Vivemos dois países simultâneos: o que avança e o que se sabota.
O Brasil de 2025 é a contradição em movimento. De um lado, um governo que reconstrói a economia com resultados reconhecidos por organismos nacionais e internacionais. De outro, um sistema político que se degrada a olhos vistos, culminando na vergonha histórica da “densitometria penal”, aprovada pela Câmara Federal para reduzir a pena de Jair Bolsonaro de 27 anos e três meses para apenas dois anos de prisão — uma manobra legislativa que chocou até analistas conservadores e cuja repercussão negativa foi registrada por veículos como Reuters e Financial Times.
Vivemos dois países simultâneos: o que avança e o que se sabota.
Os resultados econômicos — referenciados pelos principais órgãos nacionais e internacionais
A recuperação econômica não é narrativa política: está registrada em relatórios do IBGE, boletins do Banco Central, análises da OCDE, notas da ONU e reportagens de veículos internacionais como Reuters, Bloomberg e Financial Times.
Segundo o IBGE, o PIB brasileiro cresceu 3,0% em 2023 e 2,9% em 2024, com projeção próxima de 2,5% para 2025 (dados preliminares consolidados no Sistema de Contas Nacionais). Trata-se de desempenho superior ao da média mundial, estimada pelo FMI em torno de 2,2%. Em três anos, o Brasil acumula cerca de 9% de expansão — número destacado pela Reuters em análise de novembro de 2025 como evidência de “resiliência e dinamismo inesperados”.
A inflação também converge de forma consistente. O IPCA, calculado pelo IBGE, caiu de mais de 10% em 2021 para 4,6% em 2023, recuou a 4,3% em 2024 e atingiu 3,9% em 2025, de acordo com o boletim mais recente do Banco Central. A Bloomberg observou que o Brasil foi “um dos poucos países do G20 que controlou a inflação sem mergulhar em estagnação”.
O mercado de trabalho confirma o quadro. Segundo a PNAD Contínua do IBGE, o desemprego caiu para 7,2%, menor nível desde 2014. O Caged, do Ministério do Trabalho, indica que foram criados 3,8 milhões de empregos formais no triênio. O rendimento real também subiu, tendência destacada em nota técnica do IPEA de setembro de 2025, que aponta ganho acumulado acima de 8% desde 2023, puxado pela política de valorização do salário mínimo.
No investimento público e privado, os números seguem na mesma direção. O PAC e o Nova Indústria Brasil mobilizaram mais de R$ 400 bilhões em financiamentos contratados, segundo o Ministério da Fazenda e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES). A Financial Times, em especial, destacou o Brasil como “um dos poucos emergentes com estratégia industrial coerente para a transição energética”, citando projetos em hidrogênio verde, fertilizantes e semicondutores.
Na política externa, o Brasil recuperou prestígio. Relatório da Organização das Nações Unidas Meio Ambiente (UNEP) de outubro de 2025 mencionou o país como “liderança incontornável” na pauta climática. O Financial Times e a Reuters destacaram a expectativa global em torno do Fundo Tropical de Florestas para Sempre, apresentado por Lula na COP 30.
Ou seja: os números confirmam os avanços. A economia brasileira vive uma combinação rara de crescimento, inflação controlada, expansão do emprego, recuperação da renda e reindustrialização nascente — tudo isso registrado pelos órgãos oficiais e amplamente noticiado pela imprensa internacional.
O Congresso — degradação, captura e a vergonha histórica da “densitometria penal”
Em contraste absoluto com a recuperação econômica, o Congresso Nacional produz retrocessos que chocam até observadores estrangeiros. Hoje, às duas horas da madrugada, ao aprovar a chamada “densitometria penal”, parte do Parlamento ultrapassou o limite da decência institucional.
A operação foi noticiada pela Reuters como “uma mudança legislativa sob medida para reduzir a pena de Jair Bolsonaro”, e pela BBC Brasil como “um caso de interferência direta do Legislativo na execução penal de um ex-presidente condenado”.
A manobra, se aprovada pelo Senado, reduziu a pena de Bolsonaro — 27 anos e três meses, estabelecida em sentença judicial — para dois anos, aplicando retroativamente uma fórmula criada exclusivamente para o caso. Não se trata de divergência jurídica; é, como observou um professor da FGV entrevistado pela Folha, “a forma mais descarada de casuísmo legislativo desde a Nova República”.
