Possível candidatura presidencial do governador de São Paulo começa a fazer água.
247 – A escalada da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, deflagrada pela imposição de uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras pelo presidente americano Donald Trump, gerou fortes repercussões na política nacional. Segundo editorial publicado nesta terça-feira, 15 de julho, pela Folha de S.Paulo, um dos maiores prejudicados é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que sofre um duro revés em suas pretensões eleitorais para 2026.
De acordo com a análise do jornal, Tarcísio demonstrou completa inabilidade política ao lidar com a crise, surpreendendo até mesmo setores que apostavam em sua moderação e o viam como alternativa viável da direita para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no próximo pleito.
Logo no início da crise, o governador paulista se apressou em politizar a carta enviada por Trump, que vinculava o tarifaço a uma suposta “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Tarcísio culpou Lula pela deterioração das relações com Washington, defendeu o bolsonarismo e até sugeriu que o Supremo Tribunal Federal liberasse Bolsonaro, que está com o passaporte retido, para negociar diretamente com o presidente dos Estados Unidos. Além disso, voltou a prometer que, se eleito presidente, concederia indulto a Bolsonaro em caso de condenação no julgamento por tentativa de golpe.
Essa estratégia, no entanto, foi recebida com fortes críticas do setor produtivo, sobretudo em São Paulo, que responde por cerca de um terço das exportações brasileiras aos Estados Unidos. Pressionado por empresários, como relatou a Folha, Tarcísio ensaiou uma mudança de discurso. Ele passou a priorizar a defesa dos interesses paulistas e abandonou momentaneamente a retórica em favor da anistia a Bolsonaro.
O movimento, porém, soou artificial e oportunista. Ao tentar agradar a ala mais radical da direita e ao mesmo tempo não romper com o setor produtivo, Tarcísio acabou desagradando ambos os lados. No bolsonarismo mais radical, foi chamado de “desrespeitoso” pelo deputado Eduardo Bolsonaro, que atua nos Estados Unidos para auxiliar Trump e atacar o Supremo Tribunal Federal. Empresários, por sua vez, enxergam em Tarcísio uma liderança subordinada ao bolsonarismo e pouco comprometida com os interesses nacionais.
Para a Folha, o governador paulista colhe, neste momento, “o pior dos dois mundos”: é hostilizado por bolsonaristas e visto com desconfiança pelo empresariado. Enquanto isso, Lula ganha pontos ao se posicionar como defensor da economia nacional no enfrentamento com o governo norte-americano.
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FONTE: https://www.brasil247.com/midia/folha-ve-tarcisio-como-fosforo-queimado-apos-o-tarifaco-de-trump