foram rompidas, seus contratos travados, sua engenharia nacional desarticulada. O resultado concreto não foi o “combate à corrupção”, mas a abertura para que petroleiras estrangeiras ocupassem campos estratégicos do pré-sal.
O que se anuncia agora com Angra 3 é uma reedição desse roteiro. A narrativa de que “a Eletronuclear é um buraco negro” ou de que “a obra nunca será concluída” já circula nos bastidores. A crise financeira, real, é amplificada por think tanks e mídia corporativa para induzir a opinião pública a aceitar a mesma solução de sempre: a privatização parcial ou total do setor nuclear. Sob o pretexto de salvar o país de um gasto excessivo, o que se busca é desmontar um ativo central da soberania.
A Lava Jato nos ensinou algo fundamental: quando o campo progressista se omite ou não disputa a narrativa, o inimigo ocupa o espaço. No caso do pré-sal, a incapacidade de transformar a defesa da Petrobras em bandeira popular abriu espaço para que a retórica neoliberal destruísse consensos e legitimasse a entrega. Com Angra 3, a armadilha é a mesma. Se o campo progressista não levantar a bandeira da soberania energética, se limitar a reagir de forma envergonhada ou apenas técnica, perderá novamente a batalha.
É preciso compreender que não está em jogo apenas uma estatal, mas a capacidade do Brasil de manter um projeto nuclear independente, vital para a segurança energética, para a tecnologia de ponta e para a própria defesa nacional. Da mesma forma que o pré-sal significava combustível para a autonomia, Angra 3 significa energia de base e domínio tecnológico de longo prazo.
Repetir os erros de 2015 seria abrir a porta para uma nova década de destruição. Aprender com eles, ao contrário, significa compreender que a disputa é antes de tudo narrativa: quem controla o significado de Angra 3, controla o destino da soberania brasileira.
O campo progressista diante da armadilha
O campo progressista brasileiro encontra-se, mais uma vez, diante de uma encruzilhada. A crise da Eletronuclear e de Angra 3 não é apenas técnica ou fiscal; é uma armadilha narrativa cuidadosamente preparada. Se os setores populares e desenvolvimentistas hesitarem em defender o projeto nuclear como questão de soberania, a direita e o mercado ocuparão o espaço com seu enredo pronto: o de que “o Estado é incapaz”, “a estatal é um ralo de dinheiro” e “a solução natural é privatizar”.
Esse discurso já se encontra em incubação. Colunistas, analistas de mercado e think tanks repetem a fórmula que funcionou na Lava Jato: transformar a incapacidade momentânea de financiamento em prova de inviabilidade estrutural. A crise, real e concreta, é usada para reforçar a ideologia da dependência, em que projetos estratégicos do Estado são sempre considerados um peso morto, enquanto a “eficiência” privada é pintada como solução mágica.
O perigo é que parte do próprio campo progressista, traumatizado pelas narrativas de “gastança” e “rombo fiscal”, caia na tentação de se manter em silêncio ou de tratar Angra 3 como um fardo. Esse silêncio seria fatal. Foi ele que, em 2015, permitiu que a Lava Jato ditasse o sentido da Petrobras, transformando um patrimônio nacional em símbolo de corrupção. Foi ele que abriu a avenida para a entrega de campos do pré-sal a multinacionais. Repetir esse erro hoje seria permitir que o setor nuclear, estratégico por excelência, seja jogado na mesma vala comum.
Defender Angra 3 não significa fechar os olhos para erros de gestão, atrasos ou sobrecustos. Significa compreender que os custos de concluir a usina são infinitamente menores que os custos de abandoná-la. O abandono implicaria não apenas perda financeira, mas destruição de uma cadeia tecnológica nacional, paralisia de projetos de defesa como o submarino nuclear e submissão à lógica de importação de energia fóssil. Cada megawatt perdido em Angra 3 será compensado por mais dependência de carvão e gás importado, ou seja, por mais vulnerabilidade estratégica.
O campo progressista precisa compreender que a luta pela soberania nunca se faz sem ônus imediato. Toda política industrial exige investimentos pesados, riscos assumidos pelo Estado e capacidade de mobilizar a sociedade em defesa de um objetivo maior. Tratar Angra 3 como uma questão meramente contábil é abandonar o horizonte histórico da emancipação nacional.
O verdadeiro desafio, portanto, é transformar a defesa de Angra 3 em bandeira popular. Não basta defendê-la em gabinetes técnicos. É preciso comunicar à população que a energia nuclear significa estabilidade na conta de luz, menos dependência externa e mais capacidade de projetar o Brasil como potência. A narrativa da soberania precisa disputar corações e mentes, como fez Vargas com a Petrobras e como poderia ter sido feito com o pré-sal.
