Proposta reforça multilateralismo e contrasta com a agenda unilateral e belicista dos EUA.
Nesta semana o presidente da China, Xi Jinping, lançou oficialmente a Iniciativa de Governança Global (IGG) durante a Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), em Tianjin. A proposta foi recebida com atenção por líderes de peso como Vladimir Putin, da Rússia, e Narendra Modi, Kim Jong-un, da República Popular Democrática da Coreia, Narendra Modi, da Índia, além de dezenas de países do Sul Global que participam do fórum. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, assinou solenemente um documento aderindo à Iniciativa.
Por José Reinaldo Carvalho
Xi defendeu que o sistema internacional atual encontra-se marcado por desequilíbrios históricos e hegemonias que favorecem um pequeno grupo de potências. A Iniciativa de Governança Global, nesse sentido, se apresenta como alternativa concreta: defende soberania nacional, multipolaridade e desenvolvimento compartilhado, além de criar novas instituições capazes de financiar e coordenar projetos estratégicos de forma independente das estruturas dominadas pelos países imperialistas ocidentais. .
A proposta de Xi Jinping é um novo marco global. Ao apresentar a ideia de uma nova governança, baseada em equidade, respeito mútuo e cooperação, com abordagem centrada nas populações, a China coloca em prática aquilo que muitos países em desenvolvimento reivindicam há décadas: uma ordem internacional sem hegemonias e sem a imposição de agendas externas.
A iniciativa vem acompanhada de medidas concretas, como a criação de um Banco de Desenvolvimento da OCX, a abertura da rede de satélites BeiDou para os países membros e a disponibilização de recursos bilionários em crédito e ajuda técnica. Trata-se de uma oferta real de infraestrutura e desenvolvimento que pode reduzir a dependência histórica das nações emergentes em relação às instituições financeiras controladas pelo Ocidente.
Um contraste com o imperialismo
Enquanto a Iniciativa de Governança Global se ancora no multilateralismo e na cooperação pacífica, as potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos e seus parceiros da Otan, persistem em políticas que combinam isolacionismo, sanções e intervenção militar.
O governo norte-americano, em especial sob a presidência de Donald Trump, voltou a adotar uma estratégia marcada pelo unilateralismo e pela retórica de “América em primeiro lugar”, que enfraquece alianças multilaterais e despreza instituições internacionais. Ao mesmo tempo, a Otan intensificou a lógica da guerra permanente, expandindo a presença militar no Leste Europeu e aumentando tensões em áreas estratégicas da Ásia e do Oriente Médio.
O contraste é evidente: de um lado, a China propõe diálogo, integração econômica e infraestrutura compartilhada; de outro, EUA e aliados reforçam bloqueios, guerras comerciais e pressões militares que minam a paz global.
O papel do Sul Global
Um dos maiores trunfos da Iniciativa de Governança Global é sua capacidade de mobilizar o Sul Global. Países da Ásia, Oriente Médio, África e América Latina veem na iniciativa uma oportunidade para escapar da dependência econômica e política das potências ocidentais. O ingresso de novas nações na OCX e sua adesão às propostas chinesas reforçam que há um movimento coletivo em busca de autonomia estratégica e soberania plena.
Nesse sentido, a Iniciativa de Cooperação Global representa uma mudança de paradigma: em vez de seguir o modelo de dominação e exploração herdado do colonialismo e mantido pelo imperialismo contemporâneo, a proposta chinesa fortalece a ideia de que o mundo multipolar é uma realidade correspondente à necessidade de a garantir estabilidade e prosperidade.
Um novo horizonte de cooperação
Ao lançar a Iniciativa de Governança Global, Xi Jinping reposiciona a China como protagonista da transformação do sistema internacional. Trata-se de um gesto estratégico, visionário e pragmático, que oferece às nações emergentes um caminho alternativo às crises provocadas pelas potências hegemônicas.
Mais do que um projeto econômico, a Iniciativa de Governança Global simboliza a esperança de que a política internacional pode ser conduzida por princípios de paz, respeito e solidariedade. Em contraste com a agenda bélica da Otan e com o isolacionismo norte-americano, a iniciativa chinesa abre espaço para um mundo mais justo e equilibrado, onde a cooperação prevalece sobre o confronto.
Foto: Xinhua
FONTE: https://www.brasil247.com/blog/china-projeta-nova-ordem-com-iniciativa-de-governanca-global