O império sob o presidente Donald Trump abandonou a pax americana.
O fascismo, crise aguda do capitalismo, leva a humanidade a um tempo de destruição que abala a democracia, condenando-a à mera representatividade sem força política, cristalizando-se como conceito de desutilidade histórica.
Se deixa de ser útil, conforme a lei maior do capitalismo, que é a utilidade, a ideologia utilitarista deixa, então, de ser verdade.
O império sob o presidente Donald Trump abandonou a pax americana.
Rasgou a máscara.
Agora, é tempus belli, velha guerra de conquista.
Em cena global, a ideologia da destruição.
A democracia é incompatível com a agressividade da guerra.
O governo Trump prometeu uma coisa e fez outra.
Ambiguidade total.
As guerras, disse em campanha, iriam acabar.
O presidente tinha por meta recuperar a indústria nacional mediante protecionismo comercial como antídoto à perda de competitividade para a China.
O propósito de Trump falhou, porque a China está ganhando a competição comercial e, pior para os Estados Unidos, abrindo e ampliando mercados.
Filosofia chinesa anti-guerra, maior inimiga
Maior produtividade, maior conhecimento, maior espírito de cooperação — enfim, filosofia anti-guerra — colocou a China na vanguarda do objetivo maior da população mundial: o desenvolvimento com justiça social e distribuição de renda.
O discurso chinês pela produtividade cooperativa matou o discurso agressivo, isolacionista e egoísta trumpista.
A alternativa Trump, fracassado em seu propósito inicial de criar uma era de paz fortalecendo a indústria americana com protecionismo, foi render-se à lógica do capitalismo de guerra — arma desenvolvimentista do império americano, substituto do imperialismo inglês.
Com o argumento de guerra para salvar Israel, detonou a economia belli e enterrou a economia neoliberal anti-funcional, protecionista, que aceleraria a decadência americana.
Seria voltar ao laissez-faire, que leva à deflação e à destruição de capital.
Opção pela deflação, como disse Keynes, é um erro eterno.
Máquina de guerra combate multilateralismo
Trump partiu para a guerra, levando o capital americano novamente aos conflitos externos para ativar a máquina de produção bélica e espacial, que depende do aumento dos gastos do governo como cliente consumidor de guerra.
Os gastos públicos em guerra são proporcionalmente crescentes para puxar a demanda global.
A estrutura produtiva e ocupacional imperial precisa vender armas para sustentar a acumulação capitalista imperialista expansionista, anti-cooperativa, por ser intrinsecamente agressiva, em termos geopolítico e econômico.
Principal inimiga
Trump, como todos já perceberam, quer dominar o Irã, como pretexto para disputar a hegemonia com a China, alvo principal da economia de guerra.
O Irã, por sua vez, é a peça-chave do multilateralismo chinês que, de acordo com os estrategistas americanos, precisa ser destruído.
Se Trump conseguisse essa façanha, os Estados Unidos controlariam o Estreito de Ormuz para enforcar os chineses, dependentes do petróleo iraniano que passa pelo famoso canal estratégico.
Interrompê-lo afetaria as relações globais em conflito, no tempo da destruição imperialista, que tenta subjugar o tempo da construção cooperativa pregado pela China.
Trump, portanto, invadiu o Irã para aprofundar a guerra contra a China, que ganha a concorrência comercial dos Estados Unidos.
Visão ideológica chinesa esvazia dólar
O nacionalismo internacionalista chinês, movendo-se rumo ao socialismo, abre novos mercados pelo apelo à cooperação.
Dessa forma, dita nova ideologia cooperativa global, alternativa ao utilitarismo capitalista de guerra.
Ao mesmo tempo, esvazia — com expansão dos mercados por mercadorias chinesas — o valor do dólar, reduzindo sua influência como moeda hegemônica.
A produtividade chinesa acelerada desdolariza e desvaloriza o dólar, enquanto valoriza o yuan chinês nas relações de trocas globais.
A economia de guerra, que produz não-mercadorias (produto bélico e espacial consumido pelo gasto estatal) para a destruição, tem, portanto, na produtividade chinesa seu inimigo principal, que precisa ser destruído.
Caso contrário, a produtividade chinesa acelerada desloca o dólar como moeda hegemônica.
A guerra contra o Irã é o preparativo para a grande guerra, que visa atacar a produtividade chinesa — imparável por propor um propósito cooperativo global, a nova ideologia multilateralista para combater o marginalismo utilitarista ideológico.
Palestina, o laboratório da destruição
O massacre dos palestinos, do ponto de vista do império americano, é a chama da guerra que precisa estar acesa para guerrear os chineses, em vantagem na disputa capitalista global.
