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Governo do Rio entregou aos EUA relatório sobre atuação do Comando Vermelho

Documento tenta classificar a facção como organização terrorista e buscar sanções do Tesouro americano.

247 – O governo do estado do Rio de Janeiro enviou, há cerca de oito meses, um relatório ao governo do presidente Donald Trump que aponta o Comando Vermelho como uma organização com atuação internacional e características de grupo terrorista. A informação foi revelada pela CNN Brasil, que ouviu fontes próximas ao governador Cláudio Castro.

O documento foi produzido pela área de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública fluminense e entregue ao Consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro. Segundo o relato, o material detalha como a facção criminosa teria expandido suas atividades para a América do Norte, além de descrever suas práticas violentas no Brasil. O objetivo do governo estadual é estreitar a cooperação com os americanos no combate ao tráfico e tentar obter sanções da Casa Branca contra as lideranças do Comando Vermelho.

Cooperação internacional e política de Trump

O relatório fluminense busca acionar o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA (OFAC), responsável por aplicar sanções econômicas a organizações criminosas. Caso as recomendações sejam aceitas, bancos e instituições financeiras que de alguma forma colaborem com o grupo poderiam ser punidos.

A iniciativa está alinhada à política adotada por Trump em seu atual mandato, que ampliou a classificação de cartéis e organizações de narcotráfico como Organizações Terroristas Estrangeiras (FTOs). Essa estratégia tem sido usada para justificar medidas mais agressivas de Washington na América Latina, como as recentes ações contra Venezuela e Colômbia.

Divergência com o governo Lula

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, adota posição distinta. Para o Planalto, tanto o Comando Vermelho quanto o PCC são organizações criminosas, mas não se enquadram na categoria de terrorismo, uma vez que seus crimes não possuem motivações religiosas ou de ódio político.

ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, comentou o tema recentemente. Segundo ele, “normalmente, a classificação de um grupo ou de uma pessoa como terrorista envolve certo grau de subjetividade”. O ministro destacou que a legislação brasileira define o terrorismo como atos que causem grave perturbação social ou política e que tenham motivação ideológica, algo que não se aplica às facções criminosas tradicionais.

Lewandowski reforçou ainda que organizações criminosas são mais fáceis de identificar, pois praticam delitos previstos no Código Penal e não têm relação com terrorismo. “Não há, portanto, qualquer intenção de confundir esses dois conceitos”, concluiu o ministro.

A distinção feita pelo governo federal reflete uma preocupação diplomática e econômica: países que abrigam grupos oficialmente classificados como terroristas tendem a sofrer isolamento financeiro internacional, o que poderia afetar suas relações comerciais e investimentos estrangeiros.

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

FONTE: https://www.brasil247.com/regionais/sudeste/governo-do-rio-entregou-a-governo-trump-relatorio-sobre-atuacao-do-comando-vermelho-nos-estados-unidos