Reunião na Espanha discute prazos para o TikTok, tarifas do petróleo russo e pressões de Washington sobre Pequim.
247 – Autoridades dos Estados Unidos e da China se encontraram neste domingo (14) em Madri para uma nova rodada de negociações que busca reduzir as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo, informa a Reuters.
O encontro reúne o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, e o principal negociador de Pequim, Li Chenggang. Esta é a quarta reunião em quatro meses, após encontros anteriores em Genebra, Londres e Estocolmo, todos com o objetivo de impedir que a disputa comercial atinja níveis irreversíveis sob as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
TikTok no centro das negociações
Um dos pontos mais sensíveis em discussão é o futuro do aplicativo TikTok nos EUA. O governo Trump havia estabelecido prazo até 17 de setembro para que a ByteDance, proprietária da plataforma, vendesse suas operações no país ou enfrentasse um bloqueio total. Segundo fontes ouvidas pela Reuters, é improvável que um acordo seja fechado em Madri, mas há expectativa de que o prazo seja novamente prorrogado – a quarta extensão desde janeiro.
A decisão é considerada controversa em Washington. Parlamentares republicanos e democratas exigem que o aplicativo seja transferido para controle de uma empresa americana, alegando riscos à segurança nacional.
Para Wendy Cutler, ex-negociadora do Escritório do Representante Comercial dos EUA e atual chefe do Asia Society Policy Institute, a reunião pode servir como preparação para um encontro de maior peso. “Espero que resultados mais concretos sejam guardados para uma possível reunião entre Trump e o presidente Xi Jinping ainda este ano”, afirmou.
Tarifas e tensões comerciais
No campo das tarifas, Trump já prorrogou a manutenção das atuais taxas de cerca de 55% sobre produtos chineses até 10 de novembro. Especialistas acreditam que Pequim não aceitará avanços sem contrapartidas relevantes. “Francamente, não acho que a China tenha pressa em fechar um acordo sem obter concessões substanciais em controles de exportação e tarifas mais baixas”, disse Cutler.Além do TikTok, os EUA pressionam para que o G7 adote tarifas contra China e Índia devido às compras de petróleo russo. Na sexta-feira, Bessent declarou que apenas um esforço conjunto pode enfraquecer a máquina de guerra de Moscou: “Somente com um esforço unificado, cortando as receitas que financiam a máquina de guerra de Putin na fonte, conseguiremos aplicar pressão econômica suficiente para acabar com a matança sem sentido”, disse, em referência ao presidente russo, Vladimir Putin.
O papel da Espanha no processo
Madri foi escolhida como palco desta rodada por simbolizar a tentativa da Espanha de se consolidar como sede de negociações estratégicas. O ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, recebeu as delegações no Palácio de Santa Cruz, em um gesto calculado para projetar a imagem do país como mediador em conflitos globais.
Segundo fontes do governo espanhol, a reunião também serve para reforçar a relação bilateral com os EUA, abalada por divergências recentes, como as críticas da Casa Branca à política espanhola em relação a Gaza e aos gastos em defesa.
Expectativas para os próximos meses
Embora não se espere avanços decisivos em Madri, analistas apontam que as conversas podem preparar terreno para negociações de alto nível entre Trump e Xi Jinping, possivelmente na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, em outubro, na Coreia do Sul.
Questões como a venda do TikTok, a flexibilização de restrições às exportações americanas de soja e a redução de tarifas relacionadas ao fentanil ainda estão em aberto. O consenso entre especialistas é de que a resolução completa das disputas comerciais entre EUA e China deve levar anos, diante das profundas diferenças estruturais entre as duas economias.
Foto: CGTN
FONTE: https://www.brasil247.com/mundo/eua-e-china-retomam-dialogo-em-madri-em-meio-a-tensoes-sobre-tiktok-e-tarifas-comerciais