Prisão do dono do Master e colapso do banco expõem rede de relações em Brasília e levantam dúvidas sobre possíveis revelações.
247 – O avanço das investigações sobre o Banco Master e a prisão do banqueiro Daniel Vorcaro acenderam um sinal de alerta no meio político e financeiro de Brasília. Segundo reportagem de Alvaro Gribel, do jornal Estado de S. Paulo, Vorcaro vinha dizendo a interlocutores que revelaria “toda a história” do Master caso o negócio de venda da instituição fosse aprovado ou recusado. Agora, detido após tentar fugir do País em um jatinho particular, cresce a especulação sobre a possibilidade de uma delação premiada capaz de atingir figuras influentes do poder.
A crise veio à tona após o Banco Central (BC) decretar a liquidação do Master e a Polícia Federal (PF) apontar a existência de R$ 12,2 bilhões em ativos podres — carteiras de crédito que, na prática, não tinham valor. O anúncio de venda do Master para a holding Fictor, feito às pressas na noite de segunda-feira, 17, revelou que Vorcaro já considerava iminente tanto a liquidação quanto a própria prisão.
De acordo com o jornal Estado de S. Paulo, um dos pontos que chamou a atenção do BC foi o fato de a transação ter sido comunicada à imprensa antes de qualquer diálogo com o órgão regulador, que deveria avaliar a operação. Com a revelação dos ativos sem valor, o anúncio se tornou inócuo: o BC decretou a liquidação e a PF pediu — com autorização da Justiça — a prisão de Vorcaro.
O papel do BRB e os pontos obscuros
Outro foco sensível da investigação envolve o Banco Regional de Brasília (BRB). Seu presidente, Paulo Henrique Costa, foi afastado após o caso vir a público, embora seu pedido de prisão tenha sido negado. Ainda falta esclarecer como o BRB comprou R$ 12 bilhões em créditos do Master, parte deles com datas aparentemente adulteradas.
Costa afirmou ao Estado que diligências internas teriam comprovado a solidez dos ativos, incluindo a carteira de crédito consignado — que o BC agora indica não ter valor. O consignado é tradicionalmente considerado um ativo de baixo risco, sobretudo quando associado a servidores públicos com estabilidade, como era o caso.
O Banco Central determinou que o Master devolvesse o dinheiro ao BRB, o que teria ocorrido por meio da venda de ativos e aportes dos próprios acionistas. Ainda assim, resta saber se os valores retornaram integralmente ou se há risco de um rombo adicional ser descoberto no BRB. O BC já havia reprovado, em março, a operação anunciada entre as duas instituições.
Relações políticas e a promessa de “toda a história”
Com forte trânsito em Brasília, Vorcaro sempre se apresentou como um empresário perseguido por confrontar grandes bancos. A pessoas próximas, repetia que revelaria “toda a história” do Master caso o negócio fosse vetado — ou mesmo aprovado.
Agora, preso e diante de um escândalo bilionário que envolve documentos suspeitos, créditos sem valor e decisões questionáveis, cresce a dúvida que provoca tensão no mundo político: se Daniel Vorcaro decidir cooperar com as autoridades, quem ele pode atingir?
Foto: Divulgação (Banco Master)
FONTE: https://www.brasil247.com/brasil/eventual-delacao-premiada-de-daniel-vorcaro-provoca-panico-no-mundo-politico