Relacionamentos mais estreitos entre Índia e China podem impulsionar o uso do yuan para transações de petróleo russo.
247 – Em um novo desenvolvimento nas relações comerciais entre Índia e China, comerciantes de petróleo russo começaram a solicitar que refinarias estatais indianas pagassem em yuan, aproveitando a recente aproximação entre os dois países. A mudança, observada por fontes próximas às negociações, ocorre em um momento de crescente interdependência econômica, enquanto os efeitos das sanções ocidentais à Rússia continuam a moldar o mercado energético global.
De acordo com a Reuters, a maior refinaria estatal da Índia, a Indian Oil Corporation (IOC), recentemente realizou pagamentos em yuan para dois a três carregamentos de petróleo russo. As fontes revelam que esse movimento foi possível graças a um ambiente mais favorável às transações com a China, após o governo indiano ter demonstrado alguma flexibilidade nas relações bilaterais com Pequim. A IOC, entretanto, não respondeu imediatamente ao pedido de comentário feito pela Reuters.
A prática de utilizar moedas alternativas ao dólar, como o yuan e o dirham dos Emirados Árabes Unidos, tem se intensificado desde as sanções ocidentais à Rússia, após a invasão da Ucrânia em 2022. Em 2023, refinarias indianas estatais haviam realizado alguns pagamentos em yuan, mas interromperam esse fluxo devido à pressão do governo indiano, que enfrentava um período de tensões com Pequim. No entanto, refinarias privadas continuaram a operar com a moeda chinesa, destacando o descompasso entre as empresas estatais e privadas no setor.
Agora, comerciantes de petróleo buscam simplificar ainda mais o processo de pagamento, eliminando a etapa de conversão de dirhams ou dólares em yuan, o que antes aumentava os custos das transações. Além disso, a mudança também visa garantir a conformidade com o teto de preço imposto pela União Europeia sobre o petróleo russo, permitindo que os pagamentos continuem a ser feitos em yuan enquanto se mantêm dentro dos parâmetros de preços globais.
A Índia se tornou o maior importador de petróleo russo desde que as sanções ocidentais impediram muitos países de adquirir petróleo da Rússia. A introdução do pagamento em yuan ampliará as opções de compra para as refinarias estatais indianas, uma vez que alguns comerciantes de petróleo recusam outras moedas para realizar as transações.
Recentemente, as relações entre Índia e China se aqueceram, com a retomada dos voos diretos entre os dois países após mais de cinco anos de interrupção. Em setembro, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, visitou a China pela primeira vez em sete anos, participando de uma reunião do bloco regional de segurança da Organização de Cooperação de Xangai (SCO). Esse movimento sinaliza um possível fortalecimento da colaboração entre os dois gigantes asiáticos, o que pode ter impactos significativos na dinâmica comercial global.
Em comentário nas redes sociais, o jornalista independente Ben Norton, editor do Geopolitical Economy Report, destacou um ponto interessante sobre a “dedolarização” em andamento. Segundo Norton, a Rússia, inicialmente, considerou aceitar a rupia indiana como pagamento pelo petróleo, mas logo percebeu que essa opção não seria prática, pois o país não pode utilizar a moeda para muitas transações internacionais. “A Rússia tem vendido petróleo com desconto para a refinaria estatal da Índia, e agora a Índia está pagando com yuan chinês”, afirmou Norton. Para ele, essa movimentação é um reflexo do crescente afastamento do dólar nas negociações internacionais, um fenômeno que ganha força à medida que o cenário geopolítico se transforma e novas moedas são adotadas para transações comerciais.
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FONTE: https://www.brasil247.com/economia/india-comeca-a-pagar-petroleo-russo-em-yuan-apos-novos-acordos-com-a-china