Presidente abriu a 5ª Conapir e afirmou que justiça racial é base para democracia inclusiva.
247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta segunda-feira (15) da abertura da 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir), em Brasília. O evento, que reúne sociedade civil e governo, vai até sexta-feira (19) no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, com o tema “Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial”.
Na cerimônia, Lula ressaltou a importância da persistência dos movimentos sociais na luta contra o racismo. “Eu sou muito grato por essa conferência. Se não fosse a persistência de vocês, se não fosse vocês terem uma causa e levantar todo dia, enfrentando adversidades, preconceitos, provocações e se vocês não persistissem, não acreditassem naquilo que vocês sonham, possivelmente a gente não teria feito essa conferência com essa dimensão”, afirmou.
O presidente destacou ainda que considera inadmissível a violência sofrida especialmente por jovens e mulheres negras. “Nossa luta é para que ninguém sofra qualquer tipo de preconceito: pela cor da pele, pela orientação sexual, pela fé que professa, ou por qualquer outro motivo. É para vivermos numa sociedade igualitária que precisamos seguir lutando. O governo, criando as políticas públicas de promoção da igualdade racial. E vocês, brigando e nos dizendo o que mais precisa ser feito”, disse.
Ministra ressalta papel coletivo
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, destacou que sete anos se passaram desde a última Conapir e que a retomada marca um avanço democrático. “Foi pelas mãos do povo brasileiro que o senhor, presidente, voltou ao comando deste país para poder proporcionar momentos democráticos como esse. A gente sabe que só se constrói política pública de qualidade com o povo e na coletividade. E é assim que nosso governo tem atuado desde o início”, afirmou.
Ela reforçou o caráter inclusivo da conferência: “É tempo de defender nossa soberania e é por isso que a gente está aqui hoje, lado a lado com lideranças negras, quilombolas, povos de terreiro, LGBTs, indígenas e ciganos de todo o país para debater e reafirmar: só existe democracia forte se buscarmos justiça racial e reparação”.
Participação e acordos firmados
Cerca de 1,7 mil delegados, representando comunidades quilombolas, povos indígenas, ciganos, terreiros e a população negra LGBTQIA+, entre outros segmentos, participam dos debates. A programação prevê grupos de trabalho, plenárias temáticas e apresentação de propostas para novas políticas públicas.
Na abertura, foram assinados protocolos de intenções entre o Ministério da Igualdade Racial e cinco cidades – Pelotas (RS), Salvador (BA), Itabira (MG), Contagem (MG) e Fortaleza (CE) – para adesão ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) e implantação de Casas da Igualdade Racial.
Vozes da resistência
Valdirene Mendonça, representante do território quilombola de Alcântara (MA), relatou avanços recentes com apoio de recursos federais. “Cada passo que damos é o fruto da luta coletiva, da resistência ancestral e da esperança que nos move. É uma honra poder compartilhar nossas conquistas, nossos desafios e reafirmar o nosso compromisso com a construção de um Brasil mais justo”, disse.
A conferência, organizada pelo Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial e pelo Ministério da Igualdade Racial, consolida-se como espaço fundamental de participação social e de definição de políticas públicas. Ao longo da semana, serão debatidas estratégias de combate ao racismo estrutural e formas de garantir reparação histórica às populações atingidas pela desigualdade.
Foto: Ricardo Stuckert
FONTE: https://www.brasil247.com/brasil-soberano/lula-defende-protagonismo-da-sociedade-civil-na-erradicacao-do-racismo-no-brasil