Presidente alertou que uma ofensiva dos EUA pode desestabilizar a região e reforçou necessidade de acordo político.
247 — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou forte preocupação com a possibilidade de uma ação militar dos Estados Unidos na Venezuela durante uma ligação telefônica com o presidente norte-americano Donald Trump, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, corroborada nesta quarta-feira (3) pelo Brasil 247 por meio de uma fonte familiarizada com a conversa. Lula reiterou sua defesa de uma saída diplomática e negociada para o impasse entre Washington e Caracas — posição que tem sustentado de maneira consistente nos últimos meses.
Durante o diálogo, Lula alertou que qualquer ofensiva militar poderia gerar severos “efeitos colaterais”, incluindo instabilidade regional, agravamento da crise humanitária, aumento da migração forçada e risco de guerra civil, de acordo com o relatório original. Ele destacou que o impacto alcançaria Brasil, Colômbia e países vizinhos, ampliando as tensões na América do Sul.
Trump é evasivo sobre possível intervenção
Citando o mesmo relatório, Lula reforçou a importância de uma solução pacífica para a crise. Trump, contudo, manteve uma postura vaga, sem confirmar ou descartar a possibilidade de ação militar ou o fim das negociações com o governo de Nicolás Maduro.
Assessores do presidente brasileiro avaliam que os Estados Unidos não contam com apoio da União Europeia, da Rússia ou da China para qualquer operação. Em conversas reservadas, integrantes do governo defendem que o interesse estratégico dos EUA nas vastas reservas de petróleo da Venezuela está no centro da disputa.
Cooperação contra o crime organizado e pautas econômicas
Lula também apresentou a Trump — pela primeira vez — as mais recentes iniciativas do Brasil no combate ao crime organizado, destacando operações da Polícia Federal voltadas a asfixiar financeiramente facções criminosas, como o grupo Carbono Oculto. O presidente norte-americano demonstrou interesse em ampliar a cooperação com o Brasil para neutralizar essas organizações.
A ligação, que durou 40 minutos, ocorreu enquanto Lula estava na Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE). Ele elogiou a decisão dos EUA de retirar a sobretaxa de 40% imposta a produtos brasileiros, como café, carnes e frutas, mas pediu a Trump que acelerasse as negociações para reduzir tarifas que ainda afetam 22% das exportações do país.
Trump respondeu de forma cordial, embora sem compromissos claros. Ainda assim, segundo o Palácio do Planalto, o fato de o presidente americano ter mobilizado sua equipe para tratar do tema foi interpretado em Brasília como um sinal de que ele “piscou”.
Foto: Ricardo Stuckert/PR
FONTE: https://www.brasil247.com/poder/lula-defendeu-solucao-diplomatica-para-venezuela-na-conversa-com-trump