Operação expõe vínculos da Faria Lima com o crime organizado e acirra disputa política entre Lula e Tarcísio de Freitas para 2026.
A megaoperação Carbono Oculto não é apenas uma investida contra o crime organizado infiltrado no setor de combustíveis e no sistema financeiro. É também um gesto político. O cerco a fintechs e fundos instalados na Faria Lima, endereço símbolo dos oligarcas financeiros e da mídia corporativa, envia um recado direto aos aliados do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que se projeta como principal adversário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.
O episódio ganhou contornos de embate eleitoral quando o governo federal decidiu turbinar a divulgação da operação no mesmo horário em que o secretário de Segurança de Tarcísio, Guilherme Derrite (PP), participava de coletiva em São Paulo. De um lado, Lula com os ministros da Fazenda e da Justiça em Brasília, exaltando a coordenação da PF e da Receita Federal; de outro, Tarcísio e o MP paulista tentando capitalizar os dividendos locais da investigação. A cena evidencia a disputa de narrativa sobre quem “comanda” o combate ao crime organizado.
A Faria Lima, tradicional caixa de ressonância da direita e patrocinadora de pesquisas eleitorais, viu seu verniz ruir. Fintechs e gestoras de fundos que movimentaram bilhões em nome do PCC foram alvejadas. Conversas interceptadas pela investigação mostram como empresários falavam abertamente em “precisar sonegar” com novos combustíveis adulterados, sem qualquer pudor técnico ou ético. O esquema não se restringia mais a postos de “bandeira branca”: já alcançava grandes redes e envolvia cadeias de transporte, refino e até desvios pelo porto de Paranaguá.
Até as capivaras do Lago Paranoá sabem que os institutos de pesquisa, contratados por bancos e fintechs, cumprem papel central na manipulação da opinião pública. São eles, os pagantes, que definem quem entra e quem é excluído das sondagens. O Blog do Esmael já denunciou diversas vezes como esses números inflados alimentam manchetes e sustentam candidaturas ligadas à Faria Lima. Agora, com a Operação Carbono Oculto, esse mesmo sistema financeiro aparece sob suspeita de servir como lavanderia do PCC.
O tiro é duplo: atinge o coração financeiro que financia a direita e enfraquece a base de apoio de Tarcísio, expondo a proximidade entre seus apoiadores e o mercado contaminado. Lula, por sua vez, ganha terreno no discurso de firmeza contra o crime e no reposicionamento do Estado como guardião da legalidade. A ofensiva também coloca em xeque a blindagem midiática historicamente oferecida pelas corporações ligadas à Faria Lima.
A Carbono Oculto mostrou que o crime organizado não se limita às periferias: ele senta à mesa da Faria Lima, circula entre fundos de investimento e se confunde com a elite econômica que dita pesquisas e manchetes. O choque é político: desestabiliza o projeto de Tarcísio, reforça Lula e abre espaço para discutir quem de fato financia a política brasileira.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil | Marcelo S. Camargo/Governo do Estado de SP
FONTE: https://www.brasil247.com/blog/carbono-oculto-pressiona-faria-lima-e-impacta-jogo-politico-de-2026-g4z7oj1v