Declarações do presidente da COP30, André Corrêa do Lago, expõem contradições do Ocidente.
247 – Em entrevista ao The New York Times, o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, chamou atenção para a incoerência das potências ocidentais em relação à política ambiental da China. “Você não pode insistir que a China reduza suas emissões e depois reclamar que ela está colocando veículos elétricos baratos em todo o mundo”, afirmou.
A declaração foi destacada em artigo publicado pelo jornal chinês Global Times, que criticou o duplo padrão com que países ocidentais tratam o desenvolvimento verde chinês (leia o original aqui).
Contradição e disputa industrial
O texto aponta que, embora o Ocidente se apresente como o arquiteto das regras globais do clima e o principal financiador da transição verde nos países em desenvolvimento, a distância entre promessas e ações concretas segue ampla. Ao mesmo tempo, essas nações cobram que economias emergentes, como a China, assumam “maior responsabilidade” — enquanto impõem barreiras comerciais, investigações de subsídios e campanhas negativas na mídia para restringir o avanço da indústria verde chinesa.
Essa postura, segundo o Global Times, revela mais preocupação com a preservação de interesses econômicos do que com o futuro climático global. “Determinadas forças no Ocidente estão menos interessadas no futuro do clima do que em proteger seus próprios interesses diante da competição verde emergente”, analisa o texto.
A ameaça de ser superado
As duplas medidas, de acordo com a publicação, decorrem tanto do medo da competitividade industrial chinesa quanto de um “incômodo institucional”. O rápido progresso da China em setores estratégicos, como a energia solar e os veículos elétricos, teria abalado a confiança do Ocidente, acostumado a ditar as regras e padrões da governança climática global.
De fato, a China é responsável por mais de 80% da produção mundial de componentes-chave da energia solar, e a expansão internacional de seus veículos elétricos está acelerando a descarbonização do transporte. Um relatório recente do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) estima que, para atingir as metas do Acordo de Paris, as emissões globais de gases de efeito estufa precisam cair entre 35% e 55% até 2035 em comparação com os níveis de 2019.
Nesse contexto, argumenta o artigo, restringir produtos verdes chineses é equivalente a limitar artificialmente o avanço da descarbonização global.
Corrêa do Lago: “Se você se preocupa com o clima, isso é uma boa notícia”
Ao comentar o impacto positivo da presença global dos veículos elétricos chineses, Corrêa do Lago foi direto: “Se você se preocupa com o clima, isso [a expansão global dos veículos elétricos chineses] é uma boa notícia.” Para o Global Times, essa observação reforça o papel crucial da China na transição energética mundial e o valor global de suas inovações sustentáveis.
Entretanto, enquanto persistirem as desconfianças e a politização das questões climáticas por parte do Ocidente, “o caminho para disseminar tecnologias verdes de forma mais rápida, ampla e acessível continuará obstruído”, alerta o artigo.
Um alerta para a cooperação global
As palavras do presidente da COP30, segundo o jornal chinês, devem servir como um chamado à razão. “A governança climática mundial está entrando em uma janela crítica, e qualquer politização ou instrumentalização das questões climáticas é um desperdício do futuro coletivo da humanidade.”
O texto conclui que, se o Ocidente realmente busca progresso, precisa abandonar os duplos padrões, cessar a politização dos esforços verdes da China e cooperar com as economias emergentes para construir um quadro mais inclusivo e equitativo de governança climática global.
Foto: Xinhua
FONTE: https://www.brasil247.com/globaltimes/hipocrisia-climatica-global-ocidente-adota-dois-pesos-e-duas-medidas-diante-das-iniciativas-verdes-da-china