Margem Equatorial promete 10 bilhões de barris e transformação social no Norte e Nordeste. Petróleo pode gerar 300 mil empregos com aval do Ibama.
A Margem Equatorial Brasileira, uma vasta faixa que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá, consolidou-se em 2025 como uma das apostas mais ambiciosas do setor petrolífero global. Com um potencial estimado em 10 bilhões de barris de óleo equivalente, a região abrange bacias como Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar, atraindo os olhares da Petrobras e do governo federal. Com o pré-sal, principal motor da produção nacional, projetado para entrar em declínio a partir de 2030, a Margem Equatorial surge como uma resposta para manter o Brasil competitivo no cenário energético global, enquanto promete impulsionar o desenvolvimento socioeconômico do Norte e Nordeste, regiões marcadas por desigualdades históricas.
Reservas que rivalizam com gigantes globais – A Margem Equatorial tem características geológicas que a tornam altamente atrativa. Estudos da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), atualizados em abril de 2025, apontam semelhanças com as bacias da Guiana e do Suriname, que se tornaram referência no setor. Na Guiana, a produção atingiu 650 mil barris por dia em 2024, gerando receitas de US$ 5 bilhões anuais, enquanto o Suriname alcançou 250 mil barris por dia, com faturamento de US$ 1,2 bilhão, segundo a Wood Mackenzie. No Brasil, as estimativas de 10 bilhões de barris foram confirmadas por geólogos da Universidade Federal Fluminense (UFF) em maio de 2025, que destacaram a viabilidade técnica e a importância estratégica da exploração para a soberania energética do país.
A Petrobras está liderando os esforços com um plano robusto. Até maio de 2025, a estatal investiu US$ 1 bilhão na região, com a meta de alcançar US$ 3 bilhões até o fim de 2028, segundo seu plano estratégico de 2025-2029. Nos primeiros cinco meses do ano, 7 dos 16 poços exploratórios previstos foram perfurados, com resultados promissores na bacia da Foz do Amazonas, onde reservas de alta qualidade foram identificadas. Magda Chambriard, presidente da Petrobras, afirmou em entrevista que a empresa utiliza tecnologias avançadas, como mapeamento geológico via inteligência artificial e sistemas de perfuração de baixa emissão, para garantir eficiência e minimizar impactos ambientais. “Estamos focados em transformar a Margem Equatorial em um modelo de sustentabilidade e inovação”, declarou.
Um impulso para o Norte e Nordeste – A exploração na Margem Equatorial vai além da energia — é uma oportunidade de transformação social. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), publicado em maio de 2025, projeta a criação de 300 mil empregos diretos e indiretos até 2030, impactando 300 municípios. Esses empregos abrangem desde engenheiros até trabalhadores de setores de apoio, como logística e serviços, movimentando as economias locais.
No Amapá, a bacia da Foz do Amazonas é o foco das expectativas. O estado, que em 2024 tinha um PIB per capita de R$ 20.150 e uma taxa de desemprego de 9,5% (segundo o IBGE), já registra avanços. Dados do primeiro trimestre de 2025 mostram um aumento de 7% no PIB per capita, agora em R$ 21.560, impulsionado por investimentos iniciais da Petrobras e pela preparação de infraestrutura local. A CNI estima que, até 2040, esse indicador pode crescer 28%, com royalties anuais de R$ 2,5 bilhões a partir de 2028, que devem ser aplicados em saúde, educação e infraestrutura.
No Rio Grande do Norte, a bacia Potiguar está sendo revitalizada. Com uma infraestrutura mais consolidada devido à exploração em águas rasas, a região recebeu um aporte de R$ 500 milhões da Petrobras em 2025 para modernizar instalações, o que deve gerar 15 mil empregos até 2027. Os royalties, estimados em R$ 1,5 bilhão anuais a partir de 2029, serão direcionados para projetos sociais, como a construção de escolas técnicas e hospitais, segundo o governo estadual.
O governo federal considera a Margem Equatorial uma prioridade estratégica. O Ministério de Minas e Energia, liderado por Alexandre Silveira, tem trabalhado para agilizar licenças ambientais e atrair investimentos internacionais. Em abril de 2025, foi selada uma parceria com a estatal chinesa Sinopec, que aportará US$ 800 milhões para projetos na Foz do Amazonas. “Estamos construindo um futuro onde o petróleo impulsiona o desenvolvimento social e a independência energética”, afirmou Silveira em evento em Belém.
Infraestrutura: o desafio de construir uma base sólida – Os desafios logísticos são significativos. A infraestrutura limitada da região exige investimentos robustos para suportar as operações. Um relatório da CNI, revisado em maio de 2025, estima que serão necessários R$ 3,8 bilhões para modernizar portos, R$ 2,5 bilhões para melhorar o fornecimento de energia e R$ 1 bilhão para expandir as telecomunicações, valores ajustados pela inflação e pelo aumento dos custos de materiais. A Petrobras já alocou R$ 600 milhões para melhorias portuárias no Amapá e no Pará, mas a colaboração entre os setores público e privado será essencial.
O porto de Santana, no Amapá, precisa de dragagens e expansões para receber plataformas e equipamentos de grande porte. Em 2025, obras no valor de R$ 200 milhões foram iniciadas, com previsão de aumentar a capacidade em 40% até 2027. A energia elétrica é outra preocupação: quedas frequentes ameaçam as operações. A CNI recomenda a construção de duas novas subestações, ao custo de R$ 300 milhões cada, para atender à demanda.
A conectividade também é um gargalo. A falta de internet confiável prejudica a comunicação entre as bases operacionais e os centros de comando. Em maio de 2025, a Petrobras firmou um contrato com a Starlink para instalar 50 antenas de internet via satélite, ao custo de R$ 10 milhões, garantindo maior agilidade nas operações. Apesar desses avanços, a integração entre governos federal, estaduais e empresas privadas será crucial para superar os desafios logísticos.
Sustentabilidade em debate: equilíbrio entre progresso e preservação – O licenciamento ambiental é um dos temas mais delicados. Ambientalistas alertam para os riscos à biodiversidade, especialmente na Foz do Amazonas, que abriga ecossistemas frágeis, como recifes de corais e manguezais. Organizações como o Greenpeace defendem que os recursos deveriam ser direcionados para energias renováveis, como solar e eólica, em vez de novos projetos fósseis. O Instituto Arayara intensificou suas ações judiciais em 2025, argumentando que os estudos de impacto ambiental da Petrobras são insuficientes.
A Petrobras, por sua vez, busca demonstrar seu compromisso com a sustentabilidade. Em 24 de maio de 2025, o Ibama concedeu uma autorização crucial para que a estatal avance com a implementação do projeto na Foz do Amazonas, após a empresa apresentar um plano revisado de mitigação de impactos. A licença permite a perfuração de até 10 poços exploratórios adicionais até 2026, com a condição de que a Petrobras intensifique o monitoramento ambiental e invista em programas de preservação. Tecnologias de baixo impacto, como sistemas de monitoramento em tempo real e técnicas de perfuração que reduziram as emissões em 35% em relação ao pré-sal, estão sendo empregadas, segundo dados da estatal. Além disso, o programa Desenvolve Amazônia, lançado em março de 2025 com um orçamento de R$ 50 milhões, tem capacitado comunidades locais e promovido iniciativas de preservação ambiental.
O governo federal busca um equilíbrio. O Ministério do Meio Ambiente, liderado por Marina Silva, insiste na necessidade de uma Avaliação Ambiental de Áreas Sedimentares (AAAS) mais abrangente, enquanto o Ministério de Minas e Energia defende que os estudos já realizados são suficientes. A autorização do Ibama, no entanto, sinaliza um avanço, abrindo caminho para a Petrobras acelerar suas operações na região.
Progresso autorizado: um marco para o projeto
A autorização do Ibama, concedida em 24 de maio de 2025, é um divisor de águas para a Margem Equatorial. Posts recentes no X indicam que a Petrobras confirmou a chegada de uma sonda à região até o fim de junho de 2025, um passo concreto após a liberação ambiental. Abaixo, um gráfico detalha os marcos alcançados e os próximos passos previstos após a decisão do Ibama.

O gráfico acima mostra a evolução dos poços perfurados e dos investimentos na Margem Equatorial. Com a autorização do Ibama, a Petrobras planeja perfurar mais 2 poços até julho de 2025, alcançando 12 até o fim do ano, e 17 até o fim de 2026. Os investimentos, que atingiram US$ 1 bilhão em maio, devem chegar a US$ 1,5 bilhão até julho e US$ 3 bilhões até o fim de 2026, refletindo o ritmo acelerado das operações.
Lições do Oriente Médio: um modelo para o Brasil – Experiências internacionais oferecem lições valiosas. Na Arábia Saudita, a exploração de petróleo reduziu a pobreza extrema de 40% em 1970 para 2,8% em 2024, segundo o Banco Mundial, com os ganhos sendo investidos em infraestrutura, saúde e educação. Os Emirados Árabes Unidos diversificaram sua economia, com setores como tecnologia e turismo respondendo por 32% do PIB em 2025. No Brasil, os recursos da Margem Equatorial podem seguir um caminho semelhante, financiando programas sociais e inovação tecnológica.
Os números financeiros reforçam o potencial. Em 2025, os bônus de assinatura dos leilões de blocos exploratórios na Margem Equatorial somaram R$ 500 milhões, segundo a ANP. Os investimentos totais na região devem alcançar R$ 3 bilhões até 2028, em um momento em que a demanda global por petróleo permanece alta, mesmo com a transição energética em curso.
Uma oportunidade que não pode escapar – A Margem Equatorial é mais do que uma fonte de petróleo — é uma chance de reescrever a história do Norte e Nordeste brasileiro. A Petrobras, com sua expertise e visão estratégica, está pronta para liderar essa transformação, especialmente agora com o aval do Ibama para avançar. O sucesso, porém, dependerá de uma abordagem que una crescimento econômico, responsabilidade ambiental e inclusão social. O Brasil não pode deixar essa oportunidade escorregar.
O conhecimento que guia a exploração da Margem Equatorial é uma força poderosa, sempre disponível para quem o busca, mostrando que nunca é tarde para inovar e transformar. Mas a vida, assim como as chances de mudar realidades, é curta demais para deixar projetos tão vitais incompletos.
Foto: Petrobrás
FONTE: https://www.brasil247.com/blog/despertando-o-petroleo-esquecido-margem-equatorial-ganha-forca-em-2025-b22158nq