Em entrevista à TV 247, economista destacou a maturidade institucional do Brasil e criticou retrocessos promovidos por Donald Trump nos EUA.
247 – O economista Jeffrey Sachs afirmou, em entrevista à TV 247, que o Brasil se tornou exemplo de fortalecimento democrático ao conduzir com independência o julgamento do chamado Núcleo 1 da trama golpista. O processo, que já foi concluído, resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para Sachs, a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) reforça a maturidade institucional do país.
“Brasil está demonstrando o Estado de Direito. O veredicto foi baseado em um processo judicial independente, o que é importante e impressionante. Especialmente levando em conta a pressão dos EUA contra o Brasil por conta desse processo”, afirmou Sachs durante a entrevista.
Brasil reafirma independência institucional
Segundo Sachs, o julgamento e a condenação de Bolsonaro sinalizam que o Brasil atravessa um momento de reafirmação de sua democracia. Ele ressalta que, em contraste com outros países, o Judiciário brasileiro demonstrou autonomia e firmeza diante de pressões internas e externas.
“Enquanto o Brasil dá esse exemplo de maturidade institucional, os Estados Unidos vivem um retrocesso”, disse o economista, ao criticar a forma como o governo do atual presidente Donald Trump tem agido em desacordo com os princípios constitucionais.
Críticas ao cenário político dos EUA
O economista foi contundente ao avaliar a situação em Washington. Para ele, os EUA enfrentam uma crise de Estado de Direito, agravada pelo estilo autoritário de Trump. “Temos a lei de um homem. Nos EUA, estamos numa situação muito ruim”, afirmou, referindo-se às decisões do presidente de impor tarifas e medidas sem passar pelo Congresso.
Sachs lembrou ainda que as intervenções externas promovidas pelos EUA, como sanções e pressões diplomáticas, apenas fragilizam sua credibilidade internacional.
Multipolaridade e papel do Brasil
Na entrevista, Sachs também abordou a transformação da ordem mundial. Segundo ele, potências como China, Rússia e Índia estão se consolidando em um cenário multipolar, enquanto o Ocidente perde influência por insistir em uma postura de imposição.
O Brasil, destacou, ocupa posição estratégica nesse contexto, sobretudo por sua participação em blocos como os BRICS. “Não precisamos de um imperador”, recordou Sachs, citando a frase do presidente Lula em crítica às pretensões hegemônicas de Trump.
Perspectivas para o futuro
Para Sachs, a condenação de Bolsonaro é um marco que projeta o Brasil como exemplo internacional de respeito às instituições. Contudo, ele alerta que o fortalecimento democrático exige vigilância permanente, especialmente contra pressões políticas e econômicas que podem fragilizar esse avanço.
Nos Estados Unidos, o desafio, segundo o economista, é restabelecer o equilíbrio entre os poderes e reconquistar a confiança internacional. Sem isso, o país corre o risco de isolamento em questões globais como meio ambiente, comércio e governança multilateral.
Jeffrey Sachs, professor da Universidade Columbia, conclui que a democracia brasileira, ao punir um ex-presidente por participação em tentativa de golpe, contrasta diretamente com o retrocesso observado nos EUA, onde, em suas palavras, “um homem governa como se pudesse fazer o que quisesse”. Assista:
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FONTE: https://www.brasil247.com/entrevistas/jeffrey-sachs-brasil-consolida-democracia-ao-condenar-bolsonaro-enquanto-eua-retrocedem#google_vignette