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“Brasil vive um ‘colonialismo digital’ imposto por Trump e precisa reagir”, diz Fernando Horta

O historiador alerta para os riscos da submissão do país às big techs e defende a cassação imediata de Eduardo Bolsonaro.

247 – O historiador Fernando Horta analisou, em entrevista ao programa Brasil Agora, da TV 247, os desafios do Brasil no cenário internacional e as disputas políticas que envolvem a soberania nacional. Horta destacou que o país já sente de forma intensa os efeitos das mudanças climáticas e enfrenta, ao mesmo tempo, uma ofensiva geopolítica liderada pelos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump, que tenta impor ao mundo um “colonialismo digital”.

Segundo o historiador, a postura do governo norte-americano, de ameaçar países que buscam regular as big techs, representa uma tentativa de recolocar o Brasil e outras nações em posição de subordinação.

“Nós voltamos ao século XVIII. Antes era um colonialismo analógico; hoje vivemos um colonialismo digital. O presidente Lula quer se afastar disso, mas eles mandam navios para mostrar quem manda. Primeiro foi a Venezuela, logo pode ser o Brasil”, alertou Horta.

Horta também comentou a repercussão da reunião ministerial em que o presidente Lula e ministros usaram bonés com a inscrição “O Brasil é dos brasileiros”. Para o historiador, o gesto, interpretado de forma negativa por parte da imprensa, é um exemplo de comunicação simbólica e de demonstração de força diante da ofensiva norte-americana.

“Quando todos os ministros usam o mesmo boné, não é infantilidade. É uma resposta política clara, uma forma de comunicação visual e de demonstração de unidade do Executivo”, afirmou.

Outro ponto abordado por Horta foi o agravamento da crise entre Brasil e Israel, após ofensas do ministro israelense Israel Katz contra Lula e a recusa brasileira em aceitar um novo embaixador indicado por Tel Aviv.

“A relação já chegou a um ponto de não retorno. Israel humilhou nosso embaixador, atacou o presidente Lula e hoje pratica um genocídio em Gaza. O Brasil deixou claro que não aceitará essas provocações”, disse.

Na avaliação de Horta, o cenário global está marcado pelo esvaziamento das instituições multilaterais, como a ONU, incapazes de conter guerras e genocídios.

“A governança internacional não está funcionando. A ONU virou uma cortina de fumaça. O problema é que ninguém tem força militar para impor limites aos Estados Unidos e a Israel sem risco de uma terceira guerra mundial”, avaliou.

Eduardo Bolsonaro e a ameaça à soberania

O historiador também analisou a conduta do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que, nos Estados Unidos, tem insuflado ataques contra o Brasil. Horta endossou o que disse o presidente Lula, afirmando se tratar de uma das maiores traições já cometidas contra a Pátria.

“Eduardo Bolsonaro não pode continuar agindo contra o país como legislador. Ele precisa ser cassado. Mais do que isso, pode ser enquadrado na lei antiterrorismo, porque está ameaçando e tentando impedir o funcionamento das instituições brasileiras”, defendeu.

Horta comparou a atuação da família Bolsonaro e de seus aliados com a estratégia usada por Adolf Hitler na Alemanha antes de chegar ao poder.

“Hitler também atacava o Judiciário e as instituições para se vitimizar. A diferença é que, lá, a democracia foi destruída. Aqui, precisamos resistir para que não aconteça o mesmo.”

Foto: Reprodução

FONTE: https://www.brasil247.com/entrevistas/brasil-vive-um-colonialismo-digital-imposto-por-trump-e-precisa-reagir-diz-fernando-horta