Escritório do Representante Comercial americano citou propriedade intelectual, comércio, etanol, corrupção e meio ambiente para fazer acusações sem provas.
247 – O Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) atendeu a um pedido feito pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e abriu uma investigação comercial contra o Brasil. O anúncio consta em um documento oficial divulgado nesta terça-feira (15) e foi publicado seis dias após o chefe da Casa Branca anunciar tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras.
A medida foi tomada pelo USTR com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974, uma norma que prevê a apuração de práticas estrangeiras consideradas desleais e que afetam o comércio dos EUA. O órgão norte-americano mencionou temas como propriedade intelectual, etanol, comércio, corrupção e meio ambiente para fazer acusações contra o Brasil sem apresentar provas.
De acordo com o embaixador Jamieson Greer, representante comercial dos EUA, “por orientação do presidente Trump, está sendo iniciada uma investigação com base na Seção 301 sobre as supostas ações do Brasil contra empresas americanas de mídia social, bem como outras práticas comerciais desleais que prejudicam empresas, trabalhadores, agricultores e inovadores tecnológicos dos EUA”. O teor do documento foi divulgado no portal G1.
Em carta endereçada ao presidente Lula (PT) no último dia 9, Trump citou o processo contra Jair Bolsonaro (PL) na trama golpista como justificativa para as tarifas de 50% que estão previstas para entrar em vigor no dia 1 de agosto.
Outro motivo, não explicitado na carta, para a aplicação do tarifaço é o crescimento do BRICS, uma das principais frentes de resistência ao unilateralismo econômico norte-americano e que representa principalmente o Sul Global. O governo Lula já discute uma resposta ao tarifaço de Trump e também deve encaminhar uma carta ao presidente dos EUA nos próximos dias.
Sem provas, o dirigente afirmou ter “documentado as práticas comerciais desleais do Brasil que restringem o acesso de exportadores americanos ao seu mercado há décadas”. Conforme o texto, o Brasil aplica tarifas baixas e vantajosas a certos parceiros comerciais estratégicos, o que prejudica a competitividade das exportações norte-americanas.
O Escritório dos EUA disse que autoridades brasileiras também falham em proteger direitos de propriedade intelectual. O órgão aproveitou para citar etanol ao fazer acusações sem provas. “O Brasil recuou de seu compromisso de oferecer tratamento praticamente livre de tarifas ao etanol dos EUA e agora impõe tarifas substancialmente mais altas às exportações americanas”.
O órgão dos EUA continuou suas denúncias. “A falha do Brasil em aplicar medidas de combate à corrupção e de transparência levanta preocupações em relação às normas internacionais contra suborno e corrupção”, diz o texto.
O texto abordou, ainda, a questão ambiental. “O Brasil aparentemente não está fazendo cumprir de maneira eficaz as leis e regulamentações destinadas a combater o desmatamento ilegal, o que compromete a competitividade dos produtores americanos de madeira e produtos agrícolas”.
Reuniões e estatísticas do comércio
Antes da nova decisão, anunciada pelo Escritório Comercial dos EUA, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, citou alguns setores que enviaram representantes para reuniões junto ao governo nesta terça, com o objetivo de alinhar respostas ao tarifaço de Trump – alumínio, celulose, aviões, calçados, aço, máquinas, móveis e autopeças, agronegócio, mel, carne, couro, pescado, suco de laranja e frutas.
O Brasil está entre os dez principais mercados para exportações dos EUA e, a cada ano, é destino de cerca de US$ 60 bilhões em bens e serviços norte-americanos. Mais de 6.500 pequenas empresas nos Estados Unidos dependem de produtos importados do Brasil, e 3.900 empresas norte-americanas têm investimentos naquele país, afirmaram, em nota conjunta, a U.S. Chamber of Commerce e a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil).
FOTO: The White House
FONTE: https://www.brasil247.com/economia/governo-dos-eua-atende-a-pedido-feito-por-trump-e-abre-investigacao-comercial-contra-o-brasil