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Impasse capitalista: China cresce com deflação, EUA, não

O capitalismo americano vai de mal a pior, na Era Trump.

Por isso, a população detona Trump nas pesquisas, 61% reprovando sua administração republicana.

O tarifaço dele caminha para ser um fracasso.

Combater déficit comercial para buscar o oposto, o superávit, fragiliza o dólar e vulnerabiliza o mercado financeiro, enquanto não faz efeito relativamente à industrialização, que perde tração para a China.

A estratégia trumpista eleva os preços, reduz os salários, perdoa dívida dos ricos, mas não aumenta a taxa de lucro dos capitalistas, porque a renúncia ao superávit financeiro, que garantia a hegemonia da moeda americana, parou de gerar senhoriagem satisfatória nas relações de troca.

Sem essa vantagem considerada privilégio exorbitante, pelo ex-presidente da França, Valéry Giscard d’Estaing, o dólar não é mais aquela Brastemp, ficando sujeito à especulação do mercado, desconfiado na sua saúde financeira.

Os fundos financeiros temem corrida especulativa e o mercado sofre com expectativas negativas.

A razão da debacle relativa do dólar é simples: a China está mais competitiva.

O capitalismo chinês em estágio para o socialismo controla o mercado por meio do Estado, mediante crédito público, organizando produção consumo e investimentos.

Não deixam os chineses a anarquia capitalista de mercado desorganizada preponderar.

O preço ao consumidor é dado pelo sistema monetário estatal, não privado, na linha da MMT, nova política monetária expansionista que elimina restrição fiscal e potencializa crescimento ao mesmo tempo que anula inflação.

Os salários, por isso, valorizam o seu poder de compra.

O mercado interno se transforma em propulsor da lucratividade, graças ao conceito monetário socialista vigente, segundo o qual a expansão da oferta de dinheiro pela moeda estatal é deflacionária.

Combinada com a valorização do poder de compra dada pela moeda estatal, a deflação, em vez de deprimir o capital chinês, como acontece no capitalismo americano, dominado pela oferta monetária neoliberal, impulsiona o consumo sem provocar inflação, mas deflacionando os preços.

Bingo para China!

Trump, por sua vez, não consegue fazer funcionar sustentavelmente o capitalismo americano, que busca superávit em vez de continuar sustentando déficit comercial, para competir com a China.

Amarga, com seu tarifaço, frustração crescente acompanhada de impopularidade.

Seu propósito, com sua proposta fracassada, era não iniciar novas guerras.

Sua vontade, porém, não é lei econômica, não tem sustentabilidade.

Para desviar a atenção dos americanos do seu fracasso, está sendo obrigado a desistir de seu falso pacifismo, apregoado em campanha eleitoral.

A paz não se sustenta sob o capitalismo, que depende da guerra para sobreviver, sob pressão do Pentágono.

A inflação, para o capital, é, como disse Keynes, a unidade das soluções.

Deflação, para o capitalismo, é a morte; para o socialismo, triunfo do trabalho sobre o capital.

Xi Jinping dá as cartas; Trump fica sem elas.

Foto: Bao Dandan/Xinhua

FONTE: https://www.brasil247.com/blog/impasse-capitalista-china-cresce-com-deflacao-eua-nao