Esse episódio não é isolado. O Congresso tem bloqueado ou distorcido propostas centrais:
– Impediu a taxação plena de super-ricos;
– mutilou a reforma tributária progressiva;
– ampliou brechas para fundos exclusivos;
– enfraqueceu políticas ambientais essenciais;
– transformou o orçamento em repartição de interesses paroquiais.
Segundo relatório do Instituto Fiscal Independente (IFI) do Senado, a atual legislatura apresenta “nível anômalo de captura setorial” e “práticas crescentes de atomização orçamentária que comprometem o planejamento público”.
Além disso, estudo do Transparência Brasil divulgado em setembro de 2025 mostra que a proporção de projetos de lei claramente casuísticos — destinados a beneficiar indivíduos específicos — é a maior em 20 anos.
O Brasil cresce apesar do Congresso, não por causa dele. E a aprovação da “densitometria penal” será lembrada como um ponto de inflexão: o momento em que o Parlamento deixou de representar divergência política legítima e passou a representar a institucionalização da impunidade.
O Judiciário — entre a defesa do Estado democrático e os vícios da insegurança jurídica
O Judiciário também vive sua ambiguidade estrutural. Fez o que precisava para proteger a democracia de ataques golpistas, como reconhecem relatórios da Human Rights Watch e da Anistia Internacional sobre o 8 de janeiro. Mas, na dinâmica institucional cotidiana, reproduz velhos vícios.
A proliferação de decisões monocráticas, documentada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), afeta gravemente a previsibilidade regulatória. A cada mês, políticas públicas de grande impacto são suspensas por liminares individuais — às vezes revertidas, às vezes mantidas — criando um clima de incerteza que prejudica a economia e a administração pública.
Estudos do Centro de Pesquisa em Direito e Economia da FGV mostram que a judicialização tributária brasileira atinge patamar equivalente a cerca de 16% do PIB, o que não encontra paralelo no mundo. Disputas fiscais prolongadas por mais de uma década, somadas à morosidade e às brechas legais, beneficiam grandes conglomerados e prejudicam a progressividade do sistema.
Essa ambivalência compromete o esforço de reconstrução. Sem fortalecimento da segurança jurídica para políticas públicas, para o investimento produtivo e para a responsabilidade fiscal, parte dos avanços econômicos se perde no caminho.
O projeto de Lula — reconstrução com base material, social e diplomática
Apesar das forças contrárias, o governo Lula executa um projeto claro, ancorado em indicadores verificáveis.
A redução da fome, segundo a FAO, recolocou o Brasil no grupo de países com segurança alimentar estável. A ONU reconheceu, em relatório de novembro de 2025, que o país é “caso exemplar de recomposição de políticas sociais”.
Na educação, dados do Inep mostram melhora em alfabetização e recomposição pós-pandemia. Na transição energética, o Brasil é hoje o segundo maior mercado de energia solar residencial do mundo, segundo a BloombergNEF.
Esse esforço só é possível porque há direção estratégica. Mas a degradação institucional — especialmente no Congresso — mina parte desses avanços e impõe limites ao que o Executivo pode entregar.
Um país não pode crescer indefinidamente lutando contra suas próprias instituições.
A necessidade de reconstruir o Brasil institucional
Com dados do IBGE, análises da Reuters, indicadores da ONU, relatórios do BC e avaliações de organismos internacionais, não há dúvida: o governo Lula está reconstruindo o Brasil. A dúvida está no outro lado do tabuleiro: as instituições acompanharão essa reconstrução ou continuarão sabotando o país?
A aprovação da “densitometria penal” não é apenas erro político. É sintoma. Revela um Parlamento disposto a manipular a lei para proteger seus aliados. E expõe um problema estrutural: quando as instituições deixam de servir ao interesse público, deixam também de ser democráticas, ainda que mantenham aparência formal.
O Brasil tem diante de si uma janela histórica: crescimento estável, redes internacionais reativadas, protagonismo climático, investimentos em transição ecológica, redução de desigualdades. Mas tudo isso pode ser perdido se continuarmos permitindo que o país que avança seja encurralado pelo país que se sabota.
A reconstrução econômica exige agora sua etapa seguinte: a reconstrução institucional.
Foto: Agência Brasil
FONTE: https://www.brasil247.com/blog/avancos-reais-vergonhas-institucionais-o-brasil-entre-a-reconstrucao-de-lula-e-a-sabotagem-do-sistema-politico