Planalto vê clima favorável à proposta e reforça articulação.
247 – Apesar da promessa do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de colocar em votação na quarta-feira (1) o projeto da reforma do Imposto de Renda, o Palácio do Planalto decidiu manter vigilância rígida sobre a tramitação da proposta. A expectativa no governo é de que o texto avance, mas há receio de novas surpresas políticas.
Segundo Igor Gadelha, do Metrópoles, auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que, embora exista ambiente favorável à aprovação, a experiência recente com a derrubada do decreto do IOF deixou clara a necessidade de acompanhar cada movimento no Congresso. Na ocasião, Motta pautou, de forma inesperada, um decreto legislativo contra a mudança nas alíquotas do imposto, mesmo após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em que havia sido costurado um entendimento sobre o tema.
Articulação sob controle
A orientação atual no Planalto é de atenção redobrada. A reforma do Imposto de Renda é considerada por Lula peça-chave para ampliar sua popularidade e tem como relator na Câmara o ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). O parlamentar, que segurou o texto nas últimas semanas, criticou a movimentação de Renan Calheiros (MDB-AL), adversário político em Alagoas, que aprovou uma versão alternativa da reforma na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Em suas redes sociais, Lira reagiu duramente à tentativa de esvaziar o debate:
“O texto da isenção do Imposto de Renda foi elaborado com muito diálogo entre todos, que deixaram suas diferenças de lado para construir um projeto importante para o Brasil. É reprovável que alguns oportunistas queiram fazer politicagem com o projeto de isenção do IR”, declarou.
Entraves e riscos de condicionamento
Nos bastidores, parlamentares governistas também expressam preocupação com o chamado “PL da Dosimetria”, projeto relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP) que substitui a anistia aos envolvidos na tentativa de golpe. Durante reunião com a bancada do PT, o relator relatou descontentamento de outros partidos em relação à postura petista na PEC da Blindagem, o que poderia levar a uma vinculação entre a votação da reforma do IR e a do novo texto sobre dosimetria.
Hugo Motta, no entanto, rejeitou publicamente essa possibilidade. O deputado reforçou nesta quinta-feira (25) que a análise da reforma do Imposto de Renda ocorrerá de forma independente e confirmou a data de 1º de outubro para a apreciação em plenário.
Foto: Marina Ramos / Agência Câmara
FONTE: https://www.brasil247.com/regionais/brasilia/motta-promete-votacao-do-ir-para-semana-que-vem-e-governo-lula-monitora