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Big Techs avançam com suas digitais sobre o complexo militar e as guerras

Muitas já possuem diretorias de defesa e passaram a ver na guerra uma forma de ampliar mais seus lucros como os maiores oligopólios da história da humanidade.

As Big Techs com suas Inteligências Artificiais (IAs) avançam com suas digitais na direção das guerras e da participação no complexo militar (Deep State) dos EUA. Muitas já possuem diretorias de defesa e passaram a ver na guerra uma forma de ampliar ainda mais seus lucros como os maiores oligopólios da história da humanidade.

Essa participação da OpenIA citada na matéria de O Globo (“OpenIA vai colocar IA a serviço do Exército dos EUA”, 18 jun. 2025, p.18) não é apenas dela, da Meta e da Palantir, como diz a reportagem, mas vai além com a participação da Amazon, Google e Microsoft entre outras.

A terceira Big Tech citada, a Palantir Tecnologies Inc., do conhecido Peter Thiel, defensor da extrema-direita, já tem hoje, um valor de mercado de U$ 327 bilhões. Seu cofundador e CEO, Alexander Karp, é um dos autores, junto do Nicholas Zamiska, chefe de assuntos corporativos da mesma empresa, do livro “A República Tecnológica: Tecnologia, política e o futuro do Ocidente”.

Na publicação o livro eles fazem uma defesa e um chamamento contundente aos donos das demais Big Techs e aos seus investidores, para não apenas acumularem seus lucros trilionários, mas também participarem da reconstrução dos EUA e do que chamam de república tecnológica para a “recuperação da ambição nacional e da inovação governamental do Estado indo além da criação de produtos da era digital”.

Assim, os dois autores defendem no livro um maior relacionamento dessas corporações de tecnologia com o governo com a “obrigação de redirecionar esforços em recursos de tecnologia e IA, para também participar da defesa da nação norte-americana e da articulação de um projeto nacional com a função de preservar a vantagem geopolítica duradoura, porém frágil, que os EUA e seus aliados na Europa mantiveram até aqui em relação aos seus adversários”.

A participação da Amazon e Google (e outras a conferir) no morticínio em Gaza, como laboratório de uso dos dados em massa, com softwares espiões israelenses, transformaram a localização dos adversários em alvos a serem abatidos com todos ao redor, numa espécie de caça, que vai muito além do uso dos drones teleguiados, produzindo matança e o genocídio em massa de todos que estão próximo à pessoa “caçada”, em especial, mulheres e crianças.

Com esse modelo desenvolvido no “laboratório de Gaza” contra o sofrido povo palestino, que está agora sendo expandido, se faz uso de datacenters modulares que permitem transformar a vigilância diuturna das comunicações dos adversários, em alvos específicos.

Com ou sem a participação direta de Elon Musk, as Big Techs, saltaram “as cercas do desenvolvimento tecnológico-digital” com a busca de novos produtos para o mercado, e decidiram entrar, de cabeça, no setor governamental de defesa militar.

Não se trata de deixar de lado seus colossais rendimentos (juntas as dez maiores corporações de tecnologia já valem mais de US$ 20 trilhões), mas ampliar ainda mais, os seus agigantados lucros com faturamentos diretos, sem ter que disputar mercado com o fornecimento de tecnologia para o setor militar.

Certamente nos últimos tempos, desde a posse de Trump, eles seguem mudando suas visões, ao perceberem que chegaram numa etapa em que o poder e o Estado, são ainda mais fundamentais (não é que não fossem antes com o forte apoio ao desenvolvimento tecnológico na fase nascente das chamadas startups) para garantir a atual hegemonia que reforça o embricamento entre tecnologia e finanças no capitalismo contemporâneo.

As Big Techs não teriam chegado onde chegaram sem o mercado de capitais e a lógica dos ativos (assetização) e da financeirização 2.0 e agora estão subindo o patamar dessa imbricada relação.

Sugiro que leiam o livro citado (capa na imagem). Penso que assim se pode ter uma leitura e uma interpretação mais fidedigna do que estamos assistindo, em termos da re-ascensão do fascismo e das três guerras em curso que espantam o mundo diante do risco da guerra nuclear total.

Lembremos que Hitler também contou com o apoio direto e firme de grandes corporações europeias e americanas para fazer o estrago do qual imaginávamos estar livres.

Foto: Divulgação

FONTE: https://www.brasil247.com/blog/big-techs-avancam-com-suas-digitais-sobre-o-complexo-militar-e-as-guerras