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China prioriza soja do Brasil e EUA podem perder bilhões em vendas em 2025

Compradores chineses fecham 8 milhões de toneladas para setembro e metade da demanda de outubro na América do Sul.

247 – A China está concentrando suas compras de soja no Brasil e em outros fornecedores sul-americanos justamente no pico da janela de exportação norte-americana. O movimento pode custar bilhões de dólares aos Estados Unidos neste ano-safra e manter pressão baixista sobre os contratos em Chicago, hoje perto das mínimas de cinco anos. As informações são da Reuters, publicadas pelo InfoMoney.

Segundo três traders ouvidos pela agência, os importadores chineses já concluíram a programação de setembro, com cerca de 8 milhões de toneladas — todas da América do Sul. Para outubro, os compradores garantiram aproximadamente 4 milhões de toneladas, o equivalente a metade da necessidade estimada, também de origem sul-americana.

Para Wang Wenshen, analista da Sublime China Information, “as fortes compras de soja da China no terceiro trimestre sugerem que o setor acumulou estoques antes dos possíveis riscos de fornecimento no quarto trimestre”.

Janela norte-americana sob risco

Tradicionalmente, a maior parte das cargas chinesas de soja dos EUA é embarcada entre setembro e janeiro, antes de a colheita brasileira reassumir o protagonismo. A ausência prolongada da demanda chinesa nesse período — em meio a tensões comerciais ainda sem solução — amplia o risco de perda de receita para exportadores norte-americanos.

No ano passado, a China importou cerca de 105 milhões de toneladas de soja; 22,13 milhões de toneladas vieram dos EUA, por US$ 12 bilhões. Desde a guerra comercial iniciada no primeiro mandato de Donald Trump — hoje presidente dos Estados Unidos — Pequim vem reduzindo a dependência de produtos agrícolas norte-americanos.

Tarifas mantêm grão dos EUA pouco competitivo

Apesar de a Casa Branca pressionar por mais compras, a simples extensão de uma trégua tarifária não resolve o problema: três operadores disseram à Reuters que, com a tarifa de 23% ainda em vigor sobre a soja dos EUA, o produto segue pouco competitivo para a China. Um ajuste tarifário poderia reabrir a janela norte-americana a partir de novembro, avalia o consultor Johnny Xiang, fundador da AgRadar, em Pequim: “Um cenário possível é que, se ambos os lados chegarem a um acordo em novembro, a China poderá voltar a comprar soja dos EUA, potencialmente estendendo a janela de exportação dos EUA e pressionando as vendas de novas safras do Brasil”.

Mesmo sem o imposto, dois traders afirmam que a soja dos EUA para embarque em outubro aparece cerca de US$ 40 por tonelada mais barata do que as cargas brasileiras atualmente adquiridas pela China — diferença que, na prática, não tem sido suficiente para superar a incerteza política e o custo da tarifa. A abundância de estoques em Pequim, após meses de importações em volumes recordes, dá ao país margem de manobra e reforça o poder de barganha na hora de escalar origens.

FOTO: PIXABAY

FONTE: https://www.brasil247.com/mundo/china-prioriza-soja-do-brasil-e-eua-podem-perder-bilhoes-em-vendas-em-2025-6pufk3qf