Ministro da Fazenda critica sobretaxa imposta pelos EUA e aposta em solução negociada sem confronto diplomático.
247 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), criticou nesta segunda-feira (29) a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa extra de 40% sobre produtos brasileiros. Durante evento promovido pelo Itaú, em São Paulo, Haddad classificou a medida como um erro econômico que prejudica tanto o Brasil quanto os próprios americanos.
Segundo o ministro, a medida contradiz entendimentos anteriores sobre a relação comercial entre os dois países. “O Bessent concordou comigo que não fazia o menor sentido tarifar a América do Sul,que, enquanto continente, era deficitária em relação aos Estados Unidos. Dois meses depois, muda tudo e vem uma tarifa extra de 40%. Não faz o menor sentido, nem para eles nem para nós. São economias amigas”, afirmou.
Crítica ao impacto da tarifa
Haddad avaliou que a medida é danosa também para os consumidores norte-americanos. “Foi um tiro no pé deles, totalmente, inclusive para a economia americana. Não faz sentido pagar mais caro pelo café, pela carne. Quero crer que se iniciará um debate racional, separando o que é econômico do que é político”, declarou.
O ministro destacou que usar tarifas como instrumento de pressão política é um equívoco. “Tentar usar a tarifa como arma política é um equívoco que deveria ser corrigido o quanto antes”, disse.
Relação bilateral e diálogo
Haddad reforçou que o Brasil continuará apostando no diálogo, destacando a diferença entre o sistema político dos dois países. “Aqui não há autocrata. Há* presidente, Congresso, Supremo. Não temos um autocrata no Executivo, temos uma democracia. Sensibilizar os EUA sobre como funciona o Brasil é fundamental”, afirmou.
Ele ainda citou a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em fóruns internacionais. “O discurso do presidente Lula na ONU foi muito oportuno, gerou um clima mais amigável, e temos que explorar isso. Nossos dois povos não vão brigar. Não faz sentido essa animosidade artificialmente gerada”, acrescentou.
Impactos e perspectivas
Apesar de minimizar o impacto macroeconômico, Haddad ressaltou que a sobretaxa pode afetar diretamente as famílias brasileiras. “Impacto macro não haverá, mas micro haverá, e atrapalha muito as famílias brasileiras esse tipo de comportamento. Mas eu não penso que perdurará. O bom senso prevalecerá”, disse.
O ministro afirmou que o governo brasileiro busca resolver a questão por meio de negociações, sem abrir mão da firmeza diplomática. “O presidente Lula não fez um único discurso de animosidade. Nós resolveremos. O presidente não usou até agora a Lei de Reciprocidade aprovada pelo Congresso. O presidente tem sido muito cuidadoso, caminhando para uma negociação, sem abaixar a cabeça”, concluiu.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
FONTE: https://www.brasil247.com/economia/foi-um-tiro-no-pe-diz-haddad-sobre-tarifaco-de-trump-ao-brasil