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João Cezar de Castro Rocha: “7 de Setembro foi o suicídio político de Tarcísio”

Professor analisa as consequências do discurso de Tarcísio de Freitas no 7 de Setembro e os impactos de sua postura política.

247 – O dia 7 de setembro de 2025 foi um marco no cenário político brasileiro, não apenas por se tratar da data comemorativa da independência do país, mas por ser o palco de um acontecimento que, segundo o professor João Cezar de Castro Rocha, representa o “suicídio político” de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo. Em entrevista ao programa Boa Noite 247, João Cezar analisou criticamente as ações do governador e as repercussões de seu comportamento no evento, que contou com forte simbologia bolsonarista.

De acordo com o professor, o posicionamento de Tarcísio de Freitas no evento de 7 de setembro reflete uma tentativa frustrada de agradar à extrema direita brasileira, em especial ao clã Bolsonaro. “O que o Tarcísio fez ontem foi um suicídio político”, afirmou Castro Rocha, ao se referir à tentativa do governador de radicalizar seu discurso para se alinhar com os interesses do bolsonarismo. O professor observou que Tarcísio, ao adotar uma postura agressiva contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e outros atores políticos, comprometeu irreversivelmente suas chances de candidatura presidencial em 2026.

Um dos pontos mais críticos levantados por João Cezar foi a relação de Tarcísio com o governo Bolsonaro. “Se ele aceitar ser candidato sem Bolsonaro, estará legitimando o processo eleitoral, o que é inaceitável para o bolsonarismo”, explicou. O professor destacou que, ao defender um discurso agressivo e tentar se afastar de Bolsonaro, Tarcísio mostrou-se vulnerável a uma radicalização interna do bolsonarismo, que poderia se voltar contra ele. Segundo Castro Rocha, essa movimentação coloca em risco qualquer possibilidade do governador de São Paulo disputar uma eleição presidencial de forma eficaz.

Castro Rocha também observou que a maneira como Tarcísio tentou “emparedar” figuras importantes como o presidente da Câmara, Arthur Lira, e influenciar o Supremo Tribunal Federal foi uma estratégia equivocada. “Ele tentou criar uma cisão dentro das instituições do país, uma atitude que, politicamente, é desastrosa”, afirmou o professor. O episódio reflete, segundo João Cezar, um sinal de que Tarcísio, ao buscar um alinhamento mais radical com a extrema direita, está perdendo apoio em setores importantes, como o mercado financeiro e a elite paulista.

Além disso, o historiador destacou a força da “blindagem” que Tarcísio possui da mídia corporativa, a qual ainda não expôs devidamente escândalos que envolvem sua administração, como o caso de corrupção envolvendo bilhões de reais em propinas no estado de São Paulo. “A elite econômica e a mídia ainda protegem Tarcísio, mas sua postura pública pode rapidamente reverter esse apoio”, alertou.

Por fim, João Cezar de Castro Rocha ressaltou que o erro de Tarcísio não se limita à política estadual, mas tem implicações diretas para o cenário nacional. “Tarcísio está cometendo um erro grave, que pode não apenas inviabilizar sua candidatura, mas também fortalecer a estratégia bolsonarista de desacreditar o processo eleitoral de 2026”, concluiu.

Foto: Reprodução

FONTE: https://www.brasil247.com/entrevistas/joao-cezar-de-castro-rocha-7-de-setembro-foi-o-suicidio-politico-de-tarcisio