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Em Belém, Dilma garante apoio do Banco do BRICS a um transição ecológica justa, focada nas pessoas

Na COP30, presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento vincula justiça social à luta contra a crise climática e defende ação global.

Brasil de Fato – A presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, afirmou no final da tarde desta quinta-feira (6) que a instituição que comanda está pronta para financiar projetos que promovam uma transição justa, com foco em inovação, proteção ambiental e desenvolvimento social. A declaração foi feita durante seu discurso na abertura da cúpula de chefes de Estado da Conferência das Partes (COP), realizada em Belém (PA).

Última a falar na plenária inaugural do encontro, Dilma lembrou que a cidade amazônica que sedia a conferência “nos lembra, com força, que proteger a natureza e promover o bem-estar humano são tarefas indissociáveis”. Segundo ela, o futuro dos povos está diretamente atrelado às decisões tomadas neste momento.

Ao apontar os impactos já vividos em razão da crise climática – como enchentes, perdas agrícolas e insegurança alimentar – Dilma destacou que os países em desenvolvimento são os mais atingidos. “Sabemos que são os mais pobres aqueles que mais sofrem”, observou.

Financiamento climático com moedas locais

No discurso, Dilma defendeu que a ação climática deve estar conectada a uma estratégia ampla de progresso social, com empregos, inovação e proteção dos mais vulneráveis. Para isso, afirmou que o NDB está comprometido em apoiar os países-membros com financiamento em condições mais favoráveis.

“A cada megawatt de energia limpa financiado; a cada hectare restaurado; a cada comunidade retirada da vulnerabilidade ambiental, estamos expressando nosso compromisso com uma transição justa”, disse. Ela reforçou que o banco atuará como parceiro multilateral ampliando o financiamento climático, impulsionando a difusão de tecnologias verdes e oferecendo soluções em moedas locais.

A ênfase no uso de moedas nacionais em vez do dólar já vinha sendo defendida pela ex-presidenta em outros fóruns. Em julho, Dilma afirmou que “financiamentos denominados em moedas locais ajudam a mitigar riscos cambiais” e tornam o crédito mais acessível para países em desenvolvimento.

A proposta faz parte de uma estratégia do banco para fortalecer a autonomia dos países do Sul Global diante da instabilidade geopolítica. Dilma afirmou que “conflitos geopolíticos, guerras, protecionismos e instabilidades financeiras” têm corroído a confiança global e dificultado o fluxo de recursos e tecnologias, justamente quando a cooperação internacional é mais urgente.

Diante desse cenário, disse que o NDB está “pronto para atuar como parceiro multilateral, ampliando o financiamento climático, impulsionando a difusão de tecnologias verdes, oferecendo soluções em moedas locais, mobilizando investimentos e capacidades necessárias para uma infraestrutura alinhada aos critérios do Acordo de Paris”.

Acordo de Paris e ordem internacional em xeque

Segundo Dilma, defender o papel do Acordo de Paris é um pacto civilizatório. Para ela, a promessa de limitar o aquecimento global a 1,5 °C está ameaçada, e o mundo corre o risco de ver metas irreversíveis escaparem. “O ‘gap’ não é apenas numérico – é existencial”, alertou.

Ela criticou o desrespeito à soberania de países em desenvolvimento por parte das potências e lembrou que o esforço climático precisa reconhecer contextos distintos. “Alguns ainda parecem crer que deve prevalecer a lei do mais forte”, disse, ao defender uma ordem baseada em valores compartilhados e no respeito ao direito internacional.

“A mudança do clima não espera por ninguém e não respeita fronteiras”, disse Dilma, em defesa da cooperação como única saída viável para uma ação coletiva efetiva.

“A história julgará nossa geração não pelas declarações que fizermos, mas pela determinação com que agirmos”, concluiu.

Banco do BRICS

Criado em 2014, o Novo Banco de Desenvolvimento é a principal estrutura financeira do BRICS e tem buscado se consolidar como alternativa ao modelo de Bretton Woods. Sob liderança de Dilma desde 2023, o banco tem reforçado sua presença internacional com expansão de projetos, emissão de títulos e foco em desenvolvimento sustentável.

Atualmente, o banco conta com 11 países-membros e já financiou mais de 120 projetos, totalizando cerca de US$ 40 bilhões em investimentos. Só o Brasil concentra 29 desses projetos, com um desembolso de US$ 4 bilhões.

Foto: Paulo Mumia/COP30

FONTE: https://www.brasil247.com/cop30/em-belem-dilma-garante-apoio-do-banco-do-brics-a-um-transicao-ecologica-justa-focada-nas-pessoas