O governo conseguiu driblar o diagnóstico neoliberal do Banco Central, cuja política de aumento de juros representou clara chantagem de Campos Neto.
O crescimento de 1,4% do PIB no segundo trimestre representou a mais importante lição de economia do presidente Lula, com sua proposta desenvolvimentista, aos economistas neoliberais.
Comprovou que em vez de fazer contenção fiscal, como prega a Faria Lima, para controlar os preços, optou pelo chamado “impulso fiscal”.
O resultado é o óbvio: o que controla a inflação não é o corte de gastos, mas, ao contrário, o aumento dele, para gerar crescimento e arrecadação com a qual se faz justo ajuste fiscal.
A combinação de valorização do salário-mínimo e impulso fiscal elevou a oferta para atender a demanda que cresce com melhor distribuição de renda.
Resultado: PIB em alta e inflação sob controle.
Ficaram satisfeitos todos os setores produtivos, como se verificam as opiniões das confederações de indústria, comércio e serviços, na avaliação da política econômica lulista.
Dessa forma, nos seis primeiros meses do ano, o governo conseguiu driblar o diagnóstico neoliberal do Banco Central, cuja política de aumento de juros básicos representou não esforço monetário para segurar inflação, mas clara chantagem do presidente Campos Neto contra o desenvolvimento nacional.
Neto enganou a população para fazer política favorável ao interesse da Faria Lima, denotando claro posicionamento anti-econômico, anti-desenvolvimento, anti-nacionalismo.
O BC, sob Campos Neto, foge de suas atribuições essenciais de controlar a inflação, por um lado, mas, também, cuidar da oferta de empregos, porque sem oferta de trabalho, o país, como alertou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pode enfrentar não inflação de demanda, mas de oferta.
Mais produto no mercado sem consumidor, por conta da redução do poder de compra que os juros altos do BC produzem, leva os empresários a diminuírem as atividades produtivas para manter constante sua taxa de lucro, fomentando escassez de mercado para seus preços subirem.
Sobretudo, o impulso fiscal e a valorização de salário, como norte da política econômica desenvolvimentista lulista, representam a orientação presidencial básica sobre como deve trabalhar o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que ele indicou para substituir o neoliberal bolsonarista Campos Neto.
Trata-se de uma lição essencial de economia voltada ao interesse popular que confronta o neoliberalismo do BC, que, nos quase dois anos de governo Lula, trabalha contra o interesse nacional.
Garantir senhoriagem do BC estatal
Ao mesmo tempo, o titular do Planalto manda, com sua política desenvolvimentista, claro recado ao Congresso para barrar o crime de responsabilidade que o presidente do BC tenta cometer ao propor, por meio da PEC 65, apoiada pelo mercado financeiro especulativo, comandado pela Faria Lima, transformar o Banco Central de autarquia sob regime jurídico único em empresa privada sob regime de economia mista, desvinculado do orçamento geral da União.
É uma tentativa, como disse o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), no seminário sobre Autonomia do Banco Central, organizado pela TV 247, na quarta-feira, de excluir o BC da política fiscal e do orçamento nacional.
Se essa mudança, contrária ao interesse nacional, configurar-se, por meio de maioria parlamentar de direita e ultradireita neoliberal, o BC, transformado em empresa pública, perde a sua prerrogativa de exercitar senhoriagem.
O que é senhoriagem?
Simplesmente, o privilégio de exercer o monopólio da emissão de dinheiro, que passaria da autarquia estatal para a empresa pública, submetida aos interesses privados.
O direito de senhoriagem é responsável por administrar anualmente capital emitido da ordem de R$ 100 bilhões.
Com essa verba bilionária, o BC privatizado estará subordinado ainda mais ao mercado financeiro, além do que já está, como BC Independente, submetido aos interesses da Faria Lima, especialmente, na manipulação da política monetária à pesquisa Focus, organizada pela banca privada, para produzir, especulativamente, juros altos.
Crime do Legislativo contra população
Tirar o direito de senhoriagem do BC estatal, como autarquia pública, e transferi-lo para um BC empresa pública, rendido aos interesses do mercado especulativo, seria o maior crime cometido pelo Legislativo contra a população.
Certamente, com essa fortuna na mão o BC empresa pública, subordinada ao interesse do mercado, não contribuiria em nada para o ajuste fiscal, bem como teria poder financeiro para chantagear, ainda mais, o governo Lula.
Sob intensa pressão, não é à toa que o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado, senador David Alcolumbre (União Brasil-AP), decidiu que, por hora, em tempo de campanha eleitoral, o assunto estará congelado, à espera de melhor oportunidade, na fase pós-eleitoral, quando terão mais personagens, naquela casa legislativa, para se debruçarem sobre o assunto, politicamente, explosivo.
Enquanto isso, os funcionários do BC estarão totalmente mobilizados contra eventual futuro BC empresa pública, pois, afinal, com mudança do regime jurídico único da entidade, deixarão de ser estatutários para se transformarem em celetistas, perdendo a condição de funcionários de carreira de Estado com estabilidade funcional.
Está em cena, portanto, a luta de classe entre capital financeiro especulativo, de um lado, e os interesses da população, dos trabalhadores, de outro, em escala de alta tensão, para o futuro do país.
Foto: Ricardo Stuckert/PR
FONTE: https://www.brasil247.com/blog/com-pib-em-alta-lula-da-licao-ao-bc-de-como-crescer-combatendo-inflacao-e-sinaliza-como-galipolo-devera-trabalhar