Secretária do Mercado de Carbono destaca que transição ecológica redefine posições geopolíticas e fortalece o Brasil.
247 – O Brasil vem ampliando sua projeção internacional ao assumir protagonismo nos debates ambientais e climáticos, tema que, segundo especialistas, já molda a nova correlação de forças entre as grandes potências. A avaliação foi apresentada por Cristina Reis, secretária extraordinária do Mercado de Carbono do Ministério da Fazenda, durante participação no VI Encontro Nacional de Economia Política Internacional (ENEPI), realizado no Rio de Janeiro.
Reis destacou que as políticas estruturadas pelo Ministério da Fazenda, especialmente no âmbito do Plano de Transformação Ecológica (PTE), criado em 2023, têm reposicionado o país nos fóruns globais. De acordo com a secretária, essa agenda permite ao Brasil defender seus interesses com mais robustez diante das disputas internacionais relacionadas à transição energética. “As discussões de clima não são meramente ambientais. São pura geopolítica”, declarou.
A representante da Fazenda detalhou os avanços na implementação do mercado regulado de carbono, um projeto concebido pelo ministério que resultou na criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), instituído pela Lei nº 15.042/2025. Ela também ressaltou a importância da Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB), prevista no Decreto nº 12.705/2025, que avança agora em sua fase de regulamentação.
Durante a COP30, realizada em Belém (PA), esses instrumentos foram projetados internacionalmente com o lançamento da Coalizão Aberta de Mercados Regulados de Carbono e do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). Cristina Reis afirmou que as iniciativas já atraem a adesão de diversos países, reforçando o papel do Brasil como articulador de políticas climáticas em escala global.
Ao tratar das oportunidades abertas pela economia sustentável, a secretária destacou que o país possui vantagens estratégicas únicas, sobretudo em setores como biocombustíveis. Ela explicou que o avanço tecnológico impulsionado por esse novo modelo de desenvolvimento pode levar o Brasil a uma posição ainda mais competitiva. “No setor de biocombustíveis isso está muito claro”, observou.
Mesmo com sua matriz energética mais limpa que a média mundial, o Brasil ainda enfrenta desafios estruturais. Reis lembrou que persistem desigualdades profundas que exigem políticas robustas para promover desenvolvimento econômico e justiça social. Segundo ela, o PTE é fundamental para que o país consolide uma trajetória sustentável capaz de reduzir as dependências tecnológica e financeira. “É o novo paradigma econômico, tecnológico, produtivo e cultural no qual o País consegue resolver desigualdades, gerar trabalho decente e ter essa sustentabilidade ambiental e climática”, afirmou.
O plano integra instrumentos financeiros, regulatórios, fiscais, tributários e de monitoramento, criando condições para uma transição ecológica abrangente que envolve temas como uso do solo, economia circular, segurança hídrica e gestão de resíduos. Entre os resultados já visíveis, destacou-se a captação de recursos por meio de Títulos Soberanos Sustentáveis, que fortalecem o Fundo Clima.
O VI ENEPI, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional da UFRJ, discutiu, sob o tema “Ruínas no Velho Mundo: em busca de uma nova ordem mundial”, os desafios contemporâneos da transição energética. Cristina Reis integrou o painel dedicado à geopolítica desse processo, reforçando como o meio ambiente se tornou eixo estruturante das novas dinâmicas de poder internacional.
Foto: Washington Costa/MF
FONTE: https://www.brasil247.com/brasil-sustentavel/meio-ambiente-e-pura-geopolitica-diz-secretaria-da-fazenda