Saleh Aljafarawi, de 28 anos, registrava o sofrimento do povo palestino.
247 – O jornalista palestino Saleh Aljafarawi, de 28 anos, foi morto poucas horas após o cessar-fogo anunciado entre Israel e o Hamas, em mais um episódio que expõe a continuidade do genocídio contra o povo palestino, mesmo sob a retórica de “trégua”. A informação foi divulgada neste domingo (12) por diversos veículos de imprensa, entre eles a RT Brasil (link da reportagem original).
Conhecido por sua cobertura corajosa da guerra na Faixa de Gaza, Aljafarawi documentava com sensibilidade o sofrimento cotidiano de civis, famílias inteiras e crianças soterradas sob os bombardeios israelenses. Sua morte ocorreu no distrito de Sabra, durante novos confrontos internos, evidenciando que a violência e a desestabilização no território palestino seguem alimentadas por anos de ocupação e destruição.
“Vivia com medo a cada segundo”
Em janeiro, o jovem concedeu entrevista à Al Jazeera na qual revelou o terror constante sob o qual vivia:
“Honestamente, vivi com medo a cada segundo, especialmente depois de ouvir o que a ocupação israelense dizia sobre mim. Eu vivia de segundo em segundo, sem saber o que o próximo segundo traria”, afirmou.
A frase ecoa agora como um presságio trágico. Saleh, segundo amigos, sonhava com uma vida comum — jogar tênis de mesa, cantar e compor músicas — mas viveu e morreu sob o cerco e a destruição impostos pela ocupação israelense.
https://x.com/SuppressedNws1/status/1977429444643188944
“Ele tinha sonhos como qualquer pessoa em Gaza. Era jogador classificado de tênis de mesa, adorava cantar e compôs músicas antes e durante o genocídio. Memorizar o Alcorão inteiro, de 600 páginas, era uma de suas conquistas, e ele amava o Islã e Deus”, escreveu um amigo em mensagem de despedida.
Genocídio e silêncio internacional
Fontes palestinas ouvidas pela Al Jazeera informaram que Aljafarawi foi atingido durante combates entre forças do Hamas e milícias ligadas ao clã Doghmush. Uma autoridade do Ministério do Interior de Gaza, citada pela Al Jazeera Arabic, afirmou que a ação envolveu “uma milícia armada afiliada à ocupação israelense”. O episódio reforça o clima de instabilidade e o colapso social deixado pela devastação provocada pelos bombardeios israelenses.
Mesmo após o cessar-fogo, a destruição continua visível: bairros inteiros arrasados, escassez de alimentos e hospitais sem estrutura mínima para socorrer os feridos. Organizações internacionais de direitos humanos denunciam que a ofensiva de Israel contra Gaza já configurou um genocídio, com a morte de dezenas de milhares de civis, entre eles dezenas de jornalistas e trabalhadores humanitários.
A voz que se recusou a silenciar
Saleh Aljafarawi tornou-se símbolo da resistência civil palestina, usando sua câmera e suas redes sociais como instrumentos de denúncia. Ele documentava a brutalidade da guerra, as ruínas de sua cidade e o luto de seu povo, num esforço de fazer o mundo enxergar o que muitos preferem ignorar.
Sua execução poucas horas após o cessar-fogo é uma lembrança cruel de que o sofrimento palestino não termina com discursos diplomáticos. A morte de Aljafarawi expõe o fracasso da comunidade internacional em garantir proteção mínima aos civis de Gaza e em responsabilizar o governo israelense por crimes de guerra.
Foto: Reprodução redes sociais
FONTE: https://www.brasil247.com/mundo/mais-um-jornalista-palestino-e-assassinado-por-israel-horas-apos-cessar-fogo