A diferença abissal entre o mundo encontrado por reféns israelenses e palestinos após serem libertados é a prova cabal do genocídio.
Israelenses retornam para casa – os palestinos já não têm lar, moradia, endereço, teto ou localização.
Vagam a ermo entre escombros e resquícios, memórias e destruição.
Os israelenses reencontram parentes – os palestinos, corpos.
Famílias inteiras de Gaza sumiram na violência incessante de um regime disposto a aniquilar qualquer forma de vida.
Não há filhos, porque crianças foram mortas ou despedaçadas sob bombas e fuzilamentos.
Não há mães, porque a brutalidade dizimou mulheres e civis sem respeito às leis do mundo, sem clemência à dignidade.
Não há laços, porque o pó cobriu até o sangue, real e metafórico.
Só a dor compartilhada do vazio, da fome e da ausência – a privação imposta na política da barbárie.
A desproporção é dantesca – da força, das vítimas, dos números, medidas de uma covardia sem trégua ou juízo, retrato fiel do aniquilamento.
Dois mundos entre futuro e desesperança.
Os Israelenses libertados têm, à frente, o trauma, o amparo de conhecidos e uma sociedade funcional.
Palestinos, a memória inconsolável, a garra inabalável – e o nada.
FOTO: RS/Fotos Públicas
FONTE: https://www.brasil247.com/blog/israelenses-retornam-para-a-familia-e-os-palestinos-encontram-o-vazio