Iniciativa conecta o Norte do país a portos no Peru, Equador e Colômbia, impulsionando a bioeconomia e o turismo sustentável.
247 – O governo brasileiro anunciou a conclusão da rota que conecta a Amazônia ao Oceano Pacífico, em um momento simbólico, durante a realização da COP30, em Belém. O projeto, que une hidrovias e rodovias em um extenso corredor logístico, representa um marco para a integração regional e o fortalecimento da bioeconomia amazônica.
Segundo a CNN Brasil, os trabalhos foram finalizados neste mês de novembro, após uma série de acordos e cooperações com os governos do Peru, Equador e Colômbia. A última etapa do projeto foi a dragagem do Alto Solimões, que garantiu a navegabilidade do trecho e completou o percurso fluvial entre Manaus e os portos do Pacífico.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), destacou à CNN que a rota já está operando antes mesmo da inauguração oficial. “Mesmo ainda não inaugurada pelo governo federal, essa rota já está funcionando. Antes ela funcionava muito precariamente. É a rota mais sustentável porque ela é toda fluvial, atravessa o Rio Solimões, o Rio Madeira e o Rio Amazonas”, afirmou.
Bioeconomia e sustentabilidade
O governo federal considera o momento da conclusão estratégico, já que um dos principais objetivos é ampliar o escoamento de produtos da bioeconomia amazônica para outros países da América do Sul e da Ásia, utilizando os portos do Pacífico. “Para garantir a floresta em pé é necessário dar meios de subsistência às pessoas amazônicas. A rota estimula que as cooperativas, que vão do pescado ao coco, do coco ao açaí, do açaí à borracha, possam ter maior competitividade. Essa rota tem um único objetivo: cortar caminho”, declarou Tebet.
Além do impacto ambiental positivo, o projeto deve impulsionar a exportação de produtos industrializados da Zona Franca de Manaus e facilitar o fluxo de importações. O governo aposta ainda no fortalecimento do turismo ecológico e de baixo carbono, com o uso de embarcações movidas a energia limpa para o transporte de passageiros e cargas.
Crescimento do comércio na fronteira amazônica
Os resultados já começam a aparecer. No primeiro semestre de 2025, as exportações que saíram de Tabatinga, na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, registraram aumento recorde, mesmo antes da conclusão de obras essenciais, como a instalação de aduanas e a dragagem total do Solimões.
“Essa rota em 2024 teve fluxo comercial maior que o registrado nos sete anos anteriores somados. Embora o volume ainda seja pequeno, o crescimento foi expressivo. Ela leva um potencial extraordinário para uma região muito empobrecida”, destacou a ministra.
A Rota Amazônica: integração e desenvolvimento
A chamada Rota Amazônica é considerada a mais sustentável entre as cinco rotas do plano de integração sul-americana liderado pelo Ministério do Planejamento. No território brasileiro, o trajeto é integralmente hidroviário: parte de Manaus, segue pelo Rio Solimões até Santo Antônio do Içá (AM) e, a partir daí, se ramifica em dois caminhos.
O primeiro segue rumo à Colômbia, pelo Rio Putumayo até Puerto Asis, de onde uma rodovia leva ao Porto de Tumaco. O segundo caminho se estende até Iquitos, no Peru, onde se divide novamente em três alternativas: o Rio Napo até Francisco de Orellana (Equador), com acesso ao Porto de Manta; o Rio Marañón até Yurimaguas, de onde se alcança o Porto de Paita; e o Rio Ucayali até Pucallpa, com conexão ao Porto de Chancay.
A conclusão dessa infraestrutura coloca o Brasil em uma posição estratégica na integração comercial e ambiental da América do Sul, ao mesmo tempo em que reforça o compromisso nacional com o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Foto: Giorgio Venturieri/Embrapa
FONTE: https://www.brasil247.com/brasil-sustentavel/brasil-conclui-rota-fluvial-que-liga-amazonia-ao-pacifico