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João Cezar de Castro Rocha: “o povo retomou as ruas e a bandeira do Brasil”

Professor aponta que manifestações em Copacabana e em capitais simbolizam retomada popular de espaços e símbolos nacionais.

247 – O professor João Cezar de Castro Rocha destacou, em entrevista ao Boa Noite 247, que a recente mobilização popular em Copacabana, no Rio de Janeiro, marca um ponto de inflexão no cenário político brasileiro. Segundo ele, os atos ocorridos no último final de semana passado revelaram uma mudança simbólica fundamental: a apropriação de espaços e símbolos nacionais antes associados ao bolsonarismo.“O posto cinco não é reacionário, o posto cinco não é da extrema direita”, afirmou o professor, referindo-se ao local tradicionalmente utilizado para manifestações da direita. Para ele, a decisão de ocupar aquele espaço representou um gesto estratégico e ousado, porque colocou frente a frente imagens comparáveis, “propriamente fotográficas”, entre os atos da extrema direita desde 2018 e a mobilização atual da esquerda.

Reconquista simbólica das cores nacionais

Outro ponto destacado por João Cezar foi a retomada do uso das cores da bandeira nacional. Ele relatou ter se emocionado ao ver milhares de pessoas vestindo camisas verde-amarelas, algo que havia sido evitado por muitos nos últimos anos por receio de associação com o bolsonarismo.

Ontem eu vi as pessoas utilizando camisa do Brasil, usando bandeira do Brasil como turbante, as pessoas abraçadas na bandeira”, relatou. Ele contou ainda um episódio pessoal: seu filho de sete anos recebeu de presente uma bandeira nacional de um manifestante. “Ele pegou a bandeira e falou: ‘Pai, é a bandeira do Brasil’. Eu disse: ‘Pois é, filha, ela é nossa’”.

Contraste de atmosferas políticas

O professor lembrou sua experiência em manifestações bolsonaristas desde 2018, observando a diferença no tom e na energia das mobilizações. Segundo ele, naquelas ocasiões, “a única coisa que realmente mobiliza aquela massa bolsonarista é o ódio, é o ataque, é o ânimo de destruição”.Já no ato em Copacabana, a atmosfera foi oposta: “Ontem nós estávamos reunidos por amor verdadeiro à pátria e por amor real à democracia. Todos cantávamos, dançávamos e festejávamos. Era outra vibração”.

Perspectivas para 2026

Para João Cezar, as manifestações podem representar o início de um processo político que se intensificará até 2026. Ele acredita que, se o governo conseguir associar a defesa da democracia a políticas concretas que melhorem a vida da população, haverá condições de criar um ambiente eleitoral inédito.

Se o governo da Frente Ampla compreender que as ruas desejam não apenas uma democracia formal, mas uma democracia que implique acesso a direitos, o presidente Lula pode ter condições de ser eleito no primeiro turno em 2026”, avaliou.

Segundo o professor, a energia popular vista nas ruas indica que “um longo caminho pode estar começando”, marcado pela disputa dos símbolos nacionais e pelo fortalecimento da democracia no Brasil. Assista:

Foto: ABR | Divulgação

FONTE: https://www.brasil247.com/entrevistas/joao-cezar-de-castro-rocha-o-povo-retomou-as-ruas-e-a-bandeira-do-brasil