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BRICS encara o dólar no duelo Trump-Xi Jinping

O recado do BRICS, no Rio de Janeiro, é o grito de independência do Sul-Global ao Norte Global cuja prioridade é a guerra.

O BRICS constata em sua 17ª internacional que no cenário geoeconômico e político global, a distribuição mais acelerada de mercadorias chinesas no mundo, com ênfase no Sul Global, em vantagem competitiva relativamente ao dólar, cria sinuca de bico.

Na prática, a supremacia comercial americana desdolariza relativamente à economia e abre nova era nas relações de troca: comércio em moedas locais, com o fortalecimento relativo da moeda chinesa.

Esse é o discurso da China que aposta todas as suas fichas no BRICS como estratégia comercial para ditar a valorização da moeda chinesa na circulação de trocas.

É a guerra monetária!

A China, conforme a lei do monopólio, quer ampliar a acumulação chinesa em escala maior que a americana, porém, direcionando para estratégia global cooperativa, não agressiva, como intensifica Trump nesse sentido.

A supremacia comercial dita o valor relativo da moeda, que reage à expansão comercial chinesa como vantagem comparativa aos Estados Unidos.

O BRICS determina o maior volume de comércio global, de transações financeiras e se transforma em referência de mercado, pelo aval da China, como diz Xi Jinping, no Global Time.

A China está vencendo a concorrência e, consequentemente, impondo os novos termos dos contratos, ditando os preços no mercado de bens.

Economia de projetamento em ação, como diz o economista Elias Jabour, da UFRJ e conselheiro do BNDES.

Os chineses acumulam mais poupança advinda da maior competitividade, dada pela maior produtividade, criando margem de lucro maior – eficiência marginal do capital chinês – por conta do aumento das forças produtivas chinesas a custo mais baixo que amplia o mercado de consumo para as mercadorias chinesas.

CAPITALISMO AMERICANO DANÇA

O presidente Trump insiste na modalidade do trabalho que eleva a mais valia absoluta(baixo salário em subemprego), perdendo competitividade para a China, ao mesmo tempo que também aumenta a mais valia relativa, que lança trabalhadores na rua com redução do tempo de trabalho, combinado com aumento do desemprego.

A contradição está exposta.

A estratégia chinesa é oposta: redução do tempo de trabalho, com redução de jornada e valorização da grandeza do valor-trabalho, que eleva o coeficiente da riqueza social, por conta do princípio social de que trabalho é valor que se valoriza.

PROPOSTA CHINESA NOS BRICS

Essa é a dialética do modelo chinês de desenvolvimento exposta no BRICS, como solução para o desenvolvimentismo do Sul-Global, pautado nas relações de troca em moeda nacional.

É uma declaração de guerra ao dólar.

A moeda imperial, nesse cenário, vai perdendo utilidade relativa, porque sua força se relaciona com a estrutura produtiva e ocupacional geradora de concentração de renda, na guerra, de um lado, e exclusão social, de outro.

Sintetizando: guerra aos trabalhadores, escravizados pelo salário marginal, considerado custo e não renda.

A mídia conservadora centra sua atenção em lances laterais, desviando do principal.

Lula, como presidente do BRICS, em 2025, estaria, diz o poder midiático conservador pró-Trump, esvaziado politicamente; desvio de atenção para as ausências dos presidentes chinês e o presidente russo.

Lula contrariaria Xi e Putin quanto ao entendimento dos BRICS como nova força política e econômica global, ou as razões são outras?

Putin e Jinping querem Lula mais asiático e menos americano, no entendimento geopolítico de ambos.

Trump, ao contrário, força afastamento de Lula dos BRICS.

COMPROMISSO MAIOR CHINÊS

Xi Jinping, segundo o Global Times, disse que a reunião dos BRICS é a reafirmação da estratégia de superação da estrutura produtiva e ocupacional, acumuladora de renda e de exclusão social, à moda ocidental, pela nova lógica da cooperação que a China lança por meio da Rota da Seda, envolvendo a economia mundial em rede de intercomunicação, monitorada pela tecnologia da informação e da inteligência artificial.

O documento do MST encaminhado ao BRICS está na linha Xi Jinping: foca nessa contradição entre ocidente e oriente como uma nova plataforma econômica global.

O recado do BRICS, no Rio de Janeiro, é o grito de independência do Sul-Global ao Norte Global cuja prioridade é a guerra.

Essa é a síntese do encontro no Rio que marca virada na geopolítica sul americana na sua aproximação inevitável com a China em expansão para a Ásia, como priorizou o novo Mercosul.

É a saída para fugir das garras do imperialismo que impõe sua política expansionista e agressiva, em contraposição total ao modelo chinês, exposto na reunião do BRICS, comandada pelo presidente Lula, que pauta uma nova cooperação global.

FOTO: Wikimedia Commons

FONTE: https://www.brasil247.com/blog/brics-encara-o-dolar-no-duelo-trump-xi-jinping