O tempo é curto. O silêncio será lido como aceitação. A omissão será explorada como fraqueza. Se o campo progressista quiser evitar que a história se repita, precisa agir agora, antes que a narrativa neoliberal se cristalize. Angra 3 é uma batalha que não pode ser perdida sem que o país inteiro pague a conta da derrota.
Cenários preditivos: o que pode acontecer e como agir
A crise da Eletronuclear e de Angra 3 desenha três possíveis caminhos para o Brasil. O primeiro é o resgate estatal organizado e a conclusão da obra. Neste cenário, o Estado injeta capital emergencial, reorganiza a governança e define um cronograma físico-financeiro realista. Nos próximos meses, evita-se o colapso de caixa e a disparada de cláusulas de inadimplência cruzada, recupera-se a confiança dos bancos e preserva-se o rating da empresa. A médio prazo, a obra retoma ritmo, reativa cadeias produtivas e gera empregos de alta qualificação, consolidando ganhos tecnológicos e industriais. A longo prazo, o país ganha energia de base firme, menor dependência de combustíveis fósseis importados, previsibilidade tarifária e capacidade estatal de entregar projetos estratégicos. É a única rota coerente com um projeto de desenvolvimento soberano.
O segundo caminho é a falência controlada ou privatização parcial. Sem o aporte emergencial, cláusulas financeiras seriam disparadas e a obra travada. Rapidamente surgiria a proposta de alienação de ativos para “salvar o sistema”, vendendo a usina ou parte dela a consórcios privados e estrangeiros. O resultado seria a transferência de risco para o Estado e de lucro para o mercado, com contratos blindados e garantias públicas generosas. A curto prazo, a obra estanca mas ao custo da soberania; a médio prazo, a matriz se reconfigura sob lógica de rentismo regulatório; e a longo prazo, o Brasil perde controle sobre tecnologia nuclear, sobre capacidade de defesa e sobre políticas tarifárias, tornando-se refém de players externos.
O terceiro caminho é a moratória disfarçada de paralisação temporária. Nesse cenário, o governo posterga decisões, adia aportes e promete reavaliar “mais à frente”. Em poucos meses, o caixa se deteriora, fornecedores abandonam o projeto, engenheiros e técnicos especializados migram para outros setores e o custo de retomada explode. A médio prazo, a obra se torna cada vez mais “inviável” no próprio discurso oficial, reforçando a narrativa de que nunca deveria ter sido feita. A longo prazo, Angra 3 se converte em monumento de sucateamento: um ativo inacabado, obsoleto e oneroso, que consumiu recursos sem entregar energia. É o pior dos mundos — paga-se caro para não ter soberania, nem obra, nem tecnologia.
A leitura estratégica é clara: somente o resgate organizado com conclusão da usina preserva a soberania, a estabilidade tarifária e a coerência de um projeto nacional. Os outros dois caminhos convergem para dependência, vulnerabilidade e perda da capacidade de Estado. Esse é o ponto que precisa ser martelado: o custo de salvar Angra 3 é pequeno diante do custo histórico de abandoná-la.
A dimensão geopolítica da energia nuclear
A decisão sobre Angra 3 ultrapassa fronteiras e reposiciona o Brasil no tabuleiro de poder. Energia nuclear civil é, ao mesmo tempo, infraestrutura, tecnologia dual e sinal de status estratégico. Quem domina o ciclo do combustível, opera reatores com segurança e consolida cadeia de suprimento nacional eleva seu poder de barganha em comércio, finanças e defesa. Quem desiste, rebaixa-se a comprador crônico de gás, carvão e eletricidade em mercados voláteis, dependente de choques externos e de contratos assimétricos.
Do ponto de vista do materialismo histórico-dialético, a questão não é técnica: é disputa entre frações de capital e projetos de Estado. De um lado, o capital rentista global empurra países periféricos para matrizes de rápida monetização e alta importação de insumos — um ecossistema perfeito para extrair renda financeira com contratos longos, seguros internacionais e arbitragem jurídica extraterritorial. Do outro, um projeto nacional que aceita o custo inicial de erguer capacidades complexas para capturar, no longo prazo, autonomia tecnológica, estabilidade tarifária e densidade produtiva. O nuclear está no coração desse dilema.
No plano das cadeias críticas, há três vértices incontornáveis. Primeiro, o combustível: mineração, conversão, enriquecimento e fabricação de elementos combustíveis. Quando o país controla etapas-chave, diminui risco de sanções, embargos e chantagens logísticas. Segundo, a engenharia nuclear: projeto, licenciamento, construção, instrumentação e operação segura. Isso transborda para saúde, materiais avançados, sensores, controle digital e cibersegurança. Terceiro, a governança regulatória: um arcabouço robusto e confiável atrai parceiros genuínos, abre portas em organismos multilaterais e blinda o programa contra campanhas de desinformação sobre segurança e resíduos.
