Utilitarismo ideológico entra em crise.
Depois que o Congresso, dominado pelos neoliberais, rejeitou a taxação de tributos sobre ricos, na sequência da aprovação da isenção do IR para a classe média, caiu vertiginosamente o prestígio político da maioria conservadora de direita e ultradireita que compõe o Centrão.
Ele já tinha entrado em parafuso diante da aprovação da PEC da Bandidagem, que provocou mobilização popular gigantesca em 21/09/2025, conferindo virada política quantitativa e qualitativa negativa para a maioria conservadora que domina o parlamento sob regime semipresidencialista neoliberal inconstitucional.
Em contrapartida, aumentou o prestígio popular de Lula, ganhando a dianteira na disputa eleitoral para 2026, segundo as pesquisas, em sua luta por bandeira oposta, ou seja, pela taxação dos ricos para favorecer os pobres, fazendo avançar a reforma tributária progressiva.
Isso estimulou o presidente a se afastar, nas últimas semanas, dos conservadores, que votaram contra o governo, embora ocupando nele cargos relevantes.
Por que continuar na companhia de traidores?
Usufruem das benesses dos cargos, mas negam apoio ao presidente.
Contrassenso total.
Os traidores, obviamente, não somam, mas diminuem, jogando contra o interesse público.
A arremetida governista, a cargo da ministra Gleisi Hoffmann, da Articulação Política, retirando cargos antes ocupados pelos aliados traidores, livra o Planalto das más companhias em processo de depuração político-eleitoral com vistas a 2026.
A promessa dos traíras de que minarão o governo por estarem agora sendo rejeitados trabalha ainda mais contra si mesmos, como ficou comprovada a desmoralização parlamentar da maioria ao atuar contra os interesses populares, livrando os ricos de pagarem tributos sobre aplicações financeiras e jogatinas de azar no festival das bets, dominadas por máfias.
Tiro no pé.
Por essa razão, tal maioria, segundo pesquisas recentes, experimenta esvaziamento político, porque atua contra o interesse público, dificultando a governabilidade.
Ela comprova sua intenção de beneficiar-se a si própria, de modo que está se desgastando eleitoralmente quanto mais aprofunda sua condição intrínseca de traidora da vontade popular.
Aos olhos do eleitorado, perde utilidade.
Utilitarismo ideológico em crise
Entra em crise, do ponto de vista do pragmatismo conservador, a ideologia utilitarista que professa como seu triunfo maior.
Tudo que é útil é verdadeiro; se deixa de ser útil, deixa de ser verdade — diz o utilitarismo mafioso capitalista ideológico.
A direita e a ultradireita fascista parlamentar majoritária se transformam em mentiras ao senso comum.
Isso, por sua vez, motiva o governo ao pragmatismo quanto a se afastar do Centrão, que congrega direita e ultradireita, pela simples razão de que perdem utilidade para o interesse da sociedade.
O governo está, portanto, relativamente confiante, ancorado nas pesquisas que lhe dão vantagem, para se afastar do Centrão — forte no parlamento, porém fraco na opinião pública, quando trai seus interesses.
Retirar do Centrão os cargos que acumula no governo, como meros sanguessugas, sem dar retorno objetivo para a governabilidade lulista, apenas tentando miná-la, tornou-se necessidade prática para o Planalto.
O pragmatismo lulista, agora em modo político-eleitoral, atua em resposta à demanda social em favor de se ver livre do Centrão, que se transformou em desutilidade política para a própria sociedade.
Lula percebeu claramente que a maioria conservadora no parlamento, ao atuar contra o interesse público, vira minoria nas ruas.
Para mantê-la, perde-se utilidade popular?
Foto: RICARDO STUCKERT/PR
FONTE: https://www.brasil247.com/blog/lula-confronta-congresso-neoliberal-e-centrao-eleitoralmente-esvaziado