Após uma reunião realizada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com empresários e representantes dos Estados Unidos para discutir o impacto das novas tarifas anunciadas por Donald Trump sobre produtos brasileiros, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) intensificou as críticas à conduta do governador.
Conflito no Bolsonarismo
Eduardo, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliado do ex-presidente americano Donald Trump, classificou a postura de Tarcísio como uma “subserviência servil às elites”. A crítica veio especialmente após o governador reunir 15 empresários paulistas e figuras da diplomacia americana, como Gabriel Escobar, da Embaixada dos EUA, e Benjamin Wohlauer, representante consular, na tentativa de construir alternativas para evitar o chamado “tarifaço” — uma tarifa de 50% contra produtos brasileiros, prometida por Trump em resposta ao julgamento de Bolsonaro pelo STF.
Nas redes sociais, Eduardo acusou Tarcísio de ignorar o impacto da medida sobre a indústria e o comércio nacional e de defender interesses das elites em vez dos interesses nacionais. “Se você estivesse realmente olhando para qualquer parte da nossa indústria ou comércio, estaria lutando contra o regime de exceção que ameaça a economia brasileira e nossas liberdades. Para você, a subserviência é sinônimo de patriotismo”, escreveu Eduardo, diretamente ao governador.
Disputa pela Liderança Conservadora
A tensão entre os dois políticos ganha relevância porque ambos são cotados como eventuais candidatos do bolsonarismo nas eleições de 2026, já que Jair Bolsonaro permanece inelegível até 2030. Tarcísio, no comando do maior estado do país, busca equilibrar acenos ao eleitorado conservador, apoio empresarial e a busca por impacto econômico reduzido com o tarifaço americano.
Eduardo, por sua vez, que está nos Estados Unidos desde março fortalecendo laços com o entorno de Trump, reprova qualquer tentativa de diálogo empresarial para suavizar a medida e se apresenta como representante legítimo dos interesses do bolsonarismo no exterior. “Já provamos que somos mais efetivos do que o próprio Itamaraty”, declarou em entrevista.
Bastidores e Repercussão
Segundo relatos, empresários demonstraram insatisfação com o que consideram politização do debate por parte de Tarcísio, que buscou se distanciar de declarações mais contundentes favoráveis a Trump ou ao ex-presidente Bolsonaro após o anúncio das tarifas americanas. Após a reunião — que ocorreu no mesmo horário em que o vice-presidente Geraldo Alckmin debatia o tema em Brasília — Tarcísio não deu declarações à imprensa, em meio ao desgaste político e às críticas do setor produtivo.
O episódio evidencia uma disputa interna no campo conservador sobre como articular a defesa dos interesses econômicos nacionais diante de pressões externas, e qual é o papel legítimo das lideranças políticas brasileiras nesse contexto.
Foto: Lula Marques/Agência Brasil
FONTE: Agência de Notícias ABJ – Associação Brasileira dos Jornalistas
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