Há, ainda, o vetor de defesa. O domínio do ciclo nuclear civil e a competência industrial associada dão lastro ao programa estratégico da Marinha, inclusive no que diz respeito a propulsão nuclear. País que se retira do nuclear civil desmonta o pipeline de engenheiros, fornecedores e laboratórios que sustentam essa ambição. Sem massa crítica, projetos estratégicos se tornam slogans, e o país perde poder dissuasório e credibilidade internacional.
No campo financeiro, a decisão reverbera em três frentes. A primeira é o custo de capital: concluir Angra 3 com governança “à prova de bala” reduz prêmio de risco setorial, sinaliza previsibilidade e encurta spreads. A segunda é a geopolítica do financiamento: se o Brasil chegar com projeto sólido, pode modular sua dependência, negociando com múltiplos polos de crédito e equipamentos, diluindo riscos de captura por um único bloco. A terceira é o rating soberano implícito: abandonar um ativo estratégico no meio do caminho comunica incapacidade de execução; concluir comunica capacidade de Estado — e isso pesa na precificação de toda a economia.
No teatro informacional, a disputa é feroz. Narrativas alarmistas sobre segurança, resíduos e “obras eternas” serão instrumentalizadas para bloquear a conclusão. A resposta exige transparência radical: metas públicas, auditorias independentes, indicadores de segurança expostos em linguagem clara, comparação internacional de práticas e um compromisso inequívoco com a cultura de segurança. Não se vence a guerra cognitiva com silêncio; vence-se com dados, rotina de prestação de contas e um ethos de responsabilidade técnica que dialogue com o senso comum.
Por fim, há a diplomacia energética. Num mundo que reabilita o nuclear como fonte de base de baixo carbono ao lado de renováveis, quem chega com uma usina entregue e um programa consistente ganha lugar nas mesas onde se decide financiamento climático, taxonomias verdes e transferência tecnológica. Quem chega com obra paralisada e contencioso interno vira vitrine de fracasso para agendas privatistas e perde poder de agenda nos fóruns multilaterais.
Em síntese: concluir Angra 3 não é teimosia tecnocrática; é um ato de política externa, de política industrial e de defesa. É aceitar um custo presente para conquistar graus de liberdade futuros. Renunciar agora é ancorar o Brasil na periferia energética do século XXI, com menos voz, menos tecnologia e menos soberania. Concluir é afirmar-se como país que decide seu destino — e que transforma energia em poder nacional.
Conclusão: o futuro está em disputa
O caso da Eletronuclear não é um episódio isolado. Ele condensa décadas de disputas sobre o destino do Brasil: entre ser um país que assume o custo de se erguer como potência soberana ou um país condenado a abrir mão de seus ativos estratégicos em nome de narrativas fiscalistas e interesses externos. Angra 3 não é apenas concreto, turbinas e cabos — é símbolo do que está em jogo quando se fala em projeto de nação.
Se o Brasil optar pelo resgate organizado e pela conclusão da usina, terá de enfrentar críticas, ataques midiáticos e campanhas de desinformação. Mas ganhará algo maior: a afirmação de que ainda é capaz de entregar obras complexas, dominar tecnologia nuclear e garantir autonomia energética. Se escolher a omissão ou a privatização, aceitará repetir o roteiro da Lava Jato, entregando um ativo estratégico em troca de promessas de eficiência que jamais se cumprem.
O materialismo histórico-dialético nos mostra que não há neutralidade aqui: cada decisão sobre Angra 3 é expressão de uma correlação de forças. O abandono interessa ao capital financeiro e às potências que querem um Brasil periférico. A conclusão interessa ao povo brasileiro e a qualquer projeto que vise desenvolvimento autônomo. O campo progressista precisa compreender que não existe soberania sem custo, mas que o preço da dependência é infinitamente maior.
O futuro está em disputa agora. Angra 3 é a encruzilhada que revelará se o Brasil tem coragem de seguir pelo caminho da autonomia ou se aceitará, mais uma vez, ser empurrado para a condição de colônia energética e tecnológica. Este é o momento de afirmar, sem hesitação: salvar a Eletronuclear é salvar a própria soberania do Brasil.
Foto: Eletrobras/Divulgação
FONTE: https://www.brasil247.com/blog/angra-3-lawfare-e-a-ameaca-a-soberania-energetica-do-brasil