A produtividade da economia de guerra, que se alimenta da própria guerra, requer a ampliação constante dos conflitos, para gerar subprodutos que se transformarão em objeto de consumo tecnológico, fomentando individualismo agressivo, anti-cooperativo.
A Palestina sob massacre é o treinamento da agressão expansionista imperialista trumpista.
Trump keynesiano
Trump, portanto, partiu para a economia de guerra como resultado da derrota na guerra tarifária, seu projeto original para fortalecer o capitalismo americano.
Era o sonho de uma noite de verão do presidente megalomaníaco.
Agora, ele aprendeu a lição, a mesma que Keynes ditou para o presidente Roosevelt, em 1936:
“Penso ser incompatível com o capitalismo que o governo eleve seus gastos na escala necessária capaz de fazer valer a minha tese — a do pleno emprego —, salvo em condições de guerra. Se os Estados Unidos se insensibilizarem para a preparação das armas, aprenderão a conhecer sua força.”
(Lauro Campos, em A crise da ideologia keynesiana, ed. Boitempo, 2012).
Trump agora, sob pressão da indústria armamentista, insiste na trilha keynesiana ao apostar na força e abandonar a trilha neoliberal do protecionismo comercial, incompatível com a expansão do poder imperial.
Colapso do neoliberalismo
Sem a guerra, a expansão não existe, e o capitalismo neoliberal retorna à crise de 1929, propensa à expansão da hiperinflação, se não for contida por dívida pública, em modelo antineoliberal.
Eis o sentido maior das bombas que o presidente Trump mandou jogar no Irã para destruir suas usinas atômicas.
Com esse tiroteio, Trump age como quem já chegou lá, ou seja, ao apogeu, abalando o sistema iraniano nacionalista, apoiado pela Rússia e pela China.
Pode ser uma amarga ilusão.
O aiatolá Khamenei disse que o Irã não se abalou e que venceu a disputa com Israel, sucursal dos Estados Unidos no Oriente Médio.
O clima de guerra se desloca, agora, para Wall Street, intranquila diante da suposta mentira de Trump de que destruiu as usinas iranianas, ao contrário do que dizem especialistas e o governo iraniano.
O Irã resistente às bombas eleva a instabilidade bursátil, desvaloriza o dólar e aumenta a inflação.
Guerra pisa na democracia
O estado de guerra, portanto, permanece, a partir da ação intervencionista dos Estados Unidos para socorrer Israel contra o Irã, sem consultar o Congresso americano.
A democracia foi pisada por ações de guerra.
O império entrou em tempo de destruição como reprodução do capital.
Marx profetizou que, historicamente, o capitalismo desenvolveria ao máximo as forças produtivas, até entrar em crise de superacumulação e queda da taxa de lucro.
A partir de então, passa a produzir o oposto ao máximo: a expansão das forças destrutivas.
A economia de guerra é o âmago da macroeconomia política capitalista que, no limite, produz o fascismo.
Sem economia de guerra, o império não gera renda suficiente para sustentar a máquina imperialista expansionista.
A crise da ideologia keynesiana, que o ex-senador Lauro Campos, do PT, descreve como grande ensaio marxista, é dada pela incerteza financeira que a economia de guerra produz em forma de propensão popular à fuga pela liquidez — correndo aos bancos.
Guerra x perigo de pânico social
A solução keynesiana, que expande dívida pública como saída para a acumulação sem limites do capital, cria, com esse espírito social preventivo que teme a guerra e a destruição da poupança popular, o pânico nas bolsas.
A predominância da economia de guerra, que se nutre da financeirização global especulativa, cria riscos que tendem a sair do controle das elites imperialistas.
A China, com sua proposição oposta, aumenta o pânico do capital especulativo, propenso à guerra, sob risco de implosão financeira.
Os chineses fazem o contrário: promovem a cooperação global na África.
Os africanos entrarão na China mediante política tributária diferenciada, capaz de permitir competitividade aos seus produtos em relação aos demais países que disputam o cobiçado mercado da China.
Eis o novo choque global: a total incompatibilidade entre a economia de guerra imperialista trumpista e a economia da cooperação chinesa, como arma reflexo nos BRICS, é o novo antagonismo global dialético.
A China, do ponto de vista dialético, é a negação dos Estados Unidos imperialistas aos olhos da humanidade.
Guerra x Cooperação: quem vencerá?
Foto: CGTN
FONTE: https://www.brasil247.com/blog/destruicao-x-cooperacao-choque-dialetico-global-china-x-eua-no-seculo-xxi