Não foram necessárias mais que 72 horas para o presidente da Câmara cobrir o leilão.
Sem nenhuma explicação plausível, o presidente da Câmara Hugo Motta surpreendentemente pautou o Projeto de Lei da dosimetria, a versão disfarçada de anistia para Bolsonaro e seus comparsas civis e fardados que tentaram perpetrar o golpe de Estado.
“Pautei porque quis”, respondeu um infantil Motta sobre um tema de relevância histórica como o julgamento inédito da Suprema Corte que condenou oito civis e 23 militares implicados na trama golpista.
Com o projeto, a pena de prisão de Bolsonaro em regime fechado poderá ser reduzida de 27 anos e três meses para cerca de dois anos.
A chamada “dosimetria”, antes rechaçada de modo intransigente por Bolsonaro, seus filhos e líderes extremistas, agora passou a ser aceita como uma etapa intermediária até a conquista da anistia para os criminosos.
“A redução de penas será o primeiro degrau da nossa luta pela anistia, ampla, total e irrestrita”, disse o líder do PL Sóstenes Cavalcante.
Nunca é demais lembrar que o texto original de anistia defendida por Tarcísio de Freitas e bolsonaristas propunha uma anistia tão ampla e irrestrita que beneficiava, também, organizações criminosas e, também, milícias privadas.
Não foram necessárias mais que 72 horas para o presidente da Câmara cobrir o leilão e pagar o preço da candidatura de Flávio Bolsonaro, colocada à venda pelo próprio candidato no dia seguinte ao lançamento, em 6 de dezembro.
Com a votação do PL, Motta compra a unção do seu correligionário Tarcísio de Freitas, do Republicanos, como o candidato anti-Lula do bolsonarismo para representar a aliança do direitismo e do fascismo na eleição de 2026.
O presidente da Câmara, um político medíocre e de estatura menor que precisa aplicar Gumex no cabelo para aparentar maturidade política, é um preposto de Eduardo Cunha e Arthur Lira que não consegue disfarçar sua total organicidade à extrema-direita, como ficou explícito na votação da PEC da Bandidagem, na derrubada do IOF, no PL Antifacção e em outras pautas de retrocessos.
Para aparentar uma falsa equidistância e equilíbrio, numa jogada combinada com os bolsonaristas, Motta anunciou hoje o início do processo de cassação de Eduardo Bolsonaro por excesso de faltas, medida que deveria ter adotado há meses, mas que ele procrastinou ao máximo para não abalar o apoio do bolsonarismo radicalizado a Tarcísio.
Motta continua, no entanto, cometendo crime de responsabilidade em relação a outros bolsonaristas foragidos e condenados pelo STF –Alexandre Ramagem e Carla Zambelli–, que deveriam perder o mandato por ato administrativo de ofício da Mesa da Câmara, presidida pelo próprio Motta.
Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados
FONTE: https://www.brasil247.com/blog/com-pl-da-dosimetria-motta-paga-preco-da-candidatura-de-flavio-para-tarcisio