Associação Brasileira dos Jornalistas

Seja um associado da ABJ. Há 12 anos lutando pelos jornalistas

As big techs integram o aparelho de poder dos EUA

Assim como as petroleiras e o setor financeiro atuaram com os EUA na era industrial, as Big Techs são as grandes parceiras hoje do projeto de poder dos EUA.

As Big Techs – grandes empresas de tecnologia dos EUA como Apple, Google, Meta, Amazon e Tesla – integram hoje o aparato de poder dos Estados Unidos de forma análoga ao papel que as petroleiras e o setor financeiro desempenharam na era industrial. Elas são parceiras estratégicas no projeto de poder americano, influenciando não apenas a economia, mas também a política interna e a geopolítica global.

Relação entre Big Techs e o poder dos EUA

– Aliança com o governo Trump: As Big Techs encontraram na administração Trump um aliado para preservar e expandir seu poder, especialmente para evitar regulações mais severas e investigações antitruste que ameaçavam seus negócios. Essa aliança fortalece a influência dessas empresas no governo, tornando seus interesses quase indistinguíveis das políticas públicas americanas.

– Influência política e econômica: CEOs como Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos passaram a ocupar posições centrais na configuração do poder nos EUA, com Musk, por exemplo, assumindo papel no recém-criado Departamento de Eficiência Governamental. Essas empresas exercem enorme influência sobre a comunicação global, a mobilidade urbana, a inteligência artificial e a infraestrutura digital de diversas nações.

– Pressão sobre aliados internacionais: A aliança entre Big Techs e governo americano impõe dilemas a países aliados, que precisam escolher entre frear o avanço das gigantes tecnológicas ou permitir seu crescimento quase impune, sob risco de perder acesso a tecnologias e investimentos estratégicos.

Impactos e controvérsias

– Desafios à democracia e à liberdade de expressão: A influência das Big Techs no espaço digital tem sido associada à promoção da polarização, desinformação e manipulação política, enfraquecendo a democracia. Ao mesmo tempo, essas empresas enfrentam críticas tanto por práticas de censura quanto por viés político, especialmente em relação à moderação de conteúdo e à seção 230 da Lei de Decência na Comunicação, que as protege de responsabilidade pelo conteúdo gerado pelos usuários.

– Regulação e antitruste: Apesar da retórica anti-Big Tech em documentos como o Project 2025, que propõe medidas para conter seu poder, a aliança com o governo Trump e a agenda de governo pequeno e anti-regulação dificultam ações efetivas contra essas empresas. O debate sobre a responsabilidade das Big Techs e o controle sobre seus monopólios permanece intenso, com processos legais em andamento contra empresas como Meta e Google.

– Tecnologia e vigilância: O governo americano, em parceria com as Big Techs, tem investido em tecnologia para controle de fronteiras, vigilância e automação de decisões governamentais, o que levanta preocupações sobre direitos civis e impactos sociais, especialmente para imigrantes e populações vulneráveis.

Conclusão

As Big Techs são hoje pilares centrais do poder dos EUA, atuando como grandes parceiras econômicas e políticas que moldam a agenda nacional e internacional americana. Essa relação simbiótica fortalece o domínio tecnológico e econômico dos EUA, mas também gera tensões relacionadas à regulação, à democracia, à privacidade e à soberania dos países aliados, que precisam lidar com o dilema de conter ou favorecer o avanço dessas gigantes. A influência das Big Techs transcende o mercado, configurando-se como um elemento estratégico no cenário global de poder do século XXI.

(Foto: RawPixel.com)

FONTE: Agência de Notícias ABJ – Associação Brasileira dos Jornalistas

( Reprodução autorizada mediante citação da fonte: Agência de Notícias ABJ – Associação Brasileira dos Jornalistas )