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Ao lado de Boric, Lula defende integração entre países da América do Sul

“Acho que nós, presidentes de países da América do Sul, deveríamos compreender que, isolados, nós somos muito fracos”, disse Lula.

247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou nesta terça-feira (22) sua posição sobre a necessidade urgente de uma maior integração entre os países da América do Sul. Em declaração ao lado do presidente chileno Gabriel Boric, durante evento em Brasília, Lula destacou que os países da região precisam abandonar o isolamento para fortalecer sua posição no cenário global.

“Eu acho que nós, presidentes de países da América do Sul, deveríamos compreender que, isolados, nós somos muito fracos. Nós não nascemos para viver mais 500 anos como um país pobre. Nós não nascemos para viver mais 500 anos vendo os nossos países serem governados para 35% ou 45% da população, como se o restante da sociedade fosse tratado como invisível”, disse Lula. Ele também criticou a lógica de governança que ignora uma parte significativa da população, dizendo que mudanças são necessárias para superar esse modelo.

O presidente brasileiro ainda apontou que, apesar de o Brasil ser um país grande em termos territoriais, ele continua vulnerável economicamente e tecnologicamente, especialmente diante de potências globais. Para ele, essa vulnerabilidade é compartilhada por países como Chile, Bolívia, Equador e Uruguai. “Um país como o Chile, um país como a Bolívia, um país como o Equador, um país como o Uruguai, mesmo o Brasil, que é um país grande territorialmente, mas economicamente e tecnologicamente ainda é fraco diante do que poderia ser, quando você vai negociar com uma grande potência, você fica muito vulnerável”, disse Lula.

Lula propôs uma nova forma de abordagem para a política sul-americana, destacando que a integração regional deve ser trabalhada com intensidade. “Nós precisamos trabalhar com muita força e com muita intensidade a necessidade da nossa integração”, afirmou, defendendo que a construção de instituições sólidas é essencial para garantir que a democracia e a cooperação internacional se mantenham, independentemente das mudanças de governo nos países da região.

O presidente também abordou a importância de se criar uma política externa mais estável, que não dependa de um único governo ou ideologia. “Quando a gente preside um país, a gente não o preside de forma ideológica. Eu não quero saber se o meu adversário ali do lado ou se o meu oponente do outro lado, se ele é presidente, ele é de direita ou de esquerda. Eu quero saber que ele é presidente de um país e eu quero manter com ele uma relação de chefe de Estado”, declarou.

Ao final de seu discurso, Lula fez um apelo pela criação de instituições que garantam a democracia e a segurança, mesmo diante de possíveis mudanças de governo. Ele citou a possibilidade de ascensão de governos de extrema direita, como uma preocupação legítima para a estabilidade da América do Sul.

“Vamos construir instituições que deem seguridade ao exercício da democracia independentemente de quem seja o presidente da república. Como será o Brasil quando eu não for mais presidente? Se entrar a extrema-direita aqui. Como será o Chile se entrar a extrema-direita no Chile? E assim para todos os países. Vamos ver a diferença dos Estados Unidos, do Biden [Joe Biden, ex-presidente dos EUA] e do Trump [Donald Trump]? O que é que mudou nesse mundo? É isso que nós temos que pensar para consolidar três coisas. Primeiro, a democracia. Segundo, o multilateralismo. Terceiro, o livre comércio”, destacou.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

FONTE: https://www.brasil247.com/sul-global/ao-lado-de-boric-lula-defende-integracao-entre-paises-da-america-do-sul