Israel não tem “o direito de se defender” contra uma população ocupada em um imenso campo de concentração.
Bernie Sanders vem repetidamente proferindo a frase “Israel tem o direito de se defender” em sua turnê “Lutando contra a Oligarquia” com Alexandria Ocasio-Cortez, o que, no ano de 2025, só pode ser interpretado como uma apologia genocida descarada.
Publicado originalmente no Substack da autora em 16 de abril de 2025
Israel não tem “o direito de se defender” contra uma população ocupada em um imenso campo de concentração. De acordo com o direito internacional, Israel tem o direito de encerrar a ocupação, e só isso. “Israel tem o direito de se defender” é apenas um slogan que as pessoas usam quando querem justificar o fornecimento de apoio a um genocídio em curso.Em certo momento da turnê, Sanders ficou observando passivamente enquanto policiais arrastavam manifestantes que haviam colocado uma bandeira de “Palestina Livre” sobre a bandeira dos EUA durante seu discurso. Ele apenas continuou seu monólogo de maneira constrangida enquanto a bandeira era confiscada e as pessoas eram removidas à força, mesmo com a plateia vaiando e começando a entoar “Palestina Livre”.
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Sanders vem misturando seu apoio a Israel com críticas periódicas a Netanyahu e às ações do governo israelense em Gaza, sempre tomando o cuidado de direcionar suas críticas ao comportamento da liderança atual de Israel e não à natureza do próprio estado de apartheid racista.
Sanders está fazendo isso por duas razões. Primeiro, ele está tentando galvanizar uma coalizão ampla e inclusiva de democratas em oposição a Trump, e quer que essa grande tenda inclua tanto pessoas que acham o genocídio ruim quanto pessoas que acham o genocídio aceitável. Ele não quer ofender os liberais pró-genocídio.
Segundo, Sanders faz isso porque ele próprio é sionista. Como outros sionistas liberais, Bernie Sanders sustenta a visão de um Israel que jamais existiu: um estado étnico dominado por judeus, mas que se comporta de maneira bondosa e justa, sem assassinar e abusar constantemente dos palestinos.
Essa versão do estado de Israel é uma ficção. Uma fantasia imaginária, como Nárnia. Tudo em Israel está estruturado de maneira a impedir que tal status quo jamais surja, e Israel sempre fez tudo o que pôde para impedir a criação de um estado palestino. Ao fingir que é possível manter a entidade sionista e ainda assim alcançar paz e justiça, os sionistas liberais ajudam a fabricar o consentimento público para continuar enviando armas ao estado de apartheid genocida de Israel.
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Quando sionistas liberais querem apoiar as ações de Israel, eles falam de Israel como uma nação, por exemplo: “Israel tem o direito de se defender”. Quando sionistas liberais querem criticar as ações de Israel, eles colocam toda a culpa em Netanyahu, por exemplo: “a máquina de guerra de Netanyahu”.
A narrativa é que, quando Israel merece nossa simpatia, é um coletivo; mas quando Israel se comporta mal, a responsabilidade recai apenas sobre uma “maçã podre”. Isso garante que as armas continuem fluindo para Israel (porque Israel como um todo é virtuoso e digno de apoio), enquanto o sionista liberal ainda pode se apresentar como progressista e humanitário (porque criticou Netanyahu).
E isso é apenas uma mentira completa e absoluta. Netanyahu não criou as tendências genocidas de Israel — as tendências genocidas de Israel criaram Netanyahu. Toda a carreira política dele foi possível graças ao racismo e à psicopatia coletivos de Israel, sobre os quais ele montou até o poder.
Isso nada mais é do que a clássica tática estilo Obama de usar uma linguagem progressista atraente para promover as agendas mais destrutivas do império dos EUA.
Em outras palavras, são apenas os democratas sendo democratas.
Foto: Reprodução
FONTE: https://www.brasil247.com/blog/israel-tem-o-direito-de-se-defender-e-um-slogan-genocida