Associação Brasileira dos Jornalistas

Seja um associado da ABJ. Há 16 anos lutando pelos jornalistas

Movimentos sociais organizam ato contra “Congresso inimigo do povo” neste domingo

Manifestações estão previstas para domingo após aprovação de projeto que beneficia condenados por tentativa de golpe.

247 – Movimentos sociais e entidades civis estão organizando um ato nacional para este domingo com críticas ao que chamam de “Congresso inimigo do povo” e palavras de ordem como “Fora Hugo Motta” e “Fora Davi Alcolumbre”, em referência aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, respectivamente. A mobilização ocorre em meio à reação popular à aprovação de um projeto de lei que reduz penas de condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Na madrugada desta quarta-feira (10), a Câmara dos Deputados aprovou, por 291 votos a 148, o texto-base do projeto que altera a forma de cálculo das penas para crimes ligados à tentativa de golpe de Estado e à abolição do Estado Democrático de Direito. O texto aprovado é um substitutivo apresentado pelo relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) ao PL 2162/23, originalmente proposto pelo deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) e outros parlamentares.

Ainda estão em análise destaques apresentados pelo PSB e pelas federações Psol-Rede e PT-PCdoB-PV, que tentam modificar trechos considerados mais sensíveis da proposta.

Mudança na soma de penas

Um dos pontos mais controversos do projeto é a alteração na forma de aplicação das penas. Pelo novo texto, quando os crimes de tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito e golpe de Estado ocorrerem no mesmo contexto, será aplicada apenas a pena mais grave, e não a soma das penas, como acontece atualmente.

Na prática, a mudança reduz o tempo total de prisão e pode beneficiar diretamente os condenados pelos atos golpistas, inclusive nomes ligados à cúpula do governo anterior. Segundo dados da Agência Câmara Notícias, a nova regra pode alcançar condenados pela 1ª Turma do STF, entre eles:

  •  Jair Bolsonaro, ex-presidente da República
  •  Almir Garnier, ex-comandante da Marinha
  •  Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
  •  Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil
  •  Augusto Heleno, ex-chefe do GSI
  •  Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
  •  Alexandre Ramagem, deputado federal

As penas aplicadas a esse grupo variam entre 16 e 24 anos de reclusão em regime fechado, além de outras punições de detenção que devem ser cumpridas posteriormente.

Regra mais dura para líderes de organização criminosa

Outro ponto do texto aprovado estabelece uma regra mais rígida para condenados que tenham sido considerados líderes de organizações criminosas. Nesses casos, o projeto determina que a pessoa deverá cumprir ao menos 50% da pena antes de ter direito à progressão de regime.

Essa regra pode impactar diretamente o caso de Jair Bolsonaro, condenado pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão, já que a Corte considerou o agravante de liderança de organização criminosa na dosimetria da pena.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

FONTE: https://www.brasil247.com/brasil/movimentos-sociais-organizam-ato-contra-congresso-inimigo-do-povo-neste-domingo