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Desmascarar o sionismo e o imperialismo estadunidense: a urgência da paz no Oriente Médio

A guerra contra o Irã escancara o projeto criminoso de Netanyahu e Trump; é hora de deter a agressão, defender o Irã e salvar a paz mundial.

A nova escalada militar no Oriente Médio, marcada pelos brutais ataques lançados por Israel contra o Irã, representa um dos capítulos mais perigosos e escandalosos da geopolítica contemporânea. Por trás da narrativa de “autodefesa” ou de “combate ao terrorismo” e ao programa nuclear do país persa, o que está em curso é uma guerra de agressão planejada com frieza e destaçatez pelo regime sionista de Tel Aviv, com anuência explícita do governo dos Estados Unidos, hoje chefiado novamente por Donald Trump. Esta guerra tem objetivos claros, e nenhum deles está ligado à paz ou à segurança: destruir o programa nuclear iraniano, derrubar o governo iraniano, assassinar o Líder Supremo Ali Khamenei, redesenhar o mapa político do Oriente Médio ao talante de Israel e consolidar o domínio absoluto de um “Estado” que, longe de ser um ente nacional normal, age como um pária global, inimigo da convivência pacífica entre as nações.

Por José Reinaldo Carvalho

Os criminosos desmascarados 

Benjamin Netanyahu, um tiranete de longa permanência à frente do governo israelense, é hoje o rosto mais visível da máquina de guerra sionista. Usando a retórica da sobrevivência e do “direito de Israel se defender”, o primeiro-ministro israelense alimenta uma estratégia expansionista, supremacista e profundamente racista. A guerra contra o Irã é o desdobramento mais recente desse plano. É uma guerra proclamada pelos agressores como existencial, mas que, na prática, visa a exterminar o adversário regional mais poderoso capaz de contrabalançar o poderio israelense e estadunidense na região.

Netanyahu nunca escondeu seus objetivos: impedir o Irã de se desenvolver tecnologicamente, mesmo em bases pacíficas; evitar a influência iraniana na região; destruir, de uma vez por todas, qualquer possibilidade de resistência árabe-islâmica coordenada contra o colonialismo israelense e suas ocupações ilegais. A obsessão do premiê israelense com o Irã é acompanhada de delírios messiânicos, que o levam a acreditar que pode matar líderes soberanos de outros países impunemente, com o falso pretexto de caçar terroristas. A ameaça pública de eliminar o aiatolá Ali Khamenei, líder máximo da República Islâmica, é uma afronta direta à Carta das Nações Unidas, ao direito internacional e à própria ideia de soberania nacional.

Se Netanyahu é o executor da guerra, Donald Trump é o seu cúmplice e patrocinador. Em seu segundo mandato, o presidente dos EUA reedita os piores momentos do unilateralismo estadunidense. Longe de buscar a diplomacia, Trump opta pela “pressão máxima”, um eufemismo para bloqueios econômicos, sanções extraterritoriais, sabotagem diplomática e estímulo ao belicismo. É a continuidade da política que levou à saída dos EUA do Acordo Nuclear de 2015 (JCPOA), violando um compromisso multilateral que havia sido negociado por anos.

Trump não apenas tomou conhecimento do ataque israelense ao Irã como o aprovou nos bastidores, encorajando Netanyahu a levar adiante a ofensiva. E não descarta a possibilidade de participação direta nessa guerra. Esta cumplicidade criminosa deve ser denunciada. Os EUA não são espectadores, são atores centrais da agressão em curso. O que se quer impor ao Irã é uma rendição incondicional. E isso, com toda a razão, a República Islâmica recusa.

Rechaçando a mentira nuclear 

O pretexto nuclear sempre foi o cavalo de batalha do sionismo e do imperialismo para tentar isolar e submeter o Irã. Acusam a República Islâmica de desenvolver armas atômicas, sem jamais apresentarem provas consistentes. Mas agora, a própria Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), através de seu diretor Rafael Grossi, desmonta mais uma vez esse castelo de mentiras. Grossi foi claro: “Não temos evidências de que o Irã esteja desenvolvendo armas nucleares. O que existe é um programa civil, monitorado, com salvaguardas e inspeções regulares”.

A declaração do chefe da AIEA expõe a falsidade das alegações de Netanyahu e do presidente estadunidense Donald Trump. Ambos fazem uso político da ameaça nuclear para justificar ações militares ilegais e pressionar a comunidade internacional a adotar sanções unilaterais e ilegítimas contra Teerã. É a diplomacia da chantagem e da fabricação de inimigos imaginários para legitimar uma agenda intervencionista.

Um “Estado” que renega os Estados nacionais legítimos 

É preciso dizer com todas as letras: Israel não é um Estado nacional como os demais. Não se trata aqui de negar sua existência, mas de afirmar sua natureza excepcional e criminosa. Israel mantém uma ocupação colonial por meios violentos e criminosos, semelhantes aos do nazismo, em pleno século XXI, que desafia abertamente as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que comete genocídio contra o povo palestino e que age militarmente em territórios soberanos alheios sem qualquer consequência.

Israel é o único país com arsenal nuclear no Oriente Médio – nunca inspecionado, nunca submetido a controle internacional. E é o único que se arroga o direito de decidir quem pode ou não ter acesso à energia nuclear. Essa arrogância deriva de sua ideologia sionista, que outrora foi equiparada pela própria ONU como equivalente ao racismo. Uma ideologia exclusivista, racista e teocrática, que submete toda a política israelense ao dogma da superioridade judaica e à expansão territorial a qualquer custo. O sionismo não é uma filosofia de libertação, mas uma ideologia de ocupação e supremacia. É contra essa ideologia e a política que dela deriva, e não contra um povo ou uma religião, que se deve erguer a resistência legítima dos povos do Oriente Médio e do mundo.

A legítima defesa do Irã

Diante dos ataques israelenses, o Irã tem o direito soberano de se defender. Tem o direito de proteger seu território, seu povo e sua liderança. Tem o direito de manter seu programa nuclear civil, sob supervisão internacional, para fins energéticos, científicos e médicos. O Irã, ao contrário de Israel, é signatário do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), submete-se às inspeções da AIEA e coopera com mecanismos multilaterais de segurança.

É falso o discurso de que o Irã é uma ameaça. O país jamais invadiu seus vizinhos, ao contrário de Israel e dos EUA. É um ator regional com interesses legítimos, aliado de países como Palestina, Síria, Líbano, Iêmen e Iraque, membro do BRICS e promotor da multipolaridade. Seu apoio a grupos como Hezbollah e os houthis é parte de uma aliança geoestratégica que busca conter a hegemonia do eixo Tel Aviv-Washington. Chamar isso de “terrorismo” é inverter a realidade.

Cessar-fogo imediato: paz para os povos

Diante da escalada atual, os governos e forças políticas amantes da paz e defensores do Direito Internacional, devem exigir um cessar-fogo imediato. A agressão israelense ao Irã é parte do mesmo ciclo de violência que sustenta a limpeza étnica na Palestina. O genocídio de Gaza, as execuções arbitrárias na Cisjordânia, os bombardeios no Líbano e na Síria – tudo isso faz parte de um projeto maior, que visa a eliminar a resistência popular à dominação sionista.

A paz no Oriente Médio passa pela contenção de Israel e pela retomada de processos diplomáticos com base na igualdade entre as nações. Não há paz possível enquanto Israel for autorizado a agir acima das leis, enquanto mantiver a ocupação da Palestina e enquanto for a expressão máxima no mundo contemporâneo do racismo, supremacismo e  colonialismo. A paz exige justiça, o fim do apartheid, o respeito à soberania do Irã e a restituição dos direitos dos povos árabes e muçulmanos.

Deter o sionismo e o imperialismo

Não há como tergiversar: a política israelense atual, com o apoio cúmplice dos EUA, representa um perigo global. Trata-se de uma aliança tóxica entre o sionismo e o imperialismo, ambos belicistas e  unilateralistas, que põe em risco a paz mundial, destrói os verdadeiros Estados soberanos e promove a barbárie.

Deter essa política é tarefa de todos os povos. O mundo precisa parar Netanyahu, conter Trump e garantir que o Irã — assim como todos os países — possa existir, desenvolver-se e se defender dentro dos marcos da legalidade internacional.

Não é o Irã que ameaça o mundo. É Israel. É o sionismo. É o imperialismo.

A guerra em curso no Oriente Médio não é apenas um conflito regional. É uma batalha entre dois projetos de mundo. De um lado, o imperialismo e o sionismo, de outro, os povos que lutam por autodeterminação, soberania e convivência multilateral.

É urgente denunciar esses atores pelo que realmente são: fomentadores do caos, violadores das normas internacionais, criminosos contra a paz. Cabe aos países do Sul Global, aos movimentos sociais, aos defensores da legalidade internacional e da autodeterminação dos povos levantarem a voz.

É hora de deter a mão criminosa de Israel, exigir o fim imediato dos bombardeios contra o Irã, garantir o direito deste país ao seu desenvolvimento soberano e colocar fim, de uma vez por todas, ao massacre do povo palestino.

FOTO: Wikimedia Commons

FONTE: https://www.brasil247.com/blog/desmascarar-o-sionismo-e-o-imperialismo-estadunidense-a-urgencia-da-paz-no-oriente-medio