Analista afirma que encontro entre Xi Jinping e Narendra Modi marca reaproximação estratégica e que Trump fortaleceu o bloco ao tentar deslegitimá-lo.
247 – O jornalista Pepe Escobar, em entrevista ao programa Judging Freedom, apresentado pelo juiz Andrew Napolitano no YouTube, destacou os impactos geopolíticos do próximo encontro da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), que ocorrerá em Tianjin, na China, nos dias 31 de agosto e 1º de setembro de 2025. Segundo Escobar, o evento reunirá líderes centrais do chamado “Sul Global” e evidenciará o fortalecimento dos Brics diante do confronto com o Ocidente.
“Todo mundo que importa na Eurásia estará lá, incluindo os quatro principais: Putin, Xi, Modi e o presidente do Irã. Todos na mesma mesa”, afirmou Escobar, ressaltando o caráter histórico do encontro.
A reaproximação entre Índia e China
Um dos pontos mais relevantes, segundo o analista, será a reunião bilateral entre o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o presidente da China, Xi Jinping. O encontro marca a primeira viagem de Modi à China em sete anos.
“Xi enviou uma carta a Modi. Ele respondeu, confirmou presença e aceitou conversar cara a cara. Isso é imenso em termos de unidade da OCX e dos Brics. Até poucos dias atrás, a percepção era de que não havia confiança entre Índia e China. Agora, eles estão reconstruindo a relação. É um reset ninja”, declarou Escobar.
Trump fortaleceu os Brics ao tentar enfraquecê-los
O analista também destacou que o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao condenar e atacar os Brics, acabou fortalecendo o bloco. “Não há dúvida sobre isso. Os jogadores dos Brics estão espantados com a guinada dos acontecimentos”, observou Escobar.
Ele explicou que, paralelamente, o governo Trump enfrenta pressão de corporações de energia norte-americanas interessadas em retomar negócios na Rússia, após perdas bilionárias com as sanções. “As empresas querem voltar. Perderam mais de US$ 4 bilhões e agora pressionam Trump para abrir caminho. Mas os russos continuam firmes em suas linhas vermelhas”, disse.
Guerra na Ucrânia segue sem avanços diplomáticos
Escobar avaliou que a guerra na Ucrânia não sofreu alterações significativas após as negociações recentes entre Washington e Moscou. “Nada mudou. A operação militar especial vai continuar. Os russos não acreditam que os Estados Unidos entendam suas linhas vermelhas”, afirmou.
Ele acrescentou que a ideia de enviar uma força de “manutenção da paz” europeia para a Ucrânia é inaceitável para Moscou: “Isso é além de kafkiano. Seria outra linha vermelha absoluta”.
O silêncio sobre Gaza e a cumplicidade do Ocidente
Na entrevista, o jornalista criticou a postura de Trump diante do massacre em Gaza. “Ele normalizou o genocídio e a campanha de fome. Ao fazer isso, tornou o Ocidente coletivo cúmplice”, disse Escobar.
Segundo ele, a indiferença do presidente norte-americano frente a crimes de guerra — como o bombardeio de hospitais e o assassinato de jornalistas — revela a perda de credibilidade moral do Ocidente. “Os historiadores digitais olharão para este início de século e concluirão: o Ocidente se enterrou sozinho, liderado pelo presidente dos Estados Unidos”, afirmou.
O encontro da OCX e a presença de líderes como Vladimir Putin, Xi Jinping, Narendra Modi e Ebrahim Raisi, do Irã, mostram o avanço da integração eurasiática em áreas de segurança e economia. Para Escobar, esse movimento consolida uma nova correlação de forças internacionais, desafiando a hegemonia norte-americana e a estratégia de guerra permanente do Ocidente. Assista:
Foto: Xinhua/Li Xiang
FONTE: https://www.brasil247.com/ideias/brics-e-organizacao-de-cooperacao-de-xangai-desafiam-hegemonia-ocidental-avalia-pepe-escobar#google_vignette