A China decidiu restringir a compra de chips de inteligência artificial dos Estados Unidos, especialmente da Nvidia, em resposta aos embargos históricos impostos por Washington. No novo episódio do DEU TILT, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Helton Simões Gomes e Diogo Cortiz explicam como a medida acelera a autonomia tecnológica chinesa e pode redefinir o cenário global de semicondutores.
A disputa por chips de ponta, essenciais para treinar sistemas de IA, se intensificou depois que os EUA passaram a limitar exportações e vender versões enfraquecidas à China. Agora, Pequim afirma não querer mais esses produtos, apostando na produção interna e no fortalecimento de sua própria indústria de tecnologia.
A China cansou desse vai e vem. Podemos achar que a briga com a China em diversas áreas é só uma política do governo Trump, mas isso vem desde o governo Obama
Helton Simões Gomes
Diante das restrições, a Nvidia chegou a criar chips com capacidade reduzida para exportar à China. Mas, como explica Diogo Cortiz, o governo chinês decidiu interromper até mesmo essas compras, apostando no avanço de empresas locais.
Isso fez com que a Nvidia criasse chips um pouco inferiores, com menos capacidade de processamento de dados para voltar a exportar para a China. E agora a China falou: ‘não quero’. Esse é o movimento que mudou o jogo
Diogo Cortiz
Helton destaca que o desenvolvimento de processadores e CPUs na China vem avançando, ainda que o desempenho não alcance totalmente o nível americano. Ele compara o momento atual ao que ocorreu após a saída do Google do país, quando empresas locais se consolidaram e passaram a competir globalmente.
Quando a China inviabilizou a presença do Google por lá, surgiram Baidu, Alibaba, WeChat, ou seja, várias empresas que hoje são gigantescas dentro da China e começam a atuar fora do país. Imagina quando o Alibaba começar a vender os chips que eles estão fazendo, que são quase equivalentes ao chip mais fraco da Nvidia, para o resto do mundo?
Helton Simões Gomes
Diogo lembra que, embora a indústria chinesa ainda esteja atrás em design, manufatura e litografia, o país já produz chips próximos aos americanos. Segundo ele, relatórios estratégicos indicam que essa diferença deve diminuir consideravelmente na próxima década.
Vários institutos de pesquisa e think tanks que produzem esses relatórios mais estratégicos colocam que, num horizonte de 5 a 10 anos, essa diferença dentro da indústria de semicondutores e litografia dos Estados Unidos para a China deve encurtar. Então a China terá uma capacidade não só de design, mas também de produção
Diogo Cortiz
EUA usam tática chinesa ao criar ‘TikTok made in USA’, e Trump agrada os amigos
O controle do TikTok nos Estados Unidos virou peça-chave na disputa entre EUA e China, com aliados de Donald Trump tentando assumir o comando do aplicativo.
Ainda no governo Joe Biden, os Estados Unidos baniram o TikTok. Obviamente, isso não impediu ninguém de publicar dancinhas ou vídeos engraçadinhos, porque esse banimento foi suspenso algumas vezes, tanto é que ainda hoje o aplicativo funciona lá. Só que essa peleja está prestes a chegar a uma resolução, com uma solução curiosa de inspiração chinesa
Helton Simões Gomes
Desde 2024, o governo americano pressiona a ByteDance, dona chinesa do TikTok, a vender a operação do app no país para um grupo de empresas americanas ou de países aliados. O argumento é de segurança nacional e privacidade de dados, já que o TikTok é controlado por uma companhia chinesa.
Foto: Bao Dandan/Xinhua
FONTE: https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2025/10/15/china-reage-agora-e-ela-quem-diz-nao-aos-chips-de-ia-dos-eua.htm