Relatório da Abin alerta que grupos criminosos avançam sobre contratos públicos e já influenciam a segurança em todo o território nacional.
247 – A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) identificou que o país abriga três facções criminosas de alcance nacional e outras 31 com força suficiente para afetar a segurança de ao menos um estado inteiro. As informações foram apresentadas por oficiais do órgão ao Congresso Nacional durante reunião da Comissão de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI), realizada na última quarta-feira.
Segundo revelou O Globo, a sessão foi convocada para discutir o avanço do crime organizado após a megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes na semana passada. Durante o encontro, o subsecretário de Inteligência da Secretaria de Polícia Militar do Rio, Daniel Ferreira de Souza, afirmou que a ação teve “importância simbólica”, mas efeito “ínfimo” sobre o poder real da facção.
Três grupos com presença nacional
O relatório da Abin destaca que, além do CV, o Primeiro Comando da Capital (PCC), originário de São Paulo, e o Terceiro Comando Puro (TCP), com base no Rio de Janeiro, são as três facções de atuação nacional. De acordo com os documentos, o PCC expandiu sua presença para 28 países, com 2.078 integrantes identificados fora do Brasil. Essa internacionalização, no entanto, abriu espaço para o fortalecimento interno do Comando Vermelho, que há uma década dominava quatro estados e hoje atua em 20 unidades da federação.
Um oficial da Abin relatou aos parlamentares que o CV tem ampliado sua influência ao firmar alianças com grupos que enfrentam o PCC. “O Comando Vermelho oferece uma rede de acesso logístico a armas e drogas, uma cadeia de comando mais descentralizada e esconderijo em comunidades do Rio”, afirmou o agente. Ele acrescentou ainda que “não há, hoje, confronto de organização criminosa no Brasil que não envolva o Comando Vermelho”.
Expansão do Terceiro Comando Puro
Outro ponto de destaque no relatório é o crescimento do TCP, atualmente presente em nove estados. A facção, segundo a Abin, vem se fortalecendo no fornecimento de fuzis e na oferta de refúgio em comunidades cariocas, com o diferencial de se colocar em oposição direta ao CV. Para os analistas, esse movimento indica a “nacionalização de uma lógica fluminense”, fenômeno que teria se intensificado à medida que o PCC passou a concentrar esforços em operações internacionais.
Em um comunicado interno de 2018, conhecido como salve, o PCC já havia convocado membros que falassem espanhol, demonstrando o interesse em expandir suas conexões na América Latina.
Risco de infiltração no poder público
Os relatórios apresentados ao Congresso também alertam para um novo estágio na evolução do crime organizado no país. Segundo um oficial da Abin, as facções estão avançando sobre a infraestrutura estatal e contratos públicos, buscando lucros que vão além do tráfico de drogas e armas. “Há uma maximização da exploração territorial”, explicou o agente, referindo-se ao controle de serviços como internet, gás, combustível e até a venda de galões de água em comunidades dominadas.
Foto: Ag.Brasil
FONTE: https://www.brasil247.com/brasil/brasil-tem-tres-faccoes-nacionais-e-31-que-ameacam-a-seguranca